sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Agostinho da Silva



"Estamos numa fase de pré-anarquia que vai levarnos a uma nova Idade, mais humanista, mais espiritualizada. As doenças serão combatidas, a produtividade e a distribuição alteradas, os rendimentos das pessoas deixarão de provir dos empregos, que acabarão. A sociedade civil alargar-se-á, o poder será descentralizado, o lazer libertará as populações, a palavra voltará a ter mais importância que a imagem, as pessoas do que as coisas. O século XXI será religioso, fraterno. É precisamente nos períodos de anarquia que se refaz a história, se criam ideias, se lançam ideologias".

Citado ontem na revista Visão, por Fernando Dacosta.

9 comentários:

João Moutinho disse...

A citação é muito bonita, bonita até demais...Vamos lá chegar?

Pitucha disse...

A palavra mais importante do que a imagem?
Ora aí está uma coisa em que não acredito!
Apesar do blogues, que mostram certamente que há pessoas que gostam de escrever e que o fazem bem, acho muito difícil inverter a tendência actual. Tenho pena!

Anónimo disse...

Marco

Isto é uma declaração de fé humanista. Agostinho da Silva era agnóstico - classifico-o assim porque, pelo que dele li, conclui que ele não acreditava num Deus interveniente na História e na vida das pessoas.
Ele também acreditava em coisas como o Quinto Império, por exemplo.
Se a solução fossem palavras bonitas os problemas da Humanidade estariam há muito resolvidos.
Já deu para perceber que para os bahais o Apocalipse não vai acontecer. Estou errado?

Um abraço

Anonymous #2

João Moutinho disse...

Anonymous #2
Espero que não leves a mal intrometer-me no teu diálogo com o Marco.
Para nós o Apocalipse já aconteceu.
"As duas testemunhas vestidas de saco", por exemplo, no nosso entender, referem-se a Maomé e Ali, porque trouxeram uma Nova Revelação mas que era muito semelhente a uma já anterior - a Moisaica.
Os "1260 dias" referem-se aos 1260 anos que durou a Revelação Maometana, desde o início da Hégira ao surgimento dO Báb.
"A Nova Jerusalém" será a Nova Ordem Mundial que nos aguarda na qual "A Terra é um só país e a Humanidade os seus cidadãos".

Marco Oliveira disse...

Anonymous #2,

Pois eu devo confessar que nunca li nada do Agostinho da Silva. Apenas umas frases soltas que me chamam a atenção. Prometo rever esta falha na minha cultura geral... :-)

É verdade que palavras bonitas não são só por si a solução. Mas são inspiradoras e fazem-nos pensar sobre o rumo dos acontecimentos que testemunhamos hoje em dia.

Os bahá'ís não entendem a história como tendo um momento final ou derradeiro; a história da humanidade é um processo de evolução contínua. Nesse processo podem existir transformações mais aceleradas ou intensas; essas grandes transformações dão-se próximo do momento do aparecimento de cada Manifestante de Deus. Geralmente essas grandes transformações suscitam o aparecimento de novas civilizações.

Assim, para os bahá'ís, o apocalipse representa o fim de um mundo e o início de outro; por outras palavras, podemos dizer que actualmente o apocalipse consiste no culminar de um processo de amadurecimento colectivo da humanidade; estamos a sair de uma adolescência complicada e a entrar na idade adulta. Muitos dos acontecimentos a que hoje assistimos fazem parte desta nossa transformação colectiva, deste aparecimento gradual de um mundo novo.

GWD disse...

I was not familiar with this philosopher until I read this post and looked him up in Wikipedia.

Regarding the comment, "That is a declaration of faith humanist. Augustin Da Silva was agnóstico" and does "not believe an intervening God in the History and the life of the people." For me the Baha'i belief in an intervening God is one of the most distinguishing features of the Baha'i worldview.

Regarding "It is truth that pretty words are not alone for itself the solution. But they are inspired." There is so much that is true in the words of the deep thinkers of this day. We Baha'is can find another level of meaning in their "pretty words" than they may have intended. "They know not what they say." But we see their words in the context of Baha'u'llah's revelation.

Marco Oliveira disse...

It seems to me that Agostinho da Silva had a positive view of the future. The few things I have read from his words I can see something common between him and the Bahá'í Faith. But I have to read some of his works.

I had a Baha'i friend who was really keen on Agostinho da Silva; she meet him personally once or twice, and present him the Faith. Unfortunately she passed away some years ago.

Anónimo disse...

Bom, os meus conhecimentos de Agostinho da Silva também se resumem à leitura de entrevistas, citações e pequenos trechos de livros. Não sou nenhum especialista...:)
Obrigado ao João e ao Marco pelo esclarecimento acerca do Apocalipse. Interessante verificar que esses mesmos 1260 dias (anos figurados), contados a partir de outro acontecimento, estão na base do surgimento dos Adventistas do Sétimo Dia...
Este é mais um assunto em que não em parecem compatíveis o Cristianismo e a fé Bahai (e os bahais querem essa compatibilidade, presumo). A ideia de um processo de evolução é totalmente estranha ao Novo Testamento.

Anonymous #2

Marco Oliveira disse...

Anonymous #2,

Apesar de ter surgido numa década de expectativas messiânicas, a religião bahá'í não é o resultado de uma interpretação bíblica ou alcorânica. As suas raízes estão nas revelações do Báb e de Bahá'u'lláh.

Pessoalmente não aprecio este tipo de interpretações das profecias dos Livros Sagrados; a enorme maioria destas interpretações parecem-me tentativas de fazer valer um determinado ponto de vista com base na manipulação de diferentes versículos. Mas há bahá'ís que adoram estas coisas e até escrevem sobre o assunto.

Acredito que a ideia de evolução existe na Bíblia. Percebo que há uma evolução na condição espiritual dos povos com Abraão, Moisés e Jesus. E atrevo-me a dizer que esta ideia está presente no Novo Testamento, na medida em que Jesus aprova e elogia o que foi dito pelos Manifestantes anteriores.

Os muçulmanos mantêm a ideia de evolução da Revelação Divina; acreditam que Maomé foi o Último dos Profetas ("Selo dos Profetas"). E tal como a enorme maioria dos cristãos, acreditam que a Revelação Divina terminou, e Deus não se pronunciará até ao "Fim dos Tempos".

A principal diferença entre cristãos e muçulmanos por um lado, e bahá'ís por outro, é que estes últimos acreditam que há uma evolução na Revelação Divina e que esta não terminou (apareceram o Báb e Bahá'u'lláh) e nunca terminará (surgirão outros Manifestantes).