quarta-feira, 1 de setembro de 2004

Liberdade Religiosa na Geórgia

Numa análise à liberdade religiosa na Geórgia desde que o Presidente Saakashvili subiu ao poder, o Forum 18 identificou um conjunto de obstáculos à actividade das minorias religiosas. Naquele país do Cáucaso, a intolerância religiosa manifesta-se de diferentes formas: vandalismo contra cemitérios católicos, exigências a livrarias para que retirem os livros de religião que não sejam publicados pelo Patriarcado Ortodoxo e impossibilidade de construção de locais de culto.

Os dirigentes das minorias religiosas afirmam que seria importante obter o reconhecimento legal, mas os ministros contradizem-se no que toca à publicação da lei de religião; o Primeiro Ministro Zurab Jvania já declarou que a lei deve permitir a existência de organizações religiosas. O cepticismo de alguns lideres religiosos parece ser fundamentado. O actual presidente era ministro da justiça no tempo em que ocorreram violentos ataques contra as minorias religiosas.


A situação da liberdade religiosa melhorou? Segundo um representante do International Centre on Conflict and Negotiation (ICCN), o ambiente político parece ser menos tenso do que no tempo de Shevardnadze. O governo quer mostrar que é contra os extremismos, e a favor da tolerância religiosa; mas, por outro lado, o governo também considera muito importante manter boas relações com o Patriarcado Ortodoxo.

Luteranos e Católicos concordam que não houve qualquer evolução. Outros pastores consideram que se verificaram alguns progressos, pois conseguiram organizar convenções em espaços alugados sem que se verificassem ataques violentos por "vigilantes ortodoxos". A construção de locais de culto tem sido impedida em algumas cidades. Segundo um dirigente religioso, "as autoridades não colocam obstáculos à realização de serviços religiosos em casas particulares, mas a existência de um local de culto é um assunto diferente; não é dada permissão pois é um assunto da competência do Patriarcado".

S.Jorge, santo padroeiro da GeórgiaUm membro da comunidade bahá'í afirmou: "O governo tem estado muito ocupado com o assunto da Adjaria e o conflito na Ossétia do Sul para pensar em questões religiosas". A produção de literatura religiosa não é uma actividade totalmente segura. O representante bahá'í refere que não é fácil, acrescentando que "algumas empresas não gostam de imprimir o nosso material. Têm medo que o governo descubra e possam ter problemas"

O ensino da religião nas escolas é uma outra vertente da intolerância. As minorias religiosas pretendem que o ensino da religião não seja feito apenas sob uma perspectiva ortodoxa. Os programas oficiais sofreram algumas alterações, mas não foram implementados em todas as escolas. As aulas obrigatórias em igrejas ortodoxas parecem estar a desaparecer. "A minha filha de oito anos, foi levada várias vezes à igreja e foi-lhe ensinado a rezar", declarou o bahá'í. "Neste ano está numa escola diferente e isso nunca aconteceu. Com o passar do tempo as escolas e os professores tentam ser mais tolerantes".

O Bispo Songulashvili, líder da Igreja Baptista, acredita que as comunidades religiosas têm três grandes necessidades: obter reconhecimento jurídico, obter direito de realizar cultos e actividades sociais, e educar os seus seguidores em escolas e nos seus próprias colégios. "Se houver uma lei que responda a estas três necessidades, ficaremos felizes".

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