quinta-feira, 25 de maio de 2006

54 Bahá'ís presos no Irão

Confirmando rumores que circularam nos últimos dias, a Comunidade Internacional Baha'i confirmou hoje a detenção de 54 jovens bahá'ís na cidade iraniana de Shiraz. Trata-se de uma das maiores detenções colectivas desde os anos 1980. As detenções coincidem com rusgas em seis residências de famílias bahá'ís, durante as quais foram confiscados computadores, vários livros e diversos documentos.

As detenções ocorreram na passada sexta-feira (19 de Maio) quando os Bahá'ís, juntamente com outros voluntários que não eram Bahá'ís, trabalhando ao abrigo de um programa da UNICEF leccionavam aulas a crianças desfavorecidas numa escola. No momento da detenção os jovens tinham consigo as autorizações necessárias para a sua actividade emitidas pelo Conselho Islâmico de Shiraz.


Três das jovens bahá'ís detidas na passada sexta-feira


A natureza das acusações contra os Bahá'ís ainda é desconhecida. No dia seguinte às detenções, um juiz disse aos familiares que todos os detidos seriam libertados em breve. À data de hoje, aparentemente, todos os jovens não-baha’ís e apenas um jovem bahá’í foram libertados sem pagamento de qualquer fiança.

"Estas novas detenções em Shiraz, surgem após um ano de detenções aleatórias, elevando o número total de Bahá'ís detidos sem acusação para mais de 125, desde o início de 2005" afirmou Bani Dugal, representante da comunidade Internacional Bahá’í nas Nações Unidas. E acrescentou: "No seu todo, este padrão de detenções e prisões arbitrárias resume-se à mais pura forma de perseguição religiosa e reflecte um esforço calculado do governo iraniano em manter a Comunidade Bahá’í num estado de medo e terror".

As detenções surgem num momento em que aumentam as preocupações de observadores internacionais de direitos humanos, relativamente à campanha que o governo iraniano tem mantido nos últimos 25 anos contra a Comunidade Bahá'í daquele país (300.000 pessoas), a maior minoria religiosa do Irão.

Em Março, a Relatora Especial da Comissão de Direitos Humanos das ONU, revelou a existência de uma carta secreta do alto comando militar iraniano, ordenando à Polícia e às unidades da Guarda Revolucionária que "identificassem" e "seguissem" os membros da Comunidade Bahá'í, afirmando que a existência dessa carta a deixara "profundamente preocupada".

Além disso desde o final de 2005, mas de 30 artigo depreciativos e difamatórios sobre os bahá'ís e a sua religião foram publicados no "Kayhan", o jornal diário oficial de Teerão. Também vários programas de Rádio e Televisão têm vindo a condenar os bahá’ís e as suas crenças.

Desde o início do ano, outros sete baha’is foram presos e detidos durante um mês em Kermanshah, Isfahan e Teerão. Entre os detidos em Janeiro estava a Sra. Roya Habibi de Kermanshah que alegadamente foi interrogada durante mais de oito horas seguidas sobre as suas actividades como coordenadora de um programa de instrução da Fé Baha'i. No tribunal, os documentos que descreviam a acusação referiam que ela "é acusada de ensinar a seita do Bahaismo e agir de forma insultuosa contra o Islão".

"Apesar de frequentemente ser difícil obter detalhes das acusações contra os Bahá'ís, não há dúvida que a maioria deles – tal como o da Sra Habibi – são motivados apenas por preconceito e intolerância religiosa", afirmou a Sra. Dugal.

Nos últimos 14 meses, 72 Bahá'ís foram presos no Irão; o período de detenção variou entre vários dias e alguns meses. Alguns desses detidos estiveram incomunicáveis e em locais desconhecidos, enquanto os seus familiares os procuraram desesperadamente.

Nos anos 1980, mais de 200 Bahá'ís foram mortos ou executados. Milhares foram presos e centenas estiveram detidos durante longos períodos de tempo. Nos anos mais recentes, em reacção às pressões internacionais, as execuções e as detenções prolongadas cessaram.

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LINKS:
54 Baha'is arrested in Iran (notícia original no BWNS)
Bahá'ís do Irão: o pior está para vir?
The Growing Threat to Iran's Bahá'ís (site oficial Bahá'í)

Iran: Revived Persecution of Baha'is 54 Arrested in Shiraz (Juan Cole)



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ACTUALIZAÇÃO:

Ao contrário do que escrevi aqui, fiquei hoje (31-Maio-2006) a saber que este grupo de jovens não trabalhava para um projecto directamente associado à UNICEF, mas sim num projecto elaborado à semelhança de outros projectos da UNICEF. Pelo lapso, aqui ficam as minhas desculpas.

24 comentários:

Al Cardoso disse...

Pelo que temos lido e ouvido, o governo do Irao esta a descriminar contra toda a religiao que nao seja a islamica, ate decretou o uso de distintivos aos judeus e cristaos, parece que temos ali um outro Hitler. Que triste sorte a deste mundo, que nao aprende as licoes da historia!

Um abraco da Beira

Anónimo disse...

Aqui fica o meu abraço de solidariedade para todos os baha'is (e respectivas famílias) que vivem um momento difícil.

Elfo disse...

Como dizia o "padre Fanhais":

" Que por cada flor degolada, há, e milhões a florir..."

EU TAMBÉM SOU BAHÁ'Í DESDE 1977, PRENDAM-ME TAMBÉM A MIM, OU SERÁ PRECISO IR À FRONTEIRA DO IRÃO E GRITAR A PLENOS PULMÕES: PRENDAM-ME, QUE SOU BAHÁ'Í !

No dia 23 de Maio fui para a montanha celebrar o nascimento desta nova Religião que Sua Santidade O Báb declarou no dia 23 de Maio de 1844.
Prendam-me a mim.

João Moutinho disse...

Nestas ocasiões no que será de mais relembrar Ciro, o grande rei persa que libertou os povos cativos dos babilónios - dentre deles há a salientar os judeus (o que restava dos israelitas).
As "tábuas" de Ciro estão expostas no Edifício da ONU como a primeira grande declaração de direitos humanos (já antes havia a de Humarabi mas bastante mais pobre).

O Irão é a terra de grandes vultos da história da humanidade. E hoje o que é?
Aposta em desafiar o mundo com o seu programa nuclear, persegue as suas minorias religiosoas e étnicas.

Clama pelo Qa'im mas qundo Ele veio fuziliaram-No e ameçam a nação em que está o Seu Santuário como que "riscando-a do mapa".

A terra de Zaratustra, dO Báb e de Bahá'u'lláh.

Anónimo disse...

Olá a todos,

Não sei, acho que o processo de mudança e transformação do nosso planeta está a acelerar, vai haver cada vez mais gente sacrificada, mas como diz o Elfo, creio que por cada sacrifício nascem um cem número de coisas boas no mundo... Deve haver um mistério, neste processo. Os bahá'ís, e outras minorias não serão os únicos sacrificados no Irão, todo o povo em geral vai sofrer, e por tabela, neste mundo global, todos nós vamos sofrer também.

Ninguém minimamente informado e consciente tem dúvidas que como profetizou Bahá'u'lláh há 150 anos atrás - "a Terra é um só país e a humanidade os seus cidadãos."

A mim o que me parece é que estamos perante mais um gambito da história da humanidade... de resto tudo se volta a repetir.

João (Moutinho) gostei muito do teu comentário.

Elfo disse...

A terra que se chamava de UR, mais tarde invadida pelos Persas, depois pelos Otomanos e agora chamada de Irão. Terra da Luz do Mundo para onde todos nos devemos voltar quando os nossos corações assim o entenderem. Terra de tantos, e tantos Mártires Bábis e Bahá'ís, a terra que está ensopada com o sangue dos nossos Mártires, dos nossos Santos, dos nossos Heróis e Guerreiro da Luz.
Ur significa na língua antiga: Luz
Bahá significa Luz.
O Báb é a Porta de onde surge aquele que Deus tornou Manifesto, isto é, Bahá'u'lláh, Ou Glória de Deus.

Sua Santidade O Crysto dizia ao Seus apóstolos: Quando vier Aquele Espírito da Verdade e Eu vier na Glória do Pai, isto é, na Glória de Deus, todas as vossas perplexidades serão reveladas aos vossos olhos, quem tem ouvidos para ouvir que ouça o que o Espírito tem a dizer àqueles que insones aguardam a vinda do Manifestante de Deus.

Dina Domingues disse...

não fazia ideia, que os "bahai" também andassem na linha de fogo. mas daquele "mundo" espera-se tudo. por isso considero que eles não têm uma religião têm sim preconceitos MUITO grandes para quem pensa diferente, a que chamam religião

Anónimo disse...

Quem é Zaratustra João Moutinho?

Anónimo disse...

Um conselho aos baha'is que comentam aqui: tentem ser menos emocionais e mais racionais.
Pensem nas famílias destes jovens que foram presos, pensem no que cada um de vocês pode fazer para ajudar a tirar esta rapaziada da cadeia.
Isso é mais importante do que choradeiras e outros discursos mistico-históricos.

Elfo disse...

Zoroastro também chamado Zaratustra Foi um Mansageioro Divino que criou uma Religião independente na Antiga Pérsia, cerca de 5000 anos antes da era comum. Os seus seguidores eram sobretudo Astrónomos que naquela época se chamavam Astrólogos que por acaso é de onde deriva toda a Ciência hodierna. Vem-nos de Zoroastro a noção de Céu e Inferno e o Presépio com o Nascimento do Super Homem ao se referia Nietche, que por acaso tem um livro intitulado:"Assim falava Zaratustra", a raça ariana dos nazis foram buscá-la às idéias retorcidas de Nietche.

Os três Magos do Oriente que vieram trazer presentes a Jesus eram Magos Zoroastrianos, os quais, como Astrónomos que eram, vinham seguindo uma estrela desde Há muito tempo, até encontrarem o Prometido de Zoroastro.

João Moutinho disse...

João,
Zaratustra ou Zoroastro, nasceu no que é hoje a Pérsia e é o fundador da religião zoroastriana. Esta religião foi fundada cerca de 750 A.C. e para nós é uma religião divina, tal como o cristianismo, islmaismo ou budismo.
O Rei Ciro seguia a religião zoroastriana. Esta religião foi predominante na Pérsia e zona circundante até ao século VII D.C.. Ainda existem na Pérsia algus seguidores desta religião. Na Índia, os parsis são descendentes de antigos persas que fugiram da Pérsia após a conquista islâmica. O fogo é considerado um símbolo do zoroastranismo.
Estamos perante uma religião que valoriza muito as acções e pensamentos em si próprios. Há quem tenha visto nela uma religião dualista, que se baseia na crença de uma luta entre o Bem e o Mal. Mais tarde este conceito vei a ser transportado para o cristianismo.
É provável que os Reis Magos fossem sábios zoroastrianos em busca do Messias, também prometido por Zaratustra.

Elfo disse...

Quanto à questão proposta pelo amigo GH, é bastante interessante. No entanto, quando a emoção leva avante a sua, a razão não consegue subsistir.
Passo a explicar:
1º A emoção é própria do ser humano e reagimos com violência emocional porque estamos proíbidos por Bahá'u'lláh de nos defendermos de outra forma.
2º A Fé Bahá'í diz-nos que melhor é ser morto do que matar.
3º Os Bahá'ís respeitam os Governos dos países nos quais vivem e proliferam.
4º Os Bahá'ís devem obedecer aos Governos dos seus países.

Não reagimos à violência com violência, mas temos o direito de nos indignarmos com as injustiças praticadas no mundo sejam elas contra quem for, inclusive os Bahá'ís. Não posso ficar indiferente aos inúmeros atropelos às decisões das Nações Unidas, só porque "uns senhores" não consideram relevante que se assassinem e prendam Bahá'ís, Palestinianos, Afegãos ou Iraquianos, Curdos, Arménios, etc. seja lá porque motivo for.

Lutamos cada um à sua maneira, eu faço-o através da Oração. Outros fá-lo-ão de outra maneira, mas nunca através da violência.
Podemos fazer petições, pedidos internacionais que cheguem às mãos dos dirigentes Iranianos, sempre pela via diplomática e espiritual.

Só não acho lá muito diplomático pedir ao George que mande lá os seus boys para libertarem os prisioneiros... Reagan fez isso e saíu de lá a correr para os braços da Mossad.

Anónimo disse...

Elfo,
O que tu escreves é o que eu considero uma reacção emocional disparatada.

Os bahais são vítimas de puro preconceito religioso! Sem tirar nem pôr! E nem sequer têm um país ou um lobby que os apoie. Estão entregues a si próprios. (isso é o que eu tenho percebido)

E quando aparece uma notícia destas o que tu fazes é dizer que queres ir para o Irão dizer que és bahai para seres preso também? Comparas as perseguições aos bahais com outras as vítimas de outros confrontos políticos? Onde é que tens a cabeça? Deixa-te de poesias e lirismos, porra! Toma medidas práticas! Não és tu que moras em Coimbra? Escreve uma carta sobre o assunto para o Diário das Beiras, caneco! Isso terá mais utilidade do que tudo o que escreveste aqui.

Isto também se aplica ao Joao Moutinho mais aos seus amigos Zaratrustas e Qaims e sei lá que mais. Mexam-se, pá!

Olhem que se a vossa solidariedade fica só nas palavras, então tenho de rever a minha opinião a vosso respeito!

Elfo disse...

Elfo,
O que tu escreves é o que eu considero uma reacção emocional disparatada.

Meu caro GH
A reacção pode ser emocional e disparatada, mas é... a minha reacção.


Os bahais são vítimas de puro preconceito religioso! Sem tirar nem pôr! E nem sequer têm um país ou um lobby que os apoie. Estão entregues a si próprios. (isso é o que eu tenho percebido)

Tens razão quando dizes que somos vítimas de puro preconceito! Quando dizes que não temos um País, também tens razão, temos é um Planeta que se chama Terra,"A Terra é um só País e a humanidade os seus cidadãos" - Bahá'u'lláh

E quando aparece uma notícia destas o que tu fazes é dizer que queres ir para o Irão dizer que és bahai para seres preso também?

Já somos muitos em todo o mundo e era interessante ver o Irão prender todos os Bahá'ís do Planeta.

Comparas as perseguições aos bahais com outras as vítimas de outros confrontos políticos? Onde é que tens a cabeça?



Só quem não conhece a História da Fé Bahá'í é que pode separar uma coisa da outra. Na Pérsia os Bahá'ís foram perseguidos:
1º por serem Bábis;
2º por serem Bahá'ís;
3º Por serem acusados de uma tentativa de assassinar o Xá da Pérsia, logo uma perseguição política;
4º Bahá'u'lláh esteve preso quarenta anos e foi exilado como político, pois era filho de um ministro do Xá;
5º Todos os Bahá'is na Pérsia são perseguidos porque numa teocracia como a que sempre existiu na Pérsia não se faz distinção entre o político e o religioso, logo um Bahá'í é um potencial inimigo desta teocracia pois defende que o clero deve deixar de existir, e se é o clero que está no poder então é inimigo político



Deixa-te de poesias e lirismos, porra! Toma medidas práticas!


As minhas medidas são prácticas, mais do que imaginas. Ou será que nunca ouviste falar no Poder da Oração?


Não és tu que moras em Coimbra?

E não, não vivo em Coimbra, não é que não gostasse, pura e simplesmente não aconteceu. Vivo na Serra da Estrela


Escreve uma carta sobre o assunto para o Diário das Beiras, caneco!


Posso aproveitar a tua sugestão e escrever para o Jornal do Fundão que é o jornal regional português mais lido em todo o mundo, logo a seguir à "A Bola"; também posso escrever para o Notícias da Covilhã, mais modesto, mas pertence à Igreja Católica, que como deves calcular não dá grande importância ao facto de os Bahá'ís serem ou não perseguidos em todos os países islâmicos. Eles próprios tiveram a sua quota parte nas perseguições que fizeram às suas várias facções.


Isso terá mais utilidade do que tudo o que escreveste aqui.

O que escrevo aqui e noutros blogs tais como o Quirologo ou comments no Confessionário servem apenas, e só, para dizer que estamos cá e que não somos surdos aos apelos do mundo fraterno Bahá'í. esta é uma tribuna tão digna como qualquer jornaleco de paróquia como tantos blogs que por aí pululam.


Isto também se aplica ao Joao Moutinho mais aos seus amigos Zaratrustas e Qaims e sei lá que mais.


Respeito a tua indignação e acho-a bem vinda, porque serão sempre os nossos amigos a defenderem-nos. És um bom amigo ao dar-nos estas puxadelas de orelhas, mas há que saber o que se está a fazer quando existe por detrás disto um Plano Divino.

Mexam-se, pá!

Estamos a mexer-nos. A prova disso mesmo é a tua indignação.

Olhem que se a vossa solidariedade fica só nas palavras, então tenho de rever a minha opinião a vosso respeito!

Para mim a tua opinião vale mais do que possas pensar. Quanto a falares de Zoroastro e do Q'aim (12ºImame)ou o (O Imam Oculto), deves-te informar primeiro do que estás a dizer,- eu andei anos sem pronunciar a palavra Bahá'u'lláh com receio de que estivesse a pronunciar da forma errada e, ofender a Deus sem querer -, pois "...Quem rejeitar qualquer Mensageiro do passado, mostra orgulho para com Deus desde toda a Eternidade e por toda Eternidade..."


Um Grande abraço e, bem-hajas pela tua solidariedade.

Maria Lagos disse...

Para o amigo GH,

Claro que os Baha'is, por todo o mundo farão todo o possível para ajudar os Bahá'is do Irão.

É evidente que este problema não é um problema só dos Baha'is, mas de todas as minorias religiosas.

A Comunidade Bahá'i tem sido particularmente perseguida e molestada naquele país que foi o berço da religião.

Como diz o ditado:
Ninguém é profeta na sua terra. O mesmo aconteceu a todos os outros Profetas. Não crucificaram Cristo???

Só que se esperava, talvez e ingenuamente que o sec.XXI trouxesse mais luz e compreensão ao mundo e isso, infelizmente, não está a acontecer...daí o lamento dos Baha'is, por eles e por todos os perseguidos deste mundo que deveria ser um só país, sendo a Humanidade os seus cidadãos e afinal é cheio de ghettos onde há monstros que espreitam a cercear a liberdade religiosas, de expressão e todas as outras pelas quais este mesmo mundo clama...

Abração pela solidariedade.

Anónimo disse...

JM e Elfo, obrigado pela explicação...não sabia que Zaratustra era o Zaroastro, e confesso que pouco sabia sobre ele!

Anónimo disse...

Acho muito curioso os comentários feitos aqui, por tanto tenho observado que tantos os bahá'ís como os que não são bahá'ís só sabem as meias verdades.
Será que as instituições bahá’ís têm conhecimento destes bloges. Será que os blogeres e os comentaristas bahá'ís seguem as directrizes da instituição máxima da Comunidade Internacional Bahá'í sobre páginas e blogeses na Internet.
Muita atenção com as informações que vão passando para as pessoas. Pelo menos antes certifiquem se estão certas como o caso de: (3º Por serem acusados de uma tentativa de assassinar o Xá da Pérsia, logo uma perseguição política;
4º Bahá'u'lláh esteve preso quarenta anos e foi exilado como político, pois era filho de um ministro do Xá;...) escrito por Elfo aqui mesmo! A história que eu conheço é um bocadinho diferente. Fiquem bem e boa sorte.

Elfo disse...

Anônimo disse...:
Uma série de disparates sem pés nem cabeça... mas todos temos o direito a ser parvos uma vez por mês, por isso caro Anónimo, não te passes.


Aqui, na minha terra, os autores anónimos são considerados uns covardes ou cobardes que não são capazes de usar sequer um pseudónimo.
Eu, Elfo Verde, das Florestas de Lorien, todos me conhecem e sabem como sou e quem sou.

Não admito que haja polícias do pensamento na Fé Bahá'í que professo há cerca de trinta anos.

Que eu saiba não existe nenhuma Opus Dei na Fé Bahá'í, e o que eu escrevi, sim
porque ainda não estou senil, foi que no Irão não há qualquer distinção entre um preso político e um prisioneiro Bahá'í, pois ambos podem ser acusados do que os Mullas quiserem e lhes apeteça no momento.

O que eu escrevi está correcto tanto do ponto de vista dos Orientais como dos Ocidentais pois é assim que apresentavam Os Bahá'ís na Enciclopédia Larrouse e na Enciclopédia Britânica no Ínicio do Século XX.

Nós os Baháís não escamoteamos a história por mais que isso nos custe. A verdade é que houve mesmo dois Bahá'ís que enlouquecidos pelas perseguições movidas pelo 1º ministro do Xá da Pérsia, e porque não estavam em contacto directo com o Báb nem com Bahá'u'lláh resolveram pegar numa arma velha e sem qualquer préstimo para os propósitos a que se tinham proposto, e mesmo assim dispararam sobre o Xá, sem sequer o ferirem, tendo apenas assustado o cavalo em que seguia o monarca.

Estes jovens bahá'ís foram presos e mortos de imediato. Embora se soubesse que os bahá'ís nada tinham ver com o assunto, pois tinha sido um caso isolado, em Teerão, mas como o Xá tinha tido uma escaramuça com os Báb'is em Forte Tabarsi, estes foram de imediato perseguidos por atentarem contra a vida do Xá.

Como os Bahá'is eram pessoas letradas, cultas e com algumas posses, os Mullas tiveram o cuidado de desapossarem dos seus bens todos quantos conseguiam apanhar e foram cerca de vinte mil só em Teerão. Para que se saiba a Fé Bahá'í é a minoria mais importante do Irão e, só em Teerão existiam cerca de 500.000 Bahá'ís.

SAM disse...

Adoro essa dos cobardes e não cobardes.
Pessoas que se acusam mutuamente... por nada!!! Adoro ver a raiva de seres humanos camuflada por palavras bonitas e por anonimatos ou pseudónimos.
É impressionante que a história se repete em todo o lado. Portugal, Espanha, Japão, Turquia. Estaremos mediante um desses fundamentalismos em que todos temos que pensar, agir e ser iguais? A verdade do outro será menos válida que a minha? Pensemos um pouco sobre isso.


A questão da perseguição bahá'í, tema ao qual se deveriam cingir os comentários:

"Só quem não conhece a História da Fé Bahá'í é que pode separar uma coisa da outra".
Bem, sabem que eu conheço minimamente bem a história e não sou muito a favor disso de separar ou unir coisas: "a realidade é uma e não admite multiplicidade", já dizia 'Abdu'-l-Bahá (v. Promulgação da Paz Mundial).

"3º Por serem acusados de uma tentativa de assassinar o Xá da Pérsia, logo uma perseguição política".
Aqui parece estar o tema da nossa novela.
Facto 1: os bahá'ís não existiam nesse tempo. Facto 2: não creio que o actual regime se lembre lá disso (xá??? qual xá??? se eles achassem que os bahá'ís andavam contra a dinastia monárquica, ainda que a anterior,os bahá'ís seriam muito melhor tratados! Ponto assente para qualquer entendedor.).
Facto 3 - eram tão pobres de mente que ainda por cima não se armamentaram bem (usaram armas que nem a uma boneca de trapos conseguiria matar!!!). E assim sucessivamente.

"4º Bahá'u'lláh esteve preso quarenta anos e foi exilado como político, pois era filho de um ministro do Xá".
Exilado político seria se tivesse ido para a Rússia, conforme vontade e convite insistente do embaixador russo em Teherán. Aí sim, meus caros. Mas não foi isso que aconteceu. Bahá'u'lláh, ainda que filho de um vizir da corte, amigo próximo do dito embaixador, renunciou tal oferta, da mesma forma que Cristo negou a oferta de Pilatos sobre "o quê faço Contigo"?
Bahá'u'lláh foi um exilado por motivos meramente religiosos (e não digamos que são o mesmo, pois nessa altura faltava ainda mais de um século para o estado ser a república islâmica actual).

"5º Todos os Bahá'is na Pérsia são perseguidos porque numa teocracia como a que sempre existiu na Pérsia não se faz distinção entre o político e o religioso, logo um Bahá'í é um potencial inimigo desta teocracia pois defende que o clero deve deixar de existir, e se é o clero que está no poder então é inimigo político".
Aqui há tanta coisa... Minha querida Elfa: sempre não é uma realidade real. É mais fácil crer que é sempre e pomos as coisas de forma mais aceitável, mas não.
O sacerdócio pode que tenha tido bastante poder ao longo da história, mas o Irão/Pérsia foi menos teocrático que a Espanha Católica de los Reyes y de la Santísima Inquisición, no?
Además, os "majiah" da Pérsia Zoroastriana não se importavam muito com o tema de poder. Andavam a procura do Shah Bahram espiritual e encontraram (dois deles) ao Próprio Redentor Jesus.
O estado teocrático persa é um estilo novo de governamentação. Posso até afirmar (com quase total certeza, pois tampouco me vejo como detentor universal do saber universal) que em 79 foi quando a Pérsia se passou a chamar República Islâmica do Irão.
Outra questão: eu como bahá'í não estou contra o sacerdócio: não me resumo ao fundamentalismo anti-sacerdotal. Sou sim a favor da capacidade de todo ser humano de pensar por si e, livre de quaiquer preconceitos, decidir pela sua verdade.
Se a verdade de uns faz necessitar serem sacerdotes: que o sejam! A minha liberdade pessoal me levou à Psicologia que me ensinou a ver que nem tudo é o que parece.

Os bahá'ís não são contra o regime iraniano ou contra qualquer outro regime, como bem sabes. O regime iraniano não teme uma inssurreiçãos dos mais de 35 mil iranianos bahá'ís residentes no Irão...
Eles não gostam é muito a ideia de defenderem uma coisa e que haja quem discorde. Aí sim, concordamos: presos de pensamento são todos.
Uns serão políticos (comunistas iranianos, monarquicos), outros jornalísticos (directores de jornais), outros étnicos (curdos) e outros religiosos (bahá'ís).


Não confudamos a realidade ainda que ela, no fim das contas, seja "só uma e não admite multiplicidade". A situação é grave para todos, quando não se deixa respirar.


Não deixar a uma pessoa respirar porque discordamos dela, é o mesmo crime que se comete no Irão! (isso é para todos).

Beijos e abraços do Planeta Terra.

Marco Oliveira disse...

SAM,
Qualquer pessoa é livre de se identificar ou usar pseudónimos (tipo Elfo ou SAM) para escrever e comentar blogs. O que é estranho é que alguém, que muito provavelmente é baha’i, se insinue como detentor da verdade e ao abrigo do anonimato faça ameaças veladas de queixas às instituições baha’is.

Para quê o anonimato? Porque é que essa pessoa tem medo de dar a cara pelas suas afirmações?

Eu tenho as minhas ideias e faço a minha leitura da realidade que me rodeia; e o mesmo acontece com a enorme maioria dos leitores e comentadores deste blog. Temos tido bons debates e percebemos que existem diferenças de opinião entre nós. Mas nunca nenhum de nós se armou em detentor da verdade total ou insinuou que alguém não devia dizer ou escrever qualquer coisa porque não está de acordo com a doutrina baha’i.

Creio que é importante perceber isto antes de tentar relativizar tudo.

Agora o meu comentário sobre as perseguições:

1. A tentativa de assassinato do Xá
Ocorreu em 1852 e foi uma iniciativa individual de 3 Babis (era assim que eles eram conhecidos). O termo Baha’i só começou a substituir definitivamente a palavra Babi durante o Exílio em Adrianópolis.
Essa tentativa suscitou perseguições por parte de autoridade políticas (Amir Kabir foi muito hábil a aproveitar essa situação) e das autoridades religiosas.
Sobre o Xá, Amir Kabir e os Babis, pode ler estes posts:
O Xá Nasiri'd-Din (1)
O Xá Nasiri'd-Din (2)
Sobre as designações Babi/Baha'i pode ler este post:
Cultura Geral

2. As armas dos Babis
Houve 3 confrontos significativos entre Babis e Muçulmanos na década de 1850: Zanjan, Nayriz e Shaik Tabarsi. Aí os babis improvisaram armas e capturaram algumas aos seus inimigos. Temos de ter presente que a maioria desses Babis eram cidadãos comuns; não tinham qualquer preparação militar.
A pobreza das suas armas nada tem a ver com "pobreza mental".

3. O Exílio de Bahá'u'lláh
Discutir se o exílio de Bahá'u'lláh foi um processo político ou religioso é como discutir se o processo da condenação de Jesus foi político ou religioso. Na minha opinião, nestes dois casos há um conluio entre as autoridades políticas e religiosas para atingir um determinado objectivo. Se o processo fosse meramente religioso, Amir Kabir não se teria envolvido, os embaixadores estrangeiros em Teerão não se teriam envolvido. Também ao longo da Sua vida, por várias ocasiões houve troca de informações entre autoridades otomanas e persas sobre o destino a dar aos "exilados persas". Como mostra Moojan Momen (The Bábi and Bahá'í Religions, 1844-1944; Some Contemporary Western Accounts), essas negociações eram feitas a nível de embaixadores e não passavam despercebidas a diplomatas ocidentais.

4. Sobre o Irão e os Baha’is
São cerca de 300.000 os baha’is iranianos.
E foi em 1935 que o Xá pediu à comunidade internacional que passasse a designar a Pérsia pelo seu nome original: Irão.

SAM disse...

Reparemos algumas coisas: a opção "Anonymous" é uma opção como "blogger" ou "other", que aparece aqui nos comentários. Dá-se o direito, portanto não se pode censurar. E o que eu defendo é o direito a opção.

E pessoalmente, não gosto muito de anonimatos ou pseudónimos (para mim, por exemplo são a mesma coisa, para ti não são... eu respeito isso!), mas a verdade é que os consigo aceitar.

Além disto, devo dizer que gostei dos teus esclarecimentos. É a minha primeira vez em meses neste blog e achei interessante que os objectivos iniciais do blog estão bastante longe da forma que ele assume agora.

Conforme já demonstrei, sou a favor do livre pensar: cada um pensa e age como quer! Por isso, pensemos e reflictamos a partir dos comentários que existem só aqui: o blog responde aos objectivos que apresentavas inicialmente?

Não me respondas a mim! Não quero entrar nestas discussões de um diz outro diz, porque não só tenho tempo para tal, como não creio que devamos.

Deixo-te um caloroso abraço,
SAM

PS(1): "em 79 foi quando a Pérsia se passou a chamar República Islâmica do Irão" refere-se ao início da teocracia e não à designação política.
PS(2): "Tão tolo era esse pretenso assassino que a pistola que usou estava carregada com um tipo de balas totalmente inadequadas para o propósito de matar" Fundação Ruhi(1988:2000, p.90). Pessaolmente prefiro considerá-los tolos para poder compreender a sua acção do que considerá-los pessoas inteligentes que não tiveram sorte nas armas que conseguiram!
PS(3): A tecla Zero no meu computador falhou e, de facto, são TREZENTOS E CINQUENTA MIL bahá'ís no Irão. Muito obrigado por mencionares o tema.

Marco Oliveira disse...

"Por isso, pensemos e reflictamos a partir dos comentários que existem só aqui: o blog responde aos objectivos que apresentavas inicialmente?"

A única vez que me lembro de ter referido alguns dos objectivos deste blog foi neste post: Onde está o resto do Povo?

Um blog é um todo e não apenas um post e o respectivo conjunto de comentários. Analisá-lo apenas a partir de um único post e respectivos comentários é fazer uma análise distorcida. Experimenta fazer essa análise a partir deste post em que eu conto uma piada. Seria isso correcto?

Por isso, se queres fazer uma análise deste, ou de qualquer blog, tens de o ver no seu todo. E o balanço que faço neste momento é que este blog fala demasiadamente de coisas baha’is.

"Tão tolo era esse pretenso assassino que a pistola que usou estava carregada com um tipo de balas totalmente inadequadas para o propósito de matar."

Quanto a esta citação que fazes do Instituto Ruhi, ela presta-se a uma leitura muito dúbia. Parece que se condena a incapacidade dos babis e não o seu acto. Que eu me lembre, Bahá'u'lláh condenou o acto e não a incapacidade técnica dos autores do atentado.

Elfo disse...

Amigo Sam, já vi o que queria ver.
Afinal a tua Psicologia não te levou mais longe do que o que já demontravas antes: prosélito, quando em frente aos bahá'ís que caem no engodo de te dar ouvidos.
Infelizmente já vi muitos como tu, que lá por serem filhos de bahá'ís julgam que sabem tudo e, que os outros só sabem meias verdades, inverdades e sei lá o que mais. Mas isso parece que já é do clã de que fazes parte e muito te orgulhas disso.
Também estive em Espanha e também assisti a coisas do mesmo género, só que aí tu ou ainda não eras nascido ou eras um bebé de mama, por isso penso que deve ser um problema de ADN.
Ali, em Espanha, levavam muito a sério a Escola de Inverno e obrigavam os amigos a levantarem-se às seis da manhã até que um grupo de portugueses, entre os quais eu, resolveu insurgir-se contra tais medidas e cortamos os fios dos altifalantes que estavam espalhados pelos corredores das camaratas do Centro.
Quando isso aconteceu apareceu um elemento. que pertencia à organização da dita Escola, bater às portas dos quartos a chamar os crentes à oração matinal..., pois no meu quarto foi recebido com uma bota da tropa atirada por outro persa que dormia connosco no mesmo quarto.
Isto tudo só para dizer que parvos há em todo o lado, e, infelizmente a Fé Bahá'í não é excepção.

Não vou continuar a mandar recados blog do Marco, pois isso é falta de ética. Se quiseres responder, ainda que com o teu sarcasmo a que já me habituaste doutros carnavais, podes fazê-lo no meu blog. Áh! Já me esquecia, não tens muito tempo.
Pois é, mas sempre te digo que não sou Elfa mas sim Elfo Verde, ou esse tipo de linguagem já vinha no teu ADN.
Sei, ou imagino que sei com quem estás a falar... é que o teu Sam não é nenhum pseudónimo. O meu é, porque não sou adepto do teu prosélitismo bacoco.
Gostas de humilhar, mas isso está-te no sangue, não é verdade?
Tenho muito respeito e admiração por todos os BAHÁ'IS Persas que vivem em Portugal, só não lhes admito é que venham dar lições de ética moral a ninguém nem venham com falinhas mansas e paternalistas, só porque vieram do Irão.

Espero ficar por aqui neste blog, do Marco. Só não ponho o teu nome de família porque o teu pai não merece isso e respeito-o muito. Pelo menos não tem a pretenção de ter o rei na barriga. E, além disso, o teu nome de família só te ia dar mais importância do que aquela que na realidade mereces.
Parece que te fez mal o Curso de Psicologia..., ou foram as areais dos Algarves?
Sem rancores. Um abraço da Covilhã, Portugal, Planeta Terra.

Anónimo disse...

Desconhecia tanto do que escreveste