terça-feira, 18 de setembro de 2007

Lutar contra os mortos

As notícias das humilhações e agressões a Bahá’ís no Egipto e no Irão são uma triste rotina deste blog. Confesso que me chateia publicar ciclicamente textos sobre estes assuntos. Parece que é sempre a mesma coisa e não saímos disto. Mas sinto que não posso deixar de o fazer, mesmo que isso cause algum desinteresse nos leitores deste blog.

Mas no meio deste tipo de notícias, ainda há aquelas que – pela irracionalidade dos factos – me conseguem surpreender. É o que acontece agora com a notícia da destruição de um cemitério Bahá’í em Najafabad, uma localidade nos arredores de Isfahan. Ali estavam sepultados vários mártires vítimas das perseguições de 1848-1850, assim como membros de famílias bahá’ís falecidos durante os ataques a residências bahá’ís em Maio de 2006.

No passado dia 15 de Setembro, a agência Iran Press News noticiou que, em Najafabad, várias pessoas, usando equipamento pesado e bulldozers, destruíram todas as sepulturas e arrancaram as árvores do cemitério Bahá’í. Apenas terminaram quando todo o cemitério ficou arrasado e todo o vestígio de sepulturas bahá’ís tinha sido eliminado.

Que gente é esta? Que tipo de mentalidade têm? Não haverá limites para a irracionalidade do fundamentalismo? Depois de lutar contra os vivos, também têm de lutar contra os mortos? Que mal lhes fizeram os mortos? Quem serão os próximos inimigos? As sombras dos bahá’ís? O ar que eles respiram?

Sabemos que a sua animosidade contra os bahá’ís dura desde o Séc. XIX. Os motins, os raptos e as execuções, têm sido constantes na história dos bahá’ís no Irão. Nas últimas décadas, a situação manteve-se: os despedimentos, as expropriações, as detenções sem culpa formada, as humilhações, as discriminações contra crianças e jovens que frequentam a escola... tudo isso tem sido tem feito parte da vida dos bahá’ís iranianos.

Mas se a história das perseguições aos bahá’ís no Irão mostra alguma coisa, é que a religião bahá’í não perde força quando é vítima de hostilidades. Se alguém fica a perder com este acto são os iranianos que o perpetraram, e em última análise, a imagem do Islão aos olhos do Ocidente.

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ACTUALIZAÇÃO

Alguns dias depois desta notícia ter aparecido na Iran Press News, de ter sido referida por vários blog e circulado em vários emails, veio finalmente a sua confirmação oficial, acompanhada de uma foto do cemitério agora destruído (em baixo). A notícia está no BWNS.

3 comentários:

Elfo disse...

Desculpa amigo mas tranladei o teu post para o meu blog. Espero que te não zangues comigo.
Um abraço.

Marco Oliveira disse...

No problem!
:-)

João Moutinho disse...

Se o grande Rei Ciro visse isto, lamentá-lo-ia certamente.