quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Fareed Zakaria: O Mundo Pós-Americano (2)

O Poder dos Estados-Nação

No seu livro, O Mundo Pós Americano, Fareed Zakaria escreve:
Um aspecto desta nova era é a difusão do poder dos estados, que assim chega a outros actores. Os «demais» que estão a crescer constituem um grupo que inclui muitos actores não estatais. Há grupos e indivíduos a ganhar autonomia e a fortalecer a sua posição na hierarquia; a centralização e o domínio central estão a ser enfraquecidos. Há funções que já foram controladas pelos governos e agora são partilhadas por organizações internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a União Europeia (EU). Há grupos não governamentais a crescer como cogumelos; aparecem todos os dias em todos os países e tratam dos assuntos mais variados. As empresas e os capitais mudam de uns lugares para os outros, procurando a melhor localização para os seus negócios, premiando assim alguns governos e punindo outros. Há grupos terroristas com a Al Qaeda, cartéis de droga, insurrectos e milícias de todo os tipos a encontrar espaço para operar nos recantos e nas fendas do sistema internacional. O poder está a sair dos estados-nação, para cima, para baixo, e para os lados. Num tal ambiente, as aplicações tradicionais do poder nacional, tanto a nível económico como militar, estão a tornar-se menos eficientes. (p. 14)
Os Estados – enquanto comunidades politicamente organizadas – não estão condenados a desaparecer; mas num mundo globalizado, os limites da sua autoridade e o seu relacionamento com Organizações Internacionais tem, inevitavelmente, de ser realinhados com as novas realidades em que vivemos hoje.

A este propósito dizia-me um amigo que «a inquestionável soberania dos Estados vale tanto como a divindade dos antigos imperadores romanos». Achei a comparação bem interessante. E lembrei-me daquelas palavras de Bahá'u'lláh “"Que não se vanglorie quem ama o seu país, mas antes quem ama o mundo inteiro. A terra é um só país e humanidade os seus cidadãos.”

Ao contrário do que alguns sugerem, Bahá'u'lláh não entendia o amor à pátria como irrelevante; esse sentimento é importante, mas neste momento é-nos exigido que aceitemos uma lealdade mais ampla do que alguma vez aceitámos, sem abdicarmos de outras lealdades menores.

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