quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

"Padecemos de atraso"

Dhiyaa Al-Musawi é um intelectual do Bahrain cujas opiniões sobre o extremismo islâmico apenas podem despertar a nossa admiração e aplauso. Numa entrevista à Abu Dhabi TV em Dezembro (ver aqui com legendas em inglês), este autor deixou uma mensagem muito clara às sociedades árabes: "Padecemos de atraso". Nessa mesma entrevista, Al-Musawi defende um humanismo tolerante do Islão em relação ao resto do mundo, e condena a lavagem ao cérebro a que tantos jovens muçulmanos são sujeitos com o objectivo de se tornarem bombas humanas.

Alguns excertos da entrevista:
... Não nos desenvolvemos ao ponto de admitir a derrota. Temos que admitir a nossa derrota cultural. No passado tivemos uma civilização na Andaluzia e noutras partes, mas hoje estamos a regredir – exportamos violência, aterrorizamos países inteiros, ameaçamos a segurança nacional, e muitas outras coisas...

...este problema tem raízes políticas, mas quem paga o preço? O país, a sociedade, a sociedade civil, e o jovem a quem é dito que tem virgens de olhos negros que o aguardam às portas do paraíso, e que tudo o que ele tem a fazer é explodir-se. Ele pode fazer explodir a sua família e filhos para obter as virgens do paraíso. Esta é a linguagem e a cultura da morte. Não nascemos neste mundo para morrer desta maneira. A beleza do homem está vida a favor da sua terra, e não em morrer matando outras pessoas...

Em minha casa, tenho uma imagem de Jesus, e sempre que olho para esta imagem, palavras de paz e amor abrem-se perante mim. Foi Jesus que disse: “Ama os teus inimigos, abençoa os que te amaldiçoam” Necessitamos esta linguagem de beleza na nossa sociedade. Também tenho uma imagem de Gandhi, que considero uma pessoa magnifica, e cuja [imagem] devia estar plantada nas mentes dos nossos jovens...

Alguns de nós dizem: "Que Deus amaldiçoe os Judeus e os Cristãos, descendentes de macacos e porcos". Isto é a linguagem do progresso? Isto é a linguagem do esclarecimento e da tolerância? Se você tivesse nascido em Roma, seria cristão, Se tivesse nascido em Teerão seria xiita, se tivesse nascido na Arábia Saudita seria sunita e assim por diante. Como seria maravilhoso se todas estas pessoas se unissem em amor em torno da mesa da humanidade...

Penso que se o Islão tivesse mais pessoas como o Dr. Dhiyaa Al-Musawi e menos radicais, a sua imagem no Ocidente seria tão popular quanto a do Budismo.

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A ler:
Transcrição completa da entrevista: An interview with Bahraini intellectual Dhiyaa Al-Musawi

8 comentários:

jcd disse...

Não é o único a defender estas opiniões. É uma pena que, pelo menos mediaticamente, homens como este estão em minoria no islão.

Anónimo disse...

O melhor deste video é a cara de espanto do apresentador quando pergunta: "Mas vocês ouve música?"

E o entrevistado lá lhe explica que Bethoven não é pecado...

Melhor que isto só o Gato Fedorento!

Anónimo disse...

E esta é demais!!!
http://photos1.blogger.com/x/blogger/419/1493/400/289679/247256_orig.jpg

Anónimo disse...

Uma lufada de ar fresco (no contexto do mundo árabe)!

Anónimo disse...

Já viram esta notíca:
Em Londres, uma escola financiada pelos sauditas editava textos de apoio onde se descreviam os judeus como "repugnantes" e os cristãos como "porcos". Nesses textos, todas as outras religiões são consideradas inuteis.

Pergunto-me o que é que os ingleses estão à espera para fechar este tipo de escolas.

Joaquim Baptista disse...

Estou sempre com um pé atraz com esta gente

Mikolik disse...

Parece paradoxal esta nossa posição bahá'í, de não obstante sermos perseguidos pelos Muçulmanos, mesmo assim perdemos tempo a limpar a imagem do Islamismo... pois, mais realmente é um paradoxo aparente, porque não são os Muçulmanos que atacam os bahá'ís, mas sim gente intolerante e preconceitoosa que de muçulmanos têm muito pouco ou mesmo nada... assim como os padres da santa inquisição que de cristãos tinham apenas o nome.

José Fernandes disse...

Se não soubessemos quem está a escrever isto, eu diria que seria alguém de expressão Bahá'í