domingo, 2 de julho de 2006

Portugal-Inglaterra

O Luiz Felipe Scolari afirmou que acredita na Nossa Senhora de Caravaggio. O Gilberto Madail gosta mais da Nossa Senhora de Fátima. E vários jogadores têm dado a conhecer as suas convicções religiosas.

Há quem questione se isto é misturar futebol com religião, e tente procurar uma justificação para isto. Já escrevi aqui que a religião faz parte da identidade pessoal da esmagadora maioria das pessoas. E em momentos de ansiedade e tensão é natural que a expressão dessas convicções venham ao de cima.

Claro que não acredito que esteja nos planos da Divindade interferir no resultado de algum jogo de futebol, mas ontem durante os penalties, dei por mim a repetir para mim próprio, várias vezes “Yá Bahá'u'l-Abhá” (uma invocação usada pelos baha’is e que em português significa «Ó Gloria do Mais Glorioso!»).

Enfim, o futebol mexe mesmo connosco!

Parabéns ao Ricardo!



E um grande obrigado ao Felipão!

9 comentários:

Mikolik disse...

Marco, pessoalmente acho que é uma fraqueza tua, ou digamos uma... epá não sei, acho que neste ponto tu estás a dar demasiada importância a algo que não merece.

Eu também sofri com o jogo, mas daí até pedir ajuda às "forças divinas" para que a minha equipa favorita ganhe um insignificante jogo! Há coisas, muitas, bem piores, mas isso é um sinal da nossa imperfeição... repara não te estou a censurar, apenas faço uma constatação, isso é uma parvoíce, desculpa-me.

Sinceramente, acho que este fenómeno do futebol como é actualmente encarado pela sociedade é muito pouco saudável, exacerbado e fútil, é um claro sinal do ainda incipiente desenvolvimento espiritual e social da maioria da nossa sociedade. A única coisa boa que vejo nisto é a capacidade de unir as pessoas. Tenho consciência que esta minha opinião é criticada por muita gente, a maioria, mas enfim, assumo o meu desalinhamento. Mas continuo a afirmar, enquanto continuarmos a dar a importância que damos a estes fenómenos será difícil mudarmos a ordem actual das coisas.

Dina Domingues disse...

grande MArco, eu fiz o mesmo, passei o jogo a rezar o Pai-Nosso, à velocidade das jogadas. também acho que existem piores coisas no mundo do que perder um jogo de futebol, mas sei que Deus também quer que sejamos felizes, por isso eu fiquei IMENSAMENTE FELIZ quando dei conta que ele me tinha ouvido.

Elfo disse...

Meu caro mikolik, tu, realmente, tens razão no que dizes.

Mas pensa nisto:
- Quantas vezes os portugueses, amantes ou não do futebol- pessoalmente também não vou em futebóis -, têm a oportunidade de dar um grito de alegria quando ganhamos qualquer coisa, principalmenta à Inglaterra dos ULTIMATUNS. O que muita gente não sabe é que o Hino Nacional cantado no Estádio foi criado exactamente contra os Ingleses. O "Às armas, às armas" era mesmo contra os ingleses, e não contra os franceses ou espanhóis. Foi feito de propósito contra um regime que nos humilhou com o famigerado Ultimatum do ínício do Séc.XX.
E eram eles nossos aliados, imagina se não fossem.
Viva o Ricardo que deve ser o melhor guarda redes do mundo.

O ingleses também tiveram azar com o árbitro escolhido, pois foram buscar um árbitro Argentino, que provavelmente também se não esqueceu da humilhação infringida pela Inglaterra aquando das ilhas Argentinas - Maldivas -, ocupadas pelos ingleses, às quais chamam Falklands.
Até os espanhóis têm um lítigio com a chamada grã-bretanha acerca do rochedo de Gibraltar.
Realmente estes ingleses têm muitas simpatias em todos continentes, começando na China, India, África, Espanha , Portugal e Argentina. E outros que agora não me ocorrem. No Sábado não eram só os portugueses a torcer pelas cores de portugal, eram cerca de 180 milhões de pessoas a torcer para que portugal ganhasse. E ganhámos.
Eu cá vim à varanda e gritei a plenos pulmões: GAHNÁMOS.
Toda a minha rua, inclusivé os apartamentos ocupados pelos brasileiros estavam todos em festa. Um vizinho do prédio ao lado pôs os altifalantes na varanda e debitou com todos os decibéis de que foi capaz, o Hino Nacional.

A minha esposa que não quiz assistir ao jogo só ficou a assistir aos penaltis e também dizia: "Defende Ricardo, defende Ricardo, que Deus queira que ganhemos"
E GAHNÁMOS.

Também sei que há alienação nestas coisas, mas quando vi uma caravana enorme a apitar pelas ruas e a agitarem as bandeira de Portugal, todos unidos sem estarem a defender qualquer clube e a acicatar o clube perdedor, aí sim foi um festejo nacional, tal como quando os Iranianos eliminaram os norte-americanos no último mundial em que nem as restrições dos mullás conseguiram que as mulheres fossem aos estádios a aplaudirem os jogadores do Irão, e quer se queira quer não foi uma reviravolta nos costumes impostos pelos guardas da revolução islâmica dos Ahiatollas.

Afinal parece que o futebol também pode servir de pretexto para se sair à rua e gritar contra todos os falhanços da vida a que somos sujeitos no dia-a-dia, ainda que seja para festejar uma victória sobre uma qualquer selecção doutro qualquer país.

Aqui não há preferências clubísticas, somos todos um só. Ao menos o futebol em selecções nacionais também serve para isto.
Como dizia Fernando Lopes graça:
"...Unidos como os dedos da mão. ..."

Um abraço, e que sejamos campeões!!!

Marco Oliveira disse...

Mikolik,
Eu não disse que pedi ajuda; aquilo saiu-me de forma completamente inconsciente.
Não me parece que seja uma fraqueza; nem penso que quem não o faça tenha “força” qualquer outra coisa de especial.
Apenas achei curioso que aquilo me tivesse acontecido.

Outra coisa engraçada que aconteceu depois do jogo foi ter recebido um email de felicitações do autor do blog Baha’i Faith in Egypt. Ganhar aos ingleses tem um sabor especial para muita gente!
:-)

Mikolik disse...

Pois eu percebo essa questão da espontaneidade, é como um ateu dizer "Ai meu Deus!" numa situação de aflição. O sentimento está lá dentro e salta cá para fora inconscientemente.

Tá certo, dá para entender isso, não é uma fraqueza, mas antes um sinal que as nossas prioridades estão aqui e ali um pouco trocadas. Faz parte do crescimento pessoal de cada um, e claro nós todos temos um longo caminho a percorrer, e volto a repetir, há males de que sofremos bem mais graves do que a futebulite, mas já que se estava a falar no assunto, resolvi dar a minha opinião.

Marco Oliveira disse...

Mikolik,
Parece-me que os teus comentários têm subjacente uma ideia: o ser humano deve ser racional em todos os seus comportamentos. Na verdade, isso não é possível. O nosso comportamento é guiado pela razão e pela emoção. Isso vê-se em coisas complexas como nas relações de afecto (já tiveste uma sensação negativa, ou positiva, em relação a algumas pessoas assim que as conheces?) ou em coisas mais simples, como escolher um carro (porque é que a estética é tão importante nos automóveis?)

Não me parece que isto tenha a ver com prioridades trocadas. A natureza humana é mesmo assim; não podemos eliminar as emoções num ser humano.

João Moutinho disse...

Não quero ser desmancha prazeres mas concordo com o Mikolik.
Fiquei satisfeitíssimo com a nossa vitória mas nunca rezei para que tal acontecesse.
Até porque isso significa que o Divino haveria de se opôr aos ingleses.
Em todo o caso há de chamar à atenção para o que de "sebastianista" têm as vitórias da nossa selecção. Todos nos reunimos em volta da selecção mas quem define os resultados são aqueles doze ou treze intervenientes.
E se nos reunissemos todos em volta do objectivo de pagar os impostos sem subterfúgios? Ou conduzir com mais civismo?
Assim, haveria uma intervenção directa de todos para o bem estar colectivo.

Anónimo disse...

Eu acho que este aspecto mostra bem o valor da oração...vale aquilo que nós acreditamos que vale!

Anónimo disse...

Fantástico, quem quer que seja o João Moutinho falou muito bem quando disse que se as pessoas unissem a volta dos objetivos mais humanos, como por exemplo dirigir com mais civismo Assim, haveria uma intervenção direta de todos para o bem-estar coletivo. E quanto ao jogo parabéns aos portugueses e em especial ao Filipão que é um vencedor nato. E quanto a oração seria bom que tivesse feita para realização de uma Copa do Mundo limpa, honesta, sem violência e sem preconceito, isto sim merecia orações.