sexta-feira, 29 de julho de 2005

O Desterro do Báb em Mah-Ku (3)

A permanência do Báb em Mah-Ku chegou ao conhecimento de missionários e diplomatas estrangeiros que estavam na Pérsia em 1847. Por exemplo, o ministro russo em Teerão, Príncipe Dolgorukov, alarmado com o crescente fluxo de Babis que ocorriam àquela localidade no noroeste da Pérsia, tão próximo da fronteira com o Império Russo, solicitou ao Governo persa que o Báb fosse levado de Mah-Ku[1]. Este diplomata temia a repetição de distúrbios religiosos nas províncias russas do Cáucaso, bem próximo do Azerbaijão persa.

A mais curiosa referência à presença do Báb em Mah-ku foi feita em 1853, por um missionário americano, Dr. Austin H. Wright. Num artigo, intitulado "A Short Chapter in the History of the Babeeism in Persia" e enviado para a American Oriental Society, escreveu:
Há cerca de oito anos, apareceu um homem no sul da Pérsia na região de Shiraz, que afirmou ser o único caminho para alcançar Deus, e de acordo com isso adoptou o nome de Báb (a palavra árabe para "porta" ou "portão"). Encontrou algumas pessoas que acreditaram nele e tornaram-se seus seguidores. Uma das suas doutrinas era que todos os homens devem ser seus súbditos e, portanto, o poder exercido pelo Xá era ilegítimo. Isto continuou a ser disseminado e em breve chegou aos ouvidos do Monarca. Foi chamado à capital, mantido aí durante bastante tempo e depois foi banido para Maku, um distrito remoto, a seis dias de viagem de Urumiyyih, nas fronteiras turcas. Aqui foi mantido sob custódia, mas qualquer pessoa que quisesse vê-lo era admitido e ele podia enviar cartas aos seus amigos que se tinham tornado muito numerosos na Pérsia. Ele foi visitado por várias pessoas de Urumiyyih que se tornaram seus seguidores. Ele ditou a um escriba algo que ele chamou o seu Alcorão, e as frases em árabe fluíam tão rápido da sua boca que muitos persas que testemunharam isso acreditavam que ele era inspirado. Também foi relatado que ele fez milagres e que as massas da população acreditaram neste rumor, pois era sabido que ele vivia uma vida casta e passava a maior parte do seu tempo em oração. Como consequência, ele foi levado para ‘Tschari’ perto de Salmás, apenas a dois dias de viagem de Urumiyyih, aí esteve completamente isolado do mundo. Mas continuou a escrever cartas aos seus amigos, que se espalhavam como efusões de uma inspiração [2]
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NOTAS
[1] – O texto do despacho de Dolgorukov está disponível em The Babi an Baha’i Religions, 1844-1944, Some Contemporary Western Accounts, Moojam Momen, pag 72.
[2] – The Babi an Baha’i Religions, 1844-1944, Some Contemporary Western Accounts, Moojam Momen, pag.10, citando "Bab und seine Sect", p384-385. Este artigo não chegou a ser publicado em inglês; no entanto, a sua tradução foi publicada na Alemanha.

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