domingo, 27 de novembro de 2005

Crucifixos nas Escolas Públicas

Notícias deste fim-de-semana:

Depois de ler tanta coisa que hoje se disse e escreveu a propósito deste assunto parece-me óbvio que se faz muita confusão entre Estado Laico (que é desejável) e Sociedade Laica (que é impraticável). Fico com a sensação que para alguns crentes é tão difícil aceitar um Estado laico, quanto para alguns ateus é difícil aceitar uma Sociedade confessional.

Só para recordar algumas definições:

Estado Laico - Estado que não ignora, não favorece, nem discrimina, as confissões religiosas. Essa separação entre Estado e Religiões é uma das condições essenciais da democracia. Existem vários modelos de laicidade.

Sociedade Confessional – Sociedade onde as comunidades religiosas podem expressar de forma pública e livre as suas práticas religiosas. Sendo a religião um factor de identificação pessoal para a enorme maioria dos seres humanos, é utópico pensar que as sociedades alguma vez deixarão de ser confessionais.

A este propósito gostei de ouvir as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, hoje na RTP1 : "Ninguém é mais ou menos católico por existirem, ou não, crucifixos nas salas de aula".

7 comentários:

Elfo disse...

O senhor professor Marcelo também disse uma coisa muito interessante a este respeito: Se há mais de seis meses que a lei está em vigor, a quem interessa neste momento lançar achas para a fogueira quando aqui ao lado (Barcelona) se está a discutir a democracia (imposta) nos países islâmicos e os prémios a atribuir a quem apresente melhores resultados democráticos... e, cá fora não se proíbiu nenhuma das 600 manifs contra a cimeira em que ficaram os europeus a falar sózinhos mais o representante da palestina.

Elise disse...

o que me tira do sério é a falta de congruência de algumas pessoas que iniciaram uma perseguição à igreja católica. um pedaço de madeira (objectivamente falando) é terrivelmente ofensivo, mas o país inteiro parado por causa dos feriados religiosos já parece não o ser.

cumprimentos. :)

Marco Oliveira disse...

Elise
Como disse o Manuel Alegre, os fantasmas do anti-clericalismos da 1ª Republica e da cumplicidade do Estado Novo com a Igreja ainda assustam muita gente.
Pergunto-me, se a retirada dos crucifixos não tivesse surgido aos olhos da opinião pública como uma vitória da Associação República e Laicidade, mas antes como uma iniciativa da Comissão de Liberdade Religiosa, será que existiria esta polémica?

João Moutinho disse...

A Elise tem razão.
Mas haverá algum republicano laico da "linha dura" que entenda acabar com os feriados religiosos substituindo-os por dias de trabalho?...

José Fernandes disse...

Já me vai faltando a paciência para aturar maluqueiras tais como as que defendem a substituição dos feriados por dias de trabalho, ainda por cima vindo de quem vem... Não é por acaso verdade que é um dever do crente respeitar os feriados instituídos pela sua própria religião? E os republicanos e democratas não têm o mesmo direito de festejar, com festa mesmo, os dias da Liberdade e da Implantação da República?
Só quem não pensar com algum discernimento poderá invocar a baixa produtividade de uma nação por causa dos seus feriados, sejam eles laicos ou religiosos.


Eu não trabalho no dia de Natal, e, no entanto, Jesus nasceu a meio de março. Mas também não trabalho no dia 20 de Outubro dia do nascimento de Sua Santidade O BáB.

Anónimo disse...

Para contrapor ao ataque dos feriados, podia-se apresentar um conjunto de feriados sincretista.
Por exemplo, um tipo que aceitasse o judaísmo, o cristianismo e o islão, podia ficar isento de trabalhar à sexta-feira, ao sábado e ao domingo. (já agora, qual é o dia de descanso dos bahais? dava jeito que fosse 2ªs ou 5ªs...)

Isso já dava semanas com 4 dias de trabalho. Se lhes juntassemos todos os feriados (com as respectivas pontes!), ia ser uma festa!

Ah ah ah ah ah

Mexer nos feriados religiosos seria atentar contra uma expressão publica de religiosidade. Espero que niguem se lembre de semelhante palermice.

José Fernandes disse...

Acho que há para aí uma confusão qualquer entre feriados e dias de descanso semanal. Os Bahá'ís respeitam o descanso semanal do país em que estão inseridos.
Quanto aos feriados Bahá'ís, que são 9, devem ser respeitados. Independentemente de aceitarmos ou não os feriados das outras religiões e os do Estado laico.