terça-feira, 17 de janeiro de 2006

A Tragédia na Hajj

O que se segue é tradução de alguns excertos de um artigo intitulado Rituals que foi publicado recentemente no Planet Baha'i. Por falta de tempo, apenas pude traduzir apressadamente os aspectos que me pareceram mais relevantes. De qualquer forma, recomendo a leitura integral deste artigo.

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Com a CNN a noticiar que pelo menos 345 pessoas morreram na Arábia Saudita durante um ritual associado à Hajj (peregrinação) anual, muitas pessoas se questionam porque é que estas coisas têm acontecido em anos recentes. Como pode um ritual religioso transformar-se numa tragédia desta dimensão? Na verdade, esta tragédia nem foi a pior; em 1990, 1426 pessoas morreram esmagadas durante o mesmo ritual.

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...hoje encontramos milhões de fieis que tentam cumprir um ritual prescrito num determinado local, num curto período de tempo. É a receita para o desastre. Não é necessário pensar muito para perceber isto, e, de facto, as autoridades sauditas perceberam. Mas o ritual tem um efeito poderoso nas pessoas. Seria possível alargar o período de tempo em que o ritual do apedrejamento deve ser realizado; seria possível definir locais alternativos para a sua realização. Na verdade, até seria possível eliminá-lo da Hajj. Mas quão bem aceite seria qualquer uma destas possibilidades? Em declarações à BBC, o porta-voz do ministro saudita do interior, Major General Mansour al-Turki, afirmou: "As pessoas insistem em cumprir a Hajj numa forma que acham correcta, e neste aspecto a utilização da polícia tem sempre efeitos limitados."


Este não é um assunto apenas islâmico, apesar de ter resultado em grandes tragédias durante a Hajj. A minha esposa, Kathy, que foi criada numa família católica, recorda-se do Concílio do Vaticano II, que no início dos anos 60, alterou várias práticas católicas. O Concílio recomendava que a Missa fosse celebrada nas línguas vernáculas em vez do latim. O formato da Missa foi simplificado e o sacerdote passou a celebrar voltado para a congregação. Ela lembra-se como no início houve grande oposição a estas mudanças, particularmente entre os membros mais velhos da igreja; o avô dela dizia: "Vamos ficar protestantes".

É evidente que na maioria dos casos, o apego ao ritual não resulta numa tragédia. Mas muitas vezes, as pessoas obtêm conforto e satisfação com rituais com que estão familiarizados. Mesmo os bahá’ís praticam alguns rituais; por vezes ouvimos que a Fé Baha’i não tem rituais, mas isto não é inteiramente correcto. Se lermos atentamente as palavras de Shoghi Effendi, percebemos que os baha’is não seguem rituais rígidos, mas existem alguns rituais, de alguma forma flexíveis, que foram prescritos por Bahá’u’lláh.

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A comunidade católica sobreviveu às medidas avançadas pelo Concílio do Vaticano II. A comunidade islâmica sobreviveria às mudanças nos rituais associados com a Hajj, caso decidissem fazer um esforço para melhorar a segurança. Porque estas coisas não são a realidade. Deus é a realidade. Tudo o resto é apenas a nossa comunhão com Deus. Os Manifestantes de Deus prescreveram-nos algumas formas para o fazermos, mas para lá disso podemos ser tão elaborados ou minimalistas quanto desejarmos na nossa adoração a Deus e na nossa celebração do Seu triunfo.

2 comentários:

Elise disse...

Julgo que será muito difícil propôr tais alterações. O problema do Islão (um dos) é que não há uma voz unificadora,como o catolicismo tem o Papa. No Islão, cada escola corânica, cada imã, mullah ou ayatollah prega o que acha correcto. um link que poderá querer ler, aqui. abraço

António A. Antunes disse...

é complicado, é complicado. pá. é assim.