terça-feira, 9 de junho de 2009

Activista do Bahrain apela ao reconhecimento da Fé Bahá'í nos Estados do Golfo

Esra’a Al Shafei é uma activista de direitos cívicos conhecida pelas suas campanhas Free Karem e Baha’i Rights. Há algumas semanas atrás os seu trabalho mereceu atenção do NewsBlaze.com. Aqui fica a tradução das partes mais relevantes desse texto (de autoria de Sandeep Singh Grewal).
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Uma activista do Bahrain insta o governo a reconhecer a Fé Baha’i e a permitir que a comunidade se possa reunir e praticar livremente actos de culto.

Esra'a Al Shafei, cujo trabalho se foca nas minorias étnicas e religiosas, afirmou que este é o momento certo para os governos Árabes e do Golfo reconhecerem legalmente os Baha’is.

"A comunidade devia receber das autoridades uma autorização para operar os seus locais de culto. O tema Baha’i não é tabu e a sociedade deve aceitá-los como uma comunidade que dá o seu contributo", afirmou a activista. O apelo surge quando os Baha’is em diferentes partes do mundo celebraram no Sábado o 165º aniversário do nascimento da fé Baha’i.

Al Shafei, Directora da Fundação Mideast Youth (que dirige a Muslim Network of Baha´i Rights), afirmou que as pessoas não devem olhar para a comunidade como “sionistas disfarçados”. "Só porque eles têm o seu templo em Israel (Haifa) não significa que eles devam ser rotulados como Sionistas. Historicamente, os Baha'is têm um imenso respeito pelo Islão. Mas os Judeus têm mais direitos que os Baha’is no Médio Oriente", explicou Al Shafei.

Os Baha'is representam aproximadamente 1% da população do Bahrein. Não há interferência governamental nos seus actos de culto e reuniões. Contudo, de acordo com relatórios do Ministério da Justiça e dos Assuntos islâmicos tem-lhes sido repetidamente negada licença para operar. Segundo o relatório de 2008 sobre a Liberdade Religiosa Internacional elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA, o governo não reconhece as cerimónias de casamento Baha'i, mas reconhece as cerimónias civis de casamentos realizados no estrangeiro. Declara-se ainda que as autoridades permitiram a publicação e discussão pública de um livro por uma Bahraini sobre a Fé Bahá'í no Reino.

Cemitério Bahá'í em Salmabad, Bahrain.

A activista salientou que os Baha’is na ilha têm acesso a cuidados de saúde, educação e outros serviços que lhes estão vedados noutros países como o Irão e o Egipto. O seu projecto (www.bahairights.org) está a ser desenvolvido com um grupo Muçulmano inter-religioso que acredita na tolerância e na coexistência. "Foi um desafio para nós iniciar este projecto num momento em que o Egipto e o Irão estavam a perseguir silenciosamente os Baha’is devido à sua fé", afirmou

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Não foi um caminho fácil para Al Shafei que foi condenada e criticada por clérigos de países petrolíferos como a Arábia Saudita. "Insultam-nos e mandam-nos para o inferno. Para alguns conservadores o nosso trabalho vai contra os ensinamentos islâmicos. Alguns clérigos deixam comentários abusivos e ameaças de morte no nosso site. A fonte da minha força é a minha família que me apoia e compreende a minha paixão pela causa", afirmou a activista.

Apesar do volume de críticas, há um pequeno ma crescente número de Muçulmanos progressistas que apoiam a causa. "Não fazemos propaganda e queremos que todas as maiorias defendam as minorias. Por exemplo, que os israelitas reconheçam e apoiem os direitos dos palestinianos, ou que os árabes reconheçam os direitos dos curdos, pode provocar uma mudança tremenda" afirmou a jovem Bahraini.

O Bahrain é visto como um modelo de tolerância religiosa na região. No ano passado, o governo nomeou Huda Nonu, a primeira embaixadora judaica de um país árabe e do Golfo para os Estados Unidos. A ilha tem fronteiras com Arábia Saudita rica em petróleo e é o lar da Quinta Frota da Marinha dos EUA.

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