sábado, 26 de julho de 2008

Barack Obama


No início de 2007, um amigo americano residente em Portugal dizia-me: "Há um candidato à Presidência dos Estados Unidos que me parece muito especial... É um orador fantástico. Fala como se fosse um estadista. É pena ser tão novo." Não me enganei quando percebi que ele se referia a Senador Barack Obama. Creio que foi desde esse momento que comecei a acompanhar com interesse especial a sua campanha presidencial.

O livro "A Audácia da Esperança" foi publicado em Portugal no início das primárias nos EUA, e permitiu-me conhecer as ideias de Obama. Ao longo desse livro pude descobrir paralelismos óbvios entre os ideais do Senador o os princípios Bahá’ís. Aspectos como a necessidade de unidade dos diferentes grupos sociais dos EUA, a importância da redução do fosso entre ricos e pobres, a urgência da eliminação de preconceitos raciais e sociais, a defesa da consulta alargada para resolução dos diversos problemas que afectam a América (sem descartar à partida nenhuma opinião), a valorização da diversidade étnica da sociedade americana (facto de que a sua família também é um exemplo),... são apenas algumas ideias a que um baha’i não pode deixar de ficar indiferente.

As suas opiniões sobre religião são particularmente interessantes. Além de evidenciar uma atitude pessoal em relação à religião que o leva a conciliar a fé com a razão e o senso comum, o quase-candidato democrata reconhece a diversidade religiosa da América - "Já não somos apenas uma nação cristã; também somos uma nação judaica, uma nação muçulmana, uma nação budista, uma nação hindu e uma nação de não-crentes" -, critica os que advogam que a religião seja obliterada do espaço público - "Imagine-se o segundo discurso de tomada de posse de Lincoln sem a referência aos «juízos do Senhor» ou o de Martin Luther King de «Eu tenho um sonho» sem referência a «todos os filhos de Deus». O facto de invocarem uma verdade superior ajudou a inspirar o que parecia impossível e a levar a nação a abraçar um destino comum" -, e advoga a separação entre Estado e Religião "como meio de proteger a liberdade individual na crença e prática religiosas, ajudar o Estado contra lutas sectárias e a defender a religião organizada contra as ingerências do Estado ou influências indevidas".

Estes e outros aspectos levam-me a encarar com alguma naturalidade o interesse que o Senador do Illinois desperta em alguns Bahá’ís. Com facilidade encontramos nas nossas Escrituras variadas referências à nação Americana, onde ressaltam as advertências sobre o problema do racismo como o mais importante desafio da sociedade americana (e onde os baha’is americanos se deviam empenhar a fundo na sua resolução!) e promessa de um futuro radiante da nação Americana quando conseguisse resolver este problema. Não tenho dúvidas que a eleição de um presidente afro-americano poderá ser um grande passo para combater o racismo na América; mas não me iludo ao ponto de pensar que será, só por si, a resolução definitiva desse problema.

No entanto, apesar do interesse que Barack Obama possa despertar em alguns Bahá’ís, dificilmente encontraremos um baha’i envolvido na sua campanha presidencial, ou uma instituição Bahá’í declarar o seu apoio formal ao senador do Illinois. No que toca a actividades de política partidária, preferimos não nos envolver; somos apenas eleitores cujo sentido de voto é ditado pela consciência de cada um.

Assim, não posso dizer que sou um apoiante entusiasta de Barack Obama; nunca serei apoiante de nenhum político; posso ter as minhas simpatias, mas daí até ao apoio vai uma grande distância. Vou certamente continuar a acompanhar com atenção o seu percurso político, sem nunca esquecer que a esmagadora maioria dos políticos de hoje não diz o que pensa, mas apenas diz o que é conveniente.

10 comentários:

Anónimo disse...

Publicidade para campanha presidencial de Obama, Marco???!!!

Marco Oliveira disse...

Daniella:
Acho que não percebeste o que eu escrevi...

Anónimo disse...

Estava eu para aqui a cogitar como é que havia de comentar o post até que a Daniela me abriu os olhos. Assim a campanha publicitária para esse senhor senador já começou há bué de tempo, através da série 24, que já vai na n temporada, já lhe perdi o conto, até nos telemóveis aparecia a série 24 horas por dia para acompanharmos a dita sem perdermos pitada. Agora vejo a publicidade do whisky Johnye Walker (nem sei se é assim que se escreve e, também não estou com pachorra para ir ver no google) a perguntar onde o levará o próximo passo, com o senador em passos enérgicos a caminhar para a direita. Pois, se isto não é publicidade subliminar, então não sei o seja.
Já agora deixem-me acabar com uma citação do Dr. House ao tratar um senador (afro-americano como agora se diz): "Sabe porque que é que se chama Casa Branca? Olhe que não é por causa da cor da tinta".
Desculpem lá estar outra vez a agitar as águas mas sou mesmo assim e, o Pai Natal não existe, quem mo confirmou foi o Coelhinho da Páscoa.
Tenho dito!

Anónimo disse...

Ó Daniela, o Marco a fazer campanha política? Deixa-me rir!

Anónimo disse...

http://www.ucwv.edu/about_uc/news_and_highlights/obama.aspx

Por acaso já alguém se deu ao trabalho de olhar bem, com olhos de ver, para o staff do senhor senador?

É que já por cá ando há muitos anos... e, o não verbal diz mais que o verbal. Abstraiam-se do que o homem diz e, olhem em redor e para os próprios gestos e expressões faciais dele e de quem o rodeia.
Ouçam-no a falar e vejam-no na televisão e depois notem as diferenças entre o que diz com os lábios e o que diz com o corpo..., é que a linguagem não verbal não deixa mentir. Experimentem o podcast e, depois digam alguma coisa.
Como já disse, não vou em contos de fadas.

SAM disse...

Não és apoiante até porque não votas lá ;)

Anónimo disse...

Pois aqui está uma coisa que não compreendo na Fé Baha'i é este não envolvimento na politica. Acho uma medida demasiado radical.

De qualquer forma, percebo a atitude do Marco. Obama parece ter ideias muito parecidas com os baha'is mas cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Anónimo disse...

Elfo,
Eu cá não sou de intrigas mas o endereço que indicou resulta em: "The page cannot be found". :-( , talvez por não ser perceptível o que se segue a "...highlights/o(?)".
Importa-se de esclarecer, sff? Agradeço.

Anónimo disse...

Olá GH e Sam, nós por cá todos bem, mas se não voto lá é porque não quero, e, muito sinceramente, entre o burro e o elefante, que venha de lá o diabo e que escolha.
Qual quer um pode ter ideias parecidas com os princípios baha'ís, até o Muxaraf (outro que também não sei como se escreve), mas isso não quer dizer que ponham em practica (ainda não aderi ao acordo da cplp) os ditos princípios.
Se acham que alguém a fazer um marketing político há mais de três anos e que agora até entra num sketch ao Johnnie Walker (parece que desta vez acertei)... que querem que vos diga?
http://www.youtube.com/watch?v=cS_gGpVCItM

Eu sei que é uma montagem... mas o Black Label está lá bem expresso.

Anónimo disse...

Vi no YouTube três versões do Johnnie Walker: "Striding Man", "100 Years of Walking"(ambas iguais, com música do "Mission", de Morricone) e "Seu icone Striding Man completa 100 anos" (com outra música e mensagem final em brasileiro).

O "Black Label" é bem..."White"! (se a referência a que "elfo" se referiu corresponde à que estou a pensar)

Para montagem não está mal.
Subliminar? Até pode ser. Mas não consigo imaginar o McCain naquele papel (mesmo que por muito virtual, a figura não "encaixa") :-)))