quarta-feira, 12 de julho de 2006

Um Deus chamado Abba

A minha colaboração de hoje na Terra da Alegria.
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"Em dez anos, o nosso conhecimento sobre o computador e respectivos programas mudou radicalmente; em decénios, o conceito sobre Deus pouco muda na nossa vida. Não será isto, quando muito, surpreendente?" Esta é uma das pequenas provocações com que José Luis Cortés nos brinda na introdução do seu livro Um Deus chamado Abba.

O livro - foi publicada entre nós no início deste ano - nasceu de uma série de desenhos encomendados por uma editora ao longo de vários anos. Estes desenho agora compilados são acompanhados vários textos explicativos e frases provocadoras, que não nos deixam indiferentes.

O autor começa por desmontar uma série de ideias infantis e distorcidas que muitas pessoas têm sobre o criador: "Quer Deus exista, quer não, o que não pode mesmo existir são certas imagens de Deus que alguns apregoam por aí, e que a maioria das pessoas interiorizou, sem se aperceber, de uma forma ou de outra."(p.12) E adverte o leitor: "Deus não é um ancião como eu o pinto, não tem barba, nem aquele triângulo na cabeça (...); não está num céu cheio de nuvens e os anjos não andam por ali com asas de frango." (p.9)

O livro não pode deixar de incomodar o crente acomodado, e até incomodar alguma hierarquia religiosa: "Não tenho medo nenhum de que me digam que disparando contra as falsas imagens de Deus podemos atacar a boa fé das pobres pessoas, ou a fé ingénua de tanta gente simples... Sobre essa fé ingénua e essa ingenuidade foram edificadas muitas fortunas e até algumas carreiras eclesiásticas."(p.14)

O livro não é um tratado de teologia; poderia ser melhor descrito como um convite a uma reflexão pessoal sobre o conceito e a experiência que cada um de nós tem sobre Deus. E apesar de ter sido escrito por um católico para uma audiência católica, a grande maioria das reflexões pessoais do autor facilmente encontram paralelo na experiência religiosa de pessoas de todas as religiões (substitua-se a palavra "igreja" por "comunidade religiosa").

Para aguçar o apetite por este livro aqui ficam alguns dos desenhos do autor.







12 comentários:

Mikolik disse...

O livro parece muito interessante e útil para muitas pessoas. Por momentos pensei que fosse um livro escrito por um bahá'í, mas do principio dá para ver que há terminologia e expressões nos exemplo apresentados que não são de todo utilizadas pelos bahá'ís, casos de: boa nova, proclamar a libertação dos prisioneiros.

Outros sinais, o facto de os bahá'ís não se preocuparem em condenar as uniões de facto, nem têm por costume criticar a igreja.

Mas reafirmo, parece interessante e com um bom espírito.

Anónimo disse...

mikolik,

Vocês aceitam as uniões de facto?

Elise disse...

O último cartoon é muito interessante. Por vezes há que confiar no bom senso das pessoas.

Marco Oliveira disse...

Mikolik,
Apesar do livro ser escrito por um católico como reflexão, e incluir criticas a um comportamento de certos sectores da Igreja Católica, é possível transpor parte dessas reflexões e críticas para a comunidade baha’i. Note-se que o livro apresenta desenhos em que Deus é representado por uma figura humana. Isto é contrário aos ensinamentos baha'is. Mas a verdade é que a mensagem que estes desenhos transmitem são muito interessantes.

Os baha'is não criticam a Igreja? Bem, isso é discutível. Há sempre um crente ressabiado que gosta de dizer mal da Igreja Católica, e outro que gosta de resmungar contra as próprias Instituições Baha’is. São casos pontuais, como nós sabemos; mas existem.

Por exemplo, na figura sobre o Terceiro Segredo de Fátima, há uma crítica a tudo quanto é segredo e mistério no campo da religião. Porque é que a mensagem religiosa não pode chegar na sua plenitude a todas as pessoas? Porque é que devem existir entre os crentes uns privilegiados, supostamente escolhidos por Deus, que sabem mais alguma coisa que outros?

Elise,
O livro tem vários cartoons onde a mensagem implícita é que "falta um pouco de bom senso". Vale a pena, pelo menos, folhear este livro. :-)

Anónimo disse...

Não suposto um bahai poder criticar a Igreja (não a religião)?

Elfo disse...

Eh pá, aquilo parecia mesmo ter sido escrito por mim, é o mesmo estilo...!

Marco Oliveira disse...

João,

A crítica é livre, seja às instituições ou aos ensinamentos.

Para mim a crítica às instituições baha’is, é como lavar de roupa suja. Nunca deve ser feita em público. Eu pefiro fazê-las directamente a essas instituições. Estas críticas estão ao nível dos assuntos de família que não devem ser do conhecimento de todas as pessoas.

No caso da crítica aos ensinamentos, estes podem e devem ser debatidos. Afinal, nós defendemos a livre e independente pesquisa da verdade.

Dina Domingues disse...

só tenho que ir agora à procura dele. gosto de livros deste género que falam de religião sem querer ser "mais papista que o papa". já tenho um idêntico sobre a vida de Jesus Cristo, que me facilitou bastante a explicação ao meu filho de quem poderá ter sido Jesus Cristo~(não é fácil).

Marco Oliveira disse...

Dina,
Este é o género de livro que eu te poderia oferecer. :-)

Mikolik disse...

Só para responder ao GH:

A Fé Bahá'í não aceita as uniões de facto, assim como não persegue aqueles que escolhem essa opção.
Esta é uma questão no panorama das leis sociais, diria, de 8ª, 9ª ou 10ª importância... ou menos!

Acho que as uniões de facto não são aceites, precisamente porque não ajudam a fomentar outras questões mais importantes e mais essenciais para o desenvolvimento social e individual humano, como são por exemplo os casos: da fidelidade, castidade, paciência, etc.

Anónimo disse...

quero comprar o livro "um Deus chamado Abbá", como faço?
agradeço

Marco Oliveira disse...

Anónimo,
Este livro foi editado em 2006. Não sei se ainda está à venda em Portugal.