domingo, 13 de dezembro de 2009

Fernando Nobre

Fernando Nobre, presidente e fundador da AMI, ontem na revista Única.
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O meu maior grito é, hoje, o apelo por uma cidadania global solidária. Sem o pilar de uma cidadania forte não vejo solução para os problemas. Embora, no país, tenhamos fenómenos só nossos, também estamos submetidos aos grandes fenómenos globais. Por isso, a cidadania tem de ser global, senão também não abarcamos a dimensão dos problemas.

Cidadania global com um governo global?

Eu sou daqueles que sonho... Há mais de trinta anos, tinha 20, estava eu, jovem, na faculdade em Bruxelas, pensava nisso, que um dia gostaria de ter no meu passaporte só terrestre.

Acha possível?

Não será para a minha vivência, mas acho que par aos meus netos e bisnetos... Penso que haverá, esse é o meu sonho, um governo global liderado por valores éticos e posturas como a de homens e mulheres do género de um Gandhi, de um Nelson Mandela, de uma Madre Teresa, de um Martin Luther King, enfim, de pessoas que foram verdadeiras luzes. Pessoas, umas 20, seleccionadas no quatro cantos do mundo, pessoas de grande gabarito moral, ético, e também, intelectual, que dariam orientações para o caminhar.

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... eu diria que estamos a assistir a um paradoxo. E eu tenho quatro filhos, sou professor e analiso uma nova geração. Por um lado, uma grande preocupação quanto a questões ambientais, por outro lado uma grande inquietação sobre o seu futuro económico e entrada no mercado laboral, estamos a viver transformações extremamente profundas e eles estão entalados entre duas tendências. Eu estou esperançado de que esta nova geração, a bem ou a mal, também não lhe vai restar muitas alternativas, vai ter que resolver as coisas que a, infelizmente, a minha geração deixou agravarem-se para lá de um limite aceitável, porque infelizmente se acomodou e alguma liderança entrou, ouso dizê-lo, em perfeito desvario. Se não for em nome do humanismo que seja em nome da inteligência, que já tem a ver com segurança e estabilidade social.

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