domingo, 24 de setembro de 2006

O Papa e o Islão

Jorge Almeida Fernandes, na sua crónica de hoje no Público – "O Papa e o Islão" – cita vários jornais estrangeiros (incluindo alguns de língua árabe) e reflecte sobre a reacção do mundo islâmico ao discurso do Papa, na Universidade de Ratisbona.

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(...) Bento XVI interpelou intelectualmente o islão. Em lugar de uma resposta teológica ou histórica dos ulemas, houve uma explosão de violência, que alguns árabes denunciaram. "Aparecemos aos olhos do mundo como a nação de Drácula e não de Maomé, como a nação que na era do progresso científico nada mais sabe fazer do que inventar inimigos e pretextos para querelar com eles", lamentou o jornal árabe Elaph, editado em Londres.

(...) o Papa quis frisar o contraste entre a religião aliada à razão (logos) – o cristianismo – e outra em que Deus "é absolutamente transcendente" – o islão o que impede o exercício da razão no campo religioso. Também isto é algo redutor, pois há tradições opostas no islão, caso do sufismo.

(...) "Há ou não germes de violência nos textos sagrados? Há ou não, tanto no islão como noutras confissões, instâncias críticas que permitam uma hermenêutica livre – direito de interpretação – dos textos? Há ou não autoridades religiosas capazes e livres de enunciar um direito, de denunciar os excessos, de atacar o fundamentalismo?" (Henri Tinq, Le Monde)

(...) o Elaph denuncia os religiosos: "O que se exige ao Papa [pedido de desculpas] nunca ninguém o fez aos teólogos de Al-Zahar [universidade islâmica do Cairo]. Sua excelência Mohammed Tantawi, que dirige esta instituição suprema do islão [sunita] nunca se desculpou de nada. Manteve sempre um silêncio vergonhoso perante o terrorismo, ataca os ocidentais e os cristãos – incluindo os coptas do próprio Egipto, os cristãos do Iraque, do Sudão e de outros países árabes e muçulmanos"
(...)

5 comentários:

Anónimo disse...

Se eu tivesse um blog, gostava ter escrito algo semelhante!

Anónimo disse...

por muito que se escreva ou se critique, o que é certo é que se abusou da linguagem. e tendo em conta que ainda há pouco tempo tanto barulho se fez por causa de uma t-shirt !!!
penso que a igreja católica devia adaptar-se de uma vez por todas ao mundo de hoje e aceitar todas as outras religiões sem as "desconsiderar".
todas as religiões (diferente de fanatismo) acreditam na paz, no seu Deus e nenhuma é melhor do que a outra
já agora, sou católica, não praticante, se se considerar que "praticante" é somente ir à missa ou confessar-me

Anónimo disse...

Pois é, é este o mundo em que vivemos.
Posso não concordar com a intervenção do Papa no respeitante à célebre frase, mas o discurso dele foi mais do que isso.
Seria calamitoso se o Papa cedesse ao "pedido de desculpas", por tudo o que representaria em termos de cedências a certos indivíduos e grupos aberrantes.
Lamento que não tenha havido uma intervenção firme por parte de governos e instituições europeias. Não no respeitante às considerações efectuadas pelo Papa, mas na liberdade para o fazer.

Anónimo disse...

O papa deveria esta pregando a teologia da verdade onde todos devem ter a remissão divina

Anónimo disse...

Ora ora, vocês pensam que Papa não sabia o que estava a falar?
Acham que foi algo que escapou sem intenção? ,ou escapou com as melhores das intenções, tipo: nada pessoal mas...?
Os brasileiros sempre dizem que no calor da situação nunca se deve discutir, e é nesta situação que nós nos encontramos hoje em dia e é por isto que qualquer pessoa sensata, principalmente alguém de renome mundial, seja Papa ou qualquer outra pessoa, tem que ponderar naquilo que comenta.