quinta-feira, 19 de abril de 2007

O Islão Secular



A Conferência do Islão Secular é uma organização dedicada a levar o Islão às suas raízes iniciais de moderação, tolerância e aceitação. No início do mês de Março, durante a sua Convenção em St. Peterburg (Florida), esta organização publicou a seguinte declaração (texto em inglês):


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Declaração de St. Petersburg,
Emitida pelos delegados da Conferência do Islão Secular
St. Petersburg, Florida, 5 de Março de 2007

Somos Muçulmanos seculares, e pessoas seculares de sociedades muçulmanas. Somos crentes, cépticos e descrentes, unidos por uma grande luta, não entre o Ocidente e o Islão, mas entre o livre e o não-livre.

Afirmamos a liberdade inviolável da consciência individual. Acreditamos na igualdade de todas as pessoas humanas.

Insistimos na separação entre religião e o Estado e na observação dos direitos humanos universais.

Encontramos tradições de liberdade, racionalidade, e tolerância nas ricas histórias das sociedades pre-islâmicas e islâmicas. Estes valores não pertencem aos Ocidente ou ao Oriente; são uma herança moral comum da humanidade.

Não vemos colonialismo, racismo, ou a chamada “Islamofobia” na submissão das práticas islâmicas à crítica e à condenação quando estas violam a razão e os direitos humanos.

Apelamos aos governos do mundo que:
  • Rejeitem a lei da Sharia, as fatwas dos tribunais, o domínio clerical e a religião apoiada pelo Estado em todas as suas formas; oponham-se a todas as punições para a blasfémia e apostasia, de acordo com o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos;
  • Eliminem práticas como a circuncisão feminina, mortes de honra, o uso forçado do véu, o casamento forçado, e a opressão das mulheres;
  • Protejam as minorias sexuais e de género da perseguição e violência;
  • Reformem a educação sectária que ensina a intolerância e fanatismo contra não-muçulmanos
  • E que fomentem um ambiente público em que todos os assuntos possam ser discutidos sem coerção ou intimidação.
Exigimos a libertação do Islão do cativeiro de ambições totalitárias de homens sedentos de poder e das estruturas rígidas da ortodoxia.

Convidamos académicos e pensadores em toda a parte a lançarem-se numa análise destemida das origens e fontes do Islão, e a promulgar os ideais da livre investigação científica e espiritual através da tradução transcultural, publicação e media.

Dizemos para os crentes Muçulmanos: existe um futuro nobre para o Islão como fé pessoal, não como doutrina política;

Para Cristãos, Judeus, Budistas, Hindus, Bahá'ís e todos os membros de comunidades de fé não-Muçulmana: estamos ao vosso lado, enquanto cidadãos livres e iguais;

E aos não-crentes: defendemos a vossa liberdade incondicional para questionar e abandonar [a fé].

Antes de algum de nós ser membro da Umma, do Corpo de Cristo ou do Povo Eleito, é membro de uma comunidade de consciência, um povo que deve escolher por si próprio.

Assinado por:

Ayaan Hirsi Ali
Magdi Allam
Mithal Al-Alusi
Shaker Al-Nabulsi
Nonie Darwish
Afshin Ellian
Tawfik Hamid
Shahriar Kabir
Hasan Mahmud
Wafa Sultan
Amir Taheri
Ibn Warraq
Manda Zand Ervin
Banafsheh Zand-Bonazzi


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COMENTÁRIO: Não posso deixar de notar alguns nome sonantes entre os subscritores deste documento. Mas será isto um sinal de que algo vai mudar? Se sim, que impacto terá este pequeno movimento em milhões de muçulmanos em todo o mundo? Se esta organização ganhar popularidade e crescer pelo mundo islâmico poderá atenuar as tensões mundiais?

6 comentários:

Anónimo disse...

A derrota do fundamentalismo islâmico passa pelo apoio a este tipo de organizações.
Com invasões e guerras não vamos lá (isso era óbvio e agora é cada vez mais evidente).

Se as TV's e jornais ignorarem este tipo de organizações, então apenas estão a ajudar o fundamentalismo e o terrorismo.

Anónimo disse...

Eu bem gostaria que esta iniciativa desse alguns resultados. Mas espero para ver.

A importancia desta declaração depende muito das acções desta organização. Temos de ver se vão tomar medidas práticas, ou se é apenas um acto de relações públicas para aliviar as consciências (e beneficiar a imagem) de algumas pessoas conhecidas.

Só palavras não chegam; é preciso actos, para que o Ocidente perceba que o Islão é mesmo uma religião de paz.

FMorais

Anónimo disse...

Será que estes "moderados" reconhecem a fé bahá'i também como sendo uma Religião e com tudo que tem direito.
Quero ver estes "moderados" islâmicos!!!

Anónimo disse...

Oxalá estes moderados tenham algum sucesso.
Se não forem eles, o Islão acabará por morrer.

Anónimo disse...

Caros amigos,

"José Afonso", figura ímpar da cultura portuguesa, que trilhou, desde sempre, um percurso de coerência na recusa permanente do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo salazarista e pela liberdade e democracia, é tema de um selo que está em 5º lugar. Precisamos do voto de todos para que se faça um selo em sua memória e em memória da Liberdade.
Num período de exaltação de valores salazaristas, devemos contrapor com os nossos defensores de Abril!

“Venham mais cinco!!
Traz um amigo também!”


VOTA
[aqui]

Abril, SEMPRE!!

Davide da Costa

Anónimo disse...

os nomes sonantes são de EX-muçulmanos e de fora não se muda nada. È pena, mas não parece que este movimento vá longe apesar da boa vontade.