sábado, 12 de janeiro de 2008

Romper o ciclo das cunhas

Henrique Monteiro, escreve hoje no Expresso a propósito da compra de um convento em Setúbal (convertido em prisão), por António Lamego, ex-sócio do actual ministro da Justiça, Alberto Costa.

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Eu sei que isto pode parecer lunático, sobretudo em Portugal, mas enquanto não houver aquilo que Mário Soares costumava designar por 'sobressalto' - uma atitude radical e exemplar contra esta espécie de submundo de interesses económicos cruzados com a política, onde lóbistas subterrâneos conseguem o que querem, como querem, tantas vezes às custas dos contribuintes - o desenvolvimento do país continuará em crise.

Não há pior para a economia do que esta desconfiança em que nada se obtém com esforço e tudo se consegue com cunhas.

Alguém tem de romper o ciclo

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COMENTÁRIO: A quantas outras situações se aplicaria estas palavras de Henrique Monteiro? Ao TGV? À construção do novo aeroporto de Lisboa? Aos estádios do Euro 2004?

1 comentário:

Héliocoptero disse...

A dificuldade maior é o facto de as cunhas, os favores, o tráfico de influências e o mexer de cordelinhos serem um «modus vivendi» da generalidade dos portugueses. O que a classe dirigente faz mais não é do que a realidade diária de um país onde quase todos arranjam empregos, licenciamentos, anulação de multas, colocações, promoções, rapidez ou suspensão de processos, financiamento, boas notas e outras coisas mais por via de cunhas e favores.

É um fenómeno generalizado porque a mentalidade dominante em Portugal ensina que a corrupção é aceitável desde que possamos todos tirar partido dela. Caso contrário, há problemas, ou quantas vezes não se soube as verdades porque uma das comadres deixou de receber a sua parte?

Neste país não há convicção moral que diga que uma coisa não se deve fazer porque é errada. Neste país há o discurso da inveja que diz que um só pode ter uma coisa se todos tivermos.