quarta-feira, 12 de maio de 2004

Cangaceiros

Acabei de ler "Cangaceiros" de José Lins do Rego. Cangaço é o nome dado ao banditismo que alastrava no nordeste do Brasil entre nos finais do séc. XIX e início do séc. XX. Os cangaceiros matavam, roubavam e destruíam as fazendas que iam encontrando no seu caminho. Alguns fazendeiros davam-lhe abrigo e protecção (eram os chamados "coiteiros"); alguns desses coiteiros tentavam mesmo usá-los na defesa dos seus interesses políticos.

Ao terror lançado pelos cangaceiros, respondia as forças policiais com igual violência; qualquer suspeito de ligação ao cangaço (fosse coiteiro, familiar ou apenas testemunha) era vítima da brutalidade policial. A população rural vivia encurralada entre o terror do cangaço e o terror da polícia.

Num cenário de decadência de uma sociedade patriarcal nordestina o livro mostra-nos vocábulos regionais, misticismos, mulheres violadas, tiroteios, um menino que vive triste, em função das notícias que lhe chegam do seu irmão, o mais terrível chefe cangaceiro do Nordeste. Demasiada violência e angústia naquele sertão imenso.

O autor nasceu em 1901 na Paraíba e conviveu com os problemas da época naquela região do Brasil. O cangaço tem duas personagens reais que ficaram muito conhecidas: Lampião e Maria Bonita. Impelido pelo despotismo de homens poderosos e sede de vingança pessoal, Lampião, cometeu o seu primeiro assassinato para vingar a morte do pai, vitima de um crime político. Durante alguns vários anos ele o seu bando aterrorizaram o nordeste. Quando a polícia os apanhou, decapitou-os e colocou as cabeças em exposição (ver foto aqui). A cena foi fotografada e provocou polémica no Brasil da época. Um suplemento especial sobre Lampião encontra-se no Estadão on-line.

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