quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Se me sucede algo que seja realmente mau...


...eu confio que o mundo não possa ser ilógico, não possa estar mal organizado, que as coisas sucedem por qualquer motivo. Como quando chego ao fim de um cálculo matemático, se ele não dá certo, alguma asneira fiz pelo caminho – multipliquei mal, somei mal alguma fracção, alguma coisa fiz. E, portanto, se algo me sucede na vida que seja realmente mau, que atrapalha tudo – em alguma coisa errei na minha maneira de ser e só me convém e compete reflectir sobre isso para ver se para o futuro não faço nada semelhante, sempre achando que algo posso fazer, que não tenho imunidade nenhuma. Tenho de ser ao mesmo tempo um ser forte com a noção exacta da minha fragilidade.

Agostinho da Silva, Vida Conversável, pag. 70

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora aqui está um bom ponto de vista para perceber que afinal, como alguns pensam, Deus não é mau nem deseja que a Sua criação seja masoquista.

Agostinho da Silva, acredito nisso, certamente em outra passagem também terá referido ao facto de que que o mal também é relativo, como tudo na vida, quem diz o mal diz a adversidade.

E será que ele disse que, esta vida não é uma meta, mas um meio ou uma etapa? Encarando as coisas desta forma percebemos que não há absoluta necessidade de viver a vida em busca do prazer. Citando um pensamento que encontrei na sabedoria Budista e que gosto muito de relembrar; dois caminhos se perfilam perante o homem, o sábio escolhe o caminho da felicidade, o idiota escolhe o caminho do prazer.

Matematicamente falando, eu diria que, no fundo há muitas contas que estão bem feitas, nelas o resultado é errado ou certo dependendo do referencial que tomamos.

Sempre gostei do Agostinho, e acho que ele tinha um pensamento muito próximo do essencial dos princípios bahá'ís, no que toca à espiritualidade, mas se calhar estou enganado...

Anónimo disse...

Encontrei, estava no meu blog... :-0
Só para que fique registado, a citação correcta é:

Dois caminhos se deparam em frente do homem. Pensando qual deles seguir, o homem sábio escolhe o caminho da felicidade; o idiota segue o caminho do prazer.
(Budismo: Katha Upanishad 2)