domingo, 17 de junho de 2007

O Novo Aeroporto de Lisboa

Excerto do artigo de opinião de Miguel Sousa Tavares publicado ontem no Expresso (os sombreados são meus):
"Tenho hoje quase a certeza que a Portela não está saturada, ao contrário do que dizem, inocentemente ou não. Não está saturada hoje e não estará se, e quando, houver TGV e ele vier retirar à Portela um grossa fatia de passageiros com origem ou destino no Porto e Madrid. E tenho a certeza de que as dificuldades de estacionamento na Portela se resolveriam com a anexação de terrenos de Figo Maduro.

Tenho a certeza que a melhor solução para Lisboa, no caso de saturação a prazo da Portela, seria a sua manutenção a par de um aeroporto alternativo, modesto e fácil de pôr em funcionamento, como sucede em todas as grandes capitais europeias com grande movimento aéreo. A “Portela +1” seria a solução mais fácil, mais rápida de executar, que melhor serviria os interesses da cidade e dos seus habitantes e de longe a mais barata para os contribuintes.

Tenho quase a certeza que, se a solução “Portela +1” Não foi contemplada no estudo da CIP nem no período de reflexão concedido pelo Governo, tal se ficou a dever a um acordo entre a CIP e José Sócrates. E tenho a certeza de que essa solução, justamente porque sairia infinitamente mais barata, é a que menos interessa ao sector financeiro, às sociedades de advocacia de negócios e de influências, e ao sector empresarial que está habituado a só fazer grandes negócios quando eles envolvem obras públicas. Não custa a perceber que o Governo do PS tenha aceite este compromisso com a CIP, desde que de fora ficasse a solução mais simples, e que o PSD não tenha esboçado um protesto por não se falar na hipótese da terceira solução. Estão em jogo os interesses dos grandes financiadores do «Bloco Central» - essa eterna tratação entre dinheiros públicos e interesses privados, que traz cativa, de há muito, a capacidade de desenvolvimento do país. Não percam tempo a perceber se há mais interesse envolvidos na Ota ou em Alcochete: bilião a mais ou a menos, o que interessa é quererem um novo aeroporto, megalómano, de raiz e tão caro quanto possível."
Concordo a 100%!

13 comentários:

ELCAlmeida disse...

Meu caro,
Vim aqui para satisfazer o teu pedido sobre o porquê do Dia da Criança e o que aconteceu à 31 anos. Para não ir mais longe e porque sinteticamente o Nl explica deixo-te aqui o acesso: http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=18052&catogory=Manchete
Entretanto e sobre este apontamento concondo, também, com MST e preocupa-me se Alcochete/Benavente não é mais areia para os olhos porque como se entende que os autarcas do oeste entram quase a chorar e saiam quase felizes e com a garantia do Ministro para não se preocuparem.
Onde há fumo estranho, mais fogo estranho há. E Alcochete parece-me fogo fátuo.
Cumprimentos
Eugénio Almeida

Marco Oliveira disse...

Eugénio,

Eu lembro-me cada vez mais da novela "O Bem Amado".

O perfeito Odorico Paraguaçu queria à viva força construir é inaugurar um cemitério. Conseguiu construí-lo e depois não conseguia fazer uso dele porque ninguém morria.

Foi o que se fez com os estádios do Euro 2004 que hoje estão às moscas.
E é o que se quer fazer com mais esta obra descomunal.

Neste país tenho a sensação que as decisões políticas estão nas mãos de personagens semelhantes a Odorico Paraguaçu.

Fechem-se as escolas, os centros de saúde, as fábricas, cortem-se as reformas... mas o novo aeroporto será uma obra grandiosa e tem de ser construído!

Pedro Reis disse...

Está muito bem vista Marco essa tua associação ao perfeito Odorico Paraguaçu :-)

Como sabes sou controlador de tráfego aéreo precisamente na Portela, e queria aqui deixar claro que a necessidade de um novo aeroporto é incotornável e absoluta.

Do ponto de vista aeronaútico a OTA também não é boa opção, pela existência de alguns montes e muito nevoeiro em demasiados dias por ano.

A opção "Lisboa + 1" tem também muitos contras, e entre eles um grande que é não libertar Lisboa da megalitica infra-estrutura que está quase no seu centro, o aeroporto da Portela. Não deve haver uma cidade no mundo com as dimensões de Lisboa que tenha um aeroporto tão dentro do seu centro populacional, muito menos uma capital.

Ainda, Milão tem dois aeroportos e tipo "Milão + 1", que criou imensos problemas, isto porque as companhias aéreas querem sempre voar para o aeroporto mais próximo da cidade.

Marco Oliveira disse...

Pedro,
Eu não percebo essa necessidade de "libertar" Lisboa.
Não percebo porque é que não se faz um estudo comparativo com a opção "Portela+1".
Porque é que esta opção é uma carta fora do baralho logo à partida?

Uma coisa é dizer que é necessário responder às necessidades crescentes das companhias aéreas; outra coisa é dizer que isso obriga a construir um novo aeroporto e a destruir o existente.

Quando há 2, ou mais, aeroportos é natural que as companhias tenham preferências. Mas não é por causa disso que se deve ter apenas um aeroporto (e grandioso!)

Londres tem 3 aeroportos; ainda me lembro de quando a TAP não podia voar para Heathrow. Paris tem 2 aeroportos. Creio que para um deles é apenas a Air France que voa. Atenas tb tem um aeroporto no centro da cidade. Milão teve um problema com a localização do 2º aeroporto. Mas quantas cidades alemãs têm um 2 aeroportos (Principal+Secundário) ?

Se querem mandar abaixo a Portela, porque é que estão a construir o Metro para lá?

Tudo isto cheira demasiadamente a mais um favor aos especuladores imobiliarios e financiadores das campanhas dos grnades partidos.

Anónimo disse...

Estas discussões sobre o novo aeroporto parecem-se cada vez mais com as conversas sobre futebol em que todos são treinadores de bancada.
Agora que o processo está a ser terrivelmente mal conduzido pelo governo, isso está, de tal forma que todas as suspeições acabam por ser fundamentadas.
Também é ridiculo ver os autarcas do oeste, e outros da região (nomeadamente o de Leiria), indignados por o aeroporto poder não ficar na zona deles. Às vezes até me esqueço que estamos a falar do aeroporto de...LISBOA!!!

Pedro...o aeroporto em Alcochete dava-te mesmo jeito, não;-)?

Anónimo disse...

Se isto parece uma discussão sobre futebol, é porque alguns dos nossos governantes tratam do problema da construção do aeroporto como se fosse um contratação de uma vedeta para um grande clube de futebol.

Eles abriram a porta à confusão; agora andamos todos desconfiados. Aliás, o ministro Mário Lino hoje já diz que até pode considerar a hipótese Portela+1. Quando a esmola é grande...

ELCAlmeida disse...

Caro Marco
Sobre este assunto escrevi um apontamento hoje que mais não é que a súmula de várias questões e algumas quase (minhas) respostas.
Cumprimentos
EA

Pedro Reis disse...

igkkhEpá, sinceramente, +1? Ou mais +0,5?
Não pensem que o aeroporto da OTA é uma coisa colossal, tem capacidade máxima para 80 movimentos por hora! Isso é a mesma coisa que a Portela, ou seja, a Portela tem uma pista e faz 40 movimentos, o projecto da OTA com duas pistas faz o dobro. Por isso é que o projecto da OTA é obsoleto depois de 15 anos de utilização, e pior, devido a limitações orográficas não se pode expandir.
Não se pense que "Portela +1" possibilita fazer um aeroporto novo de pequenas dimensões logo mais barato, o novo aeroporto tem que ser sempre grande e com capacidade de ampliação.

Mas é como o João diz: parecemos os treinadores de bancada. Porém neste assunto asseguro-vos eu sei o que estou a dizer...

Mais uma coisa; eu até vejo que o Governo sabe o que está a fazer, e o Mário Lino até disse muita verdade com aquela conversa do deserto, mas realmente temo que os lobbie, as pressões, as tretas do costume estejam a condicionar o bom senso, é triste, mas é a realidade do mundo actual.

José Fernandes disse...

Olha que engraçado, o "Povo de Bahá" a defender o Miguelito, numa altura em que até o ministro dos desertos, (parece que vai passar o ministério para as Ilhas Desertas) antes que os espanhóis tomem conta daquilo, como os ingleses tomaram conta do rochedo de Gibraltar. Pois, falando de aeroportos, lembro-me de que a Covilhã tem para ali um aeródromo que foi ampliado há uns anitos para permitir voos charter, Viseu e Braga tem cada um o seu e estão todos à espera da época dos incêndios porque a ANA resolveu encerrá-los de vez. No caso da Covilhã, aquilo até está a ser sub-aproveitado para o Curso de Engenharia Aeronautica, os outros não faço a mínima idéia para que servem. Parece que todos os viajantes se dirigem para Lisboa ou Porto para tratarem de negócios, o que não é verdade, muitos são os Prfessores e Médicos que se deslocam para Lisboa para de seguida terem de vir pela A23 para a Covilhã, outros para Coimbra, pela A1. O Miguelito faz muita confusão naquela cabecita que só vê o Porto e pouco mais. A reboque do psd e do cds lá vai "amandando" umas bocas, mas poucas, que isto de apoiar deus e o diabo tem que se lhe diga. Já todos vimos o MST a defender o indefensável e puxar pelos galões de Advogado do diabo várias vezes. Não vi, até agora, o MST a defender esta ideia do P+1. Só quem não viveu ou vive em Lisboa sabe o transtorno que causa ter um aeroporto dentro da cidade. Porque raio se não transforma o aeroporto militar da Nato em Beja num aeroporto que até tem as condições practicamente todas para avançar?... Pois é aquilo deve ser o Saara do Noroeste, e as acessibilidades, etc. e tal... Pois é, o Miguel Sousa Tavares até pode ter lá as suas razõeszitas mas conhecendo a "peça" de outros carnavais, deixem-me dizer que aquele advogado/jornalista/opinionmaker/treinador de bancada/não sei o quê, também não dá ponto sem nó. Quem está a tratar este assunto como futebol e a criar treinadores de bancada é exactamente o miguelito..., ou não fosse ele também um treinador de bancada que só vê o FCP e o PC como os salvadores da nação. Só falta mesmo vir o Vasco Pulido Valente a botar faladura..., mas há-de aparecer!

Anónimo disse...

Caros amigos,

Tudo o que se "vê, ouve ou sente" relativamente a este assunto é apenas uma questão política. Por um lado temos um grupo que aposta (veremos no futuro se não deveria ter utilizado o termo apostou) numa localização - OTA; por outro lado temos outros grupos que claramente apostam em outras localizações - Rio Frio, Poceirão, Alcochete, pouco falta alguém vir falar das Desertas como possível localização.

A questão mais básica é se na realidade a construção de um aeroporto novo é sustentável do ponto de vista económico. A realidade é que os custos com este novo aeroporto vão ser suportados ou pelos Portugueses ou pelas taxas de utilização (leia-se utilizadores finais), mas também temos de adicionar ao custo da obra o custo de exploração, e analisar se este é suportado por essas mesmas taxas.

Creio que acima de qualquer discussão esta questão deveria ser esclarecida em termos numéricos.

Em segundo lugar, se lermos alguns estudos que apontam a solução Portela+1 (à qual devo afirmar sou mais favorável) o conjunto pode obedecer a uma lógica de mercado, isto é, na Portela poderiam ser aplicadas taxas mais elevadas que num aeroporto periférico. Isto torna-se exequível se tomarmos como base a realidade que se verifica com o aumento do número de voos das companhias ditas "low-cost". Pelo contrário desmantelar a Portela e criar um aeroporto novo vai criar uma estrutura igual à actual, e como dizia o amigo Pedro, sem grandes possibilidades de expansão; criar uma infraestrutura aeroportuária com uma vida útil inferior a 30/40 anos sem expansão e com potencial de duplicar/triplicar com facilidade a sua capacidade, soa a "despesismo".

Em que ficamos? Muito simplesmente com uma grande dor de cabeça. Porque na realidade por mais estudos que se façam (comparativos ou não) vamos chegar sempre a conclusões tão dispares quanto as realidades que representam e aí iremos concluir que não podemos chegar a conclusão nenhuma.

Mas creio que a solução é mais simples que parece e correndo o risco de me contradizer, acho que deveríamos parar e reflectir, ou melhor, consultar.
Chegar a uma conclusão que partisse do princípio de que a construção desta infraestrutura, que faz falta - nisso concordamos, independentemente da opção, deverá inevitavelmente obter consenso de todos os partidos políticos e da sociedade em geral, isto para que no futuro, daqui a 10 anos ou mesmo antes ou até porque não no meio da Obra, não aconteça um "Alqueva" (na Ota, no Poceirão, em Rio-Frio ou em Alcochete) e que seja mais um "objecto" de arremesso político, uma mão cheia de areia, que sirva quando necessário para nos distrair dos verdadeiros problemas.

Mas lanço aqui algumas questões:
- Quanto custa cada uma das soluções? Tanto na construção como na exploração.
- Quais as reais implicações a nível socio-económico para os locais de implantação?
- Qual a vida útil da infraestrutura? E capacidade de expansão?
- A quem pertencem os terrenos escolhidos para implantação? E à quanto tempo?

Uma consulta geral deve ser instigada e nós enquanto Portugueses temos o dever de instigar esse debate.

Um grande abraço,

Alfredo

Anónimo disse...

Uma confidência - se quiserem, uma confissão: Não sou "fã", técnico, especialista, nem ao menos muito amigo de aeroportos. (É coisa que me causa tantos engulhos e fadiga como o frequentar repartições públicas, hospitais ou o Oceanário de Lisboa mais de uma vez em cada 2 anos). Potanto, não percebo de aeroportos - ao contrário do que suponho acontecer com a maioria dos demais "comentadores" - nem é coisa que me interesse além da medida da necessidade de ter de os utilizar às vezes. Posto isto:
Cá por mim, essa de "Lisboa+1" vai ser como algumas modas: Há-de passar. Outra coisa: Nunca me "exufrei", nem pensei estar em qualquer país do terceiro mundo, com os 45-50 minutos de viagem de metro de Heathrow ao centro de Londres. Também - outra confissão - excito-me com a idéia de que vou ter um aeroporto ou, pelo menos, uma estação de metro à porta, sempre que vejo abrir um buraco na minha rua.

FL disse...

Os ricos têm de ficar ricos.
Concordo com o MST.

Anónimo disse...

O Tejo é o melhor aeroporto que conheço.

Construir um novo aeroporto, com que dinheiro?

Para que servem os hidroaviões?

E os aviões híbridos?

O Tejo é o melhor.