terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Mulheres e Crianças

"O mundo da humanidade possui duas asas: a masculina e a feminina. Enquanto estas duas asas não forem equivalentes em força, o pássaro não poderá voar. Enquanto as mulheres não atingirem a mesma condição que os homens, enquanto não puderem usufruir da mesma área de actividades, a humanidade não conseguirá realizações extraordinárias."

Um relatório recentemente divulgado pela UNICEF afirma que as crianças em agregados familiares liderados por mulheres estão melhor alimentadas do que as outras. O mesmo Relatório - baseado em inquéritos efectuados em famílias de 30 países - salienta que apenas no sudeste asiático, se as mulheres tivessem igualdade de oportunidades, seria possível reduzir em 13 milhões o número de crianças mal-nutridas.

Para a UNICEF, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres é um requisito para a redução da pobreza e melhoramento das condições de saúde, especialmente das crianças em países sub-desenvolvidos. Além disso, a falta de oportunidades para mulheres nas áreas da educação e emprego tem contribuído para o empobrecimento.

A UNICEF também sustenta que a condição da mulher na família encontra um paralelo no mundo da política; as mulheres estão pouco representadas nos parlamentos de todo o mundo devido a atitudes sociais, baixos níveis de escolaridade e grande carga de trabalho. A presença das mulheres nos governos tem geralmente como resultado políticas e acções centradas nas crianças e nas famílias.

Sobre este relatório, Kofi Annan, afirmou: "Não existe melhor ferramenta para o desenvolvimento do que uma eficiente capacitação das mulheres. A discriminação contra a mulheres, em todas as eras, tem privado as crianças do mundo – todas, e não apenas as meninas – da possibilidade de desenvolverem o seu potencial"

Para a maioria das pessoas no Ocidente, a noção de igualdade de direitos entre homens e mulheres é uma questão de senso comum. Apesar de ser uma vitória recente das nossas sociedades (quantas mulheres ocidentais tinham direito de voto há um século atrás?), poucas pessoas se atreveriam a colocar este direito em causa.

Penso que a maioria dos leitores deste blog acredita que este é um valor universal, e não específico de uma cultura ou sociedade; deveria ser aplicado globalmente, sem qualquer restrição ou reserva. Para mim é mais do que isso: é um princípio sagrado, explicitamente registado entre os valores básicos da religião Bahá'í. E quem é crente sabe que violar um princípio sagrado, é mais grave do que fazer algo contrário ao senso comum: é ir contra a vontade de Deus.

------------------------------
Relatório da UNICEF: State of the World's Children 2007 - Women and Children [2MB]

4 comentários:

Anónimo disse...

Eu acho que o mais importante é que se acabe com as descriminações. Se se chega lá por senso comum ou por convicção religiosa é neste caso o menos importante...ou não?

Anónimo disse...

João, claro que o importante é a meta, se vamos ao pé-coxinho ou de joelhos tanto faz, mas é natural que uma corrida seja a melhor solução.

O exemplo melhor para perceber que o desenvolvimento social é impossível sem religião está no comunismo. Aliás, se o comunismo tivesse uma componente moral/religiosa era quiçá uma ideologia quase perfeita.

Pretender educar o homem moral e eticamente sem a religião, é como querer que uma criança aprenda sem ter de ir à escola. Haverá quem o consiga, mas não a generalidade das pessoas.

Eu também, já fui ateu, e também abominei a religião, e mesmo hoje em dia prefiro dizer que sou uma pessoal espiritual do que religiosa, mas tenho que admitir que a verdadeira religião é a solução para os problemas básicos da humanidade em toda a esfera que minimamente se relacione com a sua parte sensível, ou seja, tudo o que tenha relação com os sentimentos, aspectos sociais ou éticos, como queiramos chamar.

Anónimo disse...

Caro Mikolik,
O comunismo nunca poderia resultar porque tal como dizia Bakunine: "Somos a favor do multipartidarismo, o nosso no poder, os outros na prisão".
Mais tarde a prisão era apenas um ponto de passagem para "o outro lado".
Acredito que para se estabelecer a igualdade entre sexos mais do que uma revolução (sempre contra alguém) deveremos ter uma evolução.
Hão de ser os homens e as mulheres em conjunto que compreenderão que a melhoria da vida dos seus filhos passa por uma melhoria na administração familiar - e a mulher é uma pequena empresária, mesmo que doméstica.
E não é preciso ser um Nobel da paz para compreender aquilo.
Desculpa lá aquela do comunismo, :-)

José Fernandes disse...

Ó João Moutinho, olha que o Bakunine não é exemplo de comunismo para ninguém, nem mesmo para os comunistas mais ortodoxos. Bakunine foi o "pai" do anarquismo, um movimento que considera o comunismo apenas um estádio na evolução social da humanidade.
A tua citação até é verdadeira, mas também hás-de compreender que temos de a contextulizar na época e não trazê-la para uma época como a nossa.
Na realidade os estádios de que fala Bakunine, são:
Monarquia-feudalismo, imperialismo, capitalismo, democracia, social democracia,(de salientar que o primeiro nome do partido comunista da união soviética era exactamente de "Partido Social Democrata) socialismo, comunismo e por fim a anarquia mas não no sentido prejorativo como chegou até nós.
A Anarquia como Bakunine a idealizava era o grau supremo da consciência humana em que eram abolidos os partidos por já fazerem falta e só criarem divisões entre os cidadãos, no fundo era uma sociedade sem partidos políticos nem policias do pensamento. No fundo era deixar que cada um escolhesse o caminho que desejava seguir sem ter de se submeter a nada nem a ninguém, ou seja era a suprema liberdade do homem. O Estado seria apenas uma simples figura de retórica como é hoje o presidente da república, ou seja existe mas é como se não existisse, pois a sua opinião valeria tanto como a de qualquer cidadão.
Como dizia o Mikolik, e, com razão, o estado social a que se referia o Bakunine, se tivesse a componente espiritual seria aceite em todo o mundo.
Ora isso não agradou a Karl Marx, Frederich Engels, Lenine nem a Estaline, no entanto teve a adesão de Trotsky que defendia a internacionalização do estado social em todo o planeta tornando assim todos povos unidos sob uma mesma bandeira com a consequente abolição de fronteiras e uma maior fraternidade universal. Poderás dizer que o Hitler preconizava o mesmo e, não te enganarias..., o engraçado da questão e que ele também lhe chamou "Nacional Socialismo ou Nazional Socialismo. Ou seja entre os "sociais fascistas"(comunistas de pacotilha) e os "nazionais socialistas"(nazis) as diferenças não eram assim tão grandes. Na verdade, essas idéias não colheram simpatias porque a componente espiritual e religiosa não estava contemplada, e assim o comunismo só se conseguiu implantar à base da força bruta e duma ditadura - que nunca foi do proletariado -, que veio substituir outra ditadura: a dos czars.
É aliás surpreendente que as nações que se dizem comunistas, não o são na realidade, são apenas simulacros grotescos de uns quantos ditadorsecos sobre os seus conterrâneos. Um estado comunista nunca deixaria que existisse o domínio do homem sobre o homem. É mais que óbvio que não há nenhuma nação democrática ou socialista, no mundo, quanto mais comunista.
Um abraço,
Elfo