quinta-feira, 8 de maio de 2008

Richard Dawkins e A Desilusão de Deus (1)


INTRODUÇÃO


Richard Dawkins: Britânico, biólogo, ateu, céptico, crítico do criacionismo... Tornou-se mundialmente famoso com o livro A Desilusão de Deus (publicado no Brasil com o título “Deus, um delírio”). Já vendeu mais de 1,5 milhões de exemplares em todo o mundo; foi publicado em Portugal em Outubro de 2007 (Editora: Casa das Letras) e já vai na 4ª edição. Com este livro, tornou-se um autor odiado por uns e admirado por outros. Penso que não estarei muito longe da verdade se disser que é difícil encontrar alguém que se interesse por religião e seja indiferente a Richard Dawkins (mesmo que não conheça com rigor as suas opiniões).

O livro aborda diversos temas: afirma a grande probabilidade da não existência de um Deus sobrenatural, declara a crença em Deus como sendo uma ideia falsa que tem persistido, mostra como a moralidade não tem origem na Bíblia, aponta os diversos problemas provocados pelo fanatismo religioso em todo o mundo, e confrontam diversos ensinamentos e crenças religiosas com a razão e a ciência.

Ao longo do texto, o professor Dawkins - que reconhece a sua fama de ter uma atitude beligerante em relação à religião [p.336] - mostra-se um autor claramente mais amadurecido do que Sam Harris; raramente cai num anti-religiosidade primária; o seu estilo de humor não é sarcástico; é um entusiasta da ciência (embora não advogue um pensamento estreitamente cienticista. [p.195]) e não procura “espiritualidades alternativas”.

Com um estilo de escrita claro e apaixonado - não lhe chamem fundamentalista! -, A Desilusão de Deus é um desafio a quem quer que professe uma qualquer religião. Como qualquer bom livro, o autor leva o leitor a pensar e a reflectir. Conseguimos definir Deus? Que tipo de entendimento fazemos das Sagradas Escrituras? Afinal como pode a fé tornar-se compatível com a razão e a ciência? Porque é que a fé religiosa deve ser inquestionável? Porque é que a fé religiosa se sente abalada quando confrontada com a ciência? Porque não procurar nesse confronto um impulso para uma renovação da própria religião?

Para mim “A Desilusão de Deus” é dos melhores livros sobre religião que li nos últimos meses. Discordo de algumas opiniões do Professor Dawkins; mas partilho de muitas das suas análises e preocupações. Ao longo das próximas semanas vou publicar aqui uma série de comentários ao livro “A Desilusão de Deus”. Espero um bom debate.

8 comentários:

Orlando Braga disse...

Essa visão "bonacheirona" sobre o livro não faz sentido -- ou "há gato com rabo escondido". Eu comprei o livro, li-o, e dei por mal empregue o tempo. O resumo da minha opinião está em http://espectivas.wordpress.com/2007/12/10/o-apocalipse-de-dawkins/

Marco Oliveira disse...

Orlando,
Obrigado pelo link.
Não acredito que seja possível rejeitar todas as ideias contidas neste livro. Por exemplo:
1. O fanatismo religioso é ou não um perigo em diversas sociedades?
2. Existem, ou não, correntes religiosas que têm dificuldade em adaptar-se ao progresso científico?
3. Existem, ou não, religiões que ensinam que não se devem questionar os seus ensinamentos e que devem estar imunes a críticas?

Há evidentemente, coisas com que eu não concordo. O Prof. Dawkins é um Biólogo e a a sua perspectiva é demasiado darwinista; eu preferia que o livro falasse um pouco mais de Copérnico e menos de Darwin. E em diversas ocasiões ela pretende atacar as religiões; na verdade, apenas consegue atingir crenças dogmatizadas. Além disso, cai demasiadas vezes na facilidade de criticar as interpretações literais da Bíblia.

Anónimo disse...

Um baha'i a falar de Dawkins! Finalmente uma coisa interessante!
E eu pensava que vocês só falavam de dos vossos princípios genéricos e não saiam disso...
Voltarei para ver e ler com os meus próprios olhos.

Héliocoptero disse...

Venham lá esses comentários ao livro, Marco, que nós cá esperamos pelo debate ;)

Anónimo disse...

Satisfaz-me a ideia de que considera a hipótese de os bahá'is serem - e para sua surpresa! - um "bocadinho" mais abrangentes do que supunha. Nem sempre se cingem aos seu (deles, bahá'is) umbigo, muito pelo contrário!!!
Se se der ao trabalho de passear por este blog encontrará muitos motivos para mudar de opinião, "labels" variados não lhe irão faltar.
Atrever-me-ía também a aconselhá-la a conhecer uns tantos mais (bahá'is)!
É porque tomar a parte pelo todo (seja em que quadrante for) pode ser demasiado redutor e limitativo, induzindo a interpretações enganosas e/ou perigosas.

Anónimo disse...

Naturalmente o meu comentário era dedicado a "ana" (que parto do princípio pertença ao género feminino, embora se usem nicknames que podem induzir-nos em erro).
;-)

alexbr82 disse...

Penso que a razão principal do Dr. Dawkins descordar completamente com as religiões mundiais é a perspectiva evolucionista do mundo e a origem das espécies. Como Baha'i confesso que nesse aspecto ainda não consegui achar uma lógica que combine a origem das espécies com as palavras do Mestre. Para mim essa é uma das poucas e verdadeiras grandes questões que aparentemente não confirmam o equilíbrio entre a ciência e a religião. Alguma ideia inovadora?

Anónimo disse...

Olá,

Na minha perspectiva Dawkins preocupa-se em demasia pelo Deus criado pelo ser humano, portanto um Deus relativo.

O efeito é óbvio, ele cria para si próprio um véu que não o deixa "ver" o Deus verdadeiro, o absoluto, Criador de toda a vida.

O universo está aí! Não se pode conceber um efeito inteligente sem uma causa inteligente, isto é básico.

Portanto a óptica de Dawkins´sofre de míopia!!!

Abraços a todos.
Jorge