sábado, 18 de abril de 2009

Portugal e Irão estão a negociar acordo para preservar fortalezas portuguesas

Notícia do jornal Público de hoje.
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Ormuz, grande como um estádio de futebol, é uma das praças-fortes míticas da História portuguesa no Oriente. Também há projectos para Qeshm.

Do lado iraniano, já sai fumo branco, segundo anunciou o Tehran Times de quinta-feira: "Portugal e o Irão chegaram a um acordo para o restauro dos castelos portugueses no Sul do Irão". Ou seja, a fortaleza de Ormuz, uma das três grandes praças-fortes da presença portuguesa no Oriente, e a fortaleza de Qeshm, ambas situadas em pequenas ilhas no Golfo Pérsico.


A notícia do diário iraniano - disponível em inglês na edição on-line - diz que o acordo foi negociado na terça-feira pelo embaixador português José Manuel da Costa Arsénio e por Fariborz Dowlatabadi, vice-director da Organização da Herança Cultural, Turismo e Artesanato do Irão. Este responsável iraniano indicou ainda ao Tehran Times que a assinatura terá lugar "no próximo mês".

Do lado português, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) confirmou ao PÚBLICO o diálogo do embaixador Costa Arsénio com o responsável iraniano, mas não adianta conclusões. "É um processo longo, de há anos, que envolve a Fundação Gulbenkian", lembrou a assessora de imprensa Paula Mascarenhas, ressalvando que "continuam a decorrer conversações sobre o assunto".

José Manuel da Costa Arsénio foi embaixador em Teerão, mas agora está colocado em Lisboa. Esta deslocação à capital iraniana significa que é ele, ainda, o negociador de Portugal na questão das fortalezas? A assessora do MNE diz que não, que a viagem teve a ver com o facto de Costa Arsénio agora dirigir os assuntos consulares do ministério. O PÚBLICO tentou, em vão, contactar Costa Arsénio e o actual embaixador no Irão, José Moreira da Cunha.

O envolvimento da Gulbenkian traduz-se em dois projectos apresentados pela Fundação ao Governo iraniano, um para a preservação de Qeshm, de 2002, e outro para a preservação de Ormuz, de 2004. "Estamos desde então à espera", disse ontem ao PÚBLICO João Pedro Garcia, director do Serviço Internacional da Gulbenkian, que visitou quatro vezes as fortalezas. A resposta do Irão terá que indicar "o orçamento discriminado, os prazos de execução e o compromisso financeiro que o Irão está disposto a assumir", explica este responsável, escusando-se a referir uma previsão de orçamento. A Gulbenkian tem tido "contactos cordiais com a embaixada iraniana em Lisboa", e aguarda "notícias". Entre outros projectos, Ormuz será uma prioridade pela importância histórica. "Com Goa e Malaca, é uma das três grandes-praças fortes de Afonso de Albuquerque." Quinhentos anos depois, está "em lamentável estado de degradação, perigoso para quem a visita".

Ontem, João Pedro Garcia não tinha conhecimento de um acordo entre Portugal e Irão, mas elogiou o "papel decisivo" de Costa Arsénio na preparação dos projectos. "Conhece perfeitamente o Irão e defendeu empenhadamente os interesses de Portugal enquanto lá esteve."

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