segunda-feira, 19 de março de 2007

Os Media e o tratamento do Fenómeno Religioso (1)

O que se segue são os meus apontamentos da intervenção de Mário Robalo numa mesa redonda dedicada ao tema "Os Media e o tratamento do Fenómeno Religioso", realizada durante o colóquio "A Religião fora dos Templos". Tratam-se de apontamentos pessoais que podem não representar fielmente as palavras deste jornalista.
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Mário Robalo

Qual o relacionamento dos jornalistas com as hierarquias religiosas? Sabemos conviver com o que é minoritário e novo?

Nos media portugueses, a religião é tratada de forma superficial. Compare-se o destaque que se dá a notícias do tipo "A população da aldeia está contra o pároco por causa das obras na capela" com a atenção que recebeu o mais recente documento publicado pelo Papa.

O tipo de notícias dedicado à religião é quase sempre uma repetição das fontes oficiais. Há um respeito (quase uma fidelidade) para com as hierarquias de todas as religiões. Não há uma visão crítica, e raramente se vêm debates ou trocas de opiniões. Por exemplo, ninguém quer saber o que pensa um bahá'í sobre o mais recente documento do Papa.

Em alguns grupos religiosos há pouca consistência e isso confunde o jornalista; essa confusão pode depois continuar sempre que se aborda o fenómeno religioso. Por vezes, os media também têm dificuldade em perceber o que há de relevante nas actividades das comunidades religiosas.

Seria interessante fazer um estudo sobre a quantidade de referências à Igreja Católica e a quantidade de referências feitas a outras confissões religiosas, no media portugueses. Nos media ingleses há muito mais diversidade de opiniões e de participações. Quando se pede a opinião a um anglicano, geralmente pede-se também a um luterano, a um católico, a um muçulmano, etc.

3 comentários:

Pedro Fontela disse...

A informação dada pela maioria dos orgãos de comunicação (inter)narcionais não é trabalhada. Muitas vezes vai em bruto tal e qual saiu da agência mãe (a reuters, france press e outra que não me lembro). As pessoas é que têm que exigir mais especialmente na imprensa escrita que é o orgão de preferência para aprofundamento das questões.

«Por exemplo, ninguém quer saber o que pensa um bahá'í sobre o mais recente documento do Papa.»

Eu acho que ninguém quer saber o que os católicos pensam do novo documento do papa lol

um abraço,

Anónimo disse...

Boa pergunta!
O que pensas do novo documento do Papa?
Aquilo da missa em latim e com coro gregoriano vai dar que falar.

Marco Oliveira disse...

GH,
Em primeiro lugar, o novo documento do Papa é um assunto interno da Igreja Católica. Talvez por isso, não acompanho o assunto com muita atenção.

Apesar de não ter lido o documento, percebo que está a causar polémica entre os católicos, pois há muitos que acham que se trata de um retrocesso em relação ao Vaticano II.

Mas, falando sinceramente, eu tinha que ler o documento com cuidado para perceber o que há de desinformação no meio de tudo isto. Acontece que há muitas outras coisas que quero ler e tenho pouco tempo.