terça-feira, 11 de outubro de 2011

Leonardo Boff entre os académicos que condenam ataque do Irão aos educadores Bahá'ís

Numa iniciativa global sem precedentes, os 43 filósofos e teólogos de 16 países e adeptos de diferentes filosofias e credos (cristãos, hindus, judeus, muçulmanos) - assinaram uma carta aberta em que condenam a política do Irão em proibir a frequência do ensino superior aos jovens Bahá'ís e outros. A carta foi publicada no dia 10 de Outubro, nos jornais Folha de São Paulo (Brasil) e The Daily Telegraph (Reino Unido).

A carta condena, particularmente, os recentes ataques das autoridades iranianas a uma iniciativa educativa informal da comunidade Bahá'í - conhecido como BIHE (Bahá’í Institute for Higher Education) - em que professores Bahá’ís , proibidos pelo governo iraniano de praticar as suas profissões, voluntariamente oferecem os seus serviços para ensinar os membros jovens da comunidade, que estão proibidos de frequentar o ensino superior.
Em cima: Cornel West, Princeton, EUA; Graham Ward, Oxford, Reino Unido; Charles Taylor, McGill, Canada; Leonardo Boff, Rio de Janeiro, Brasil;
Em baixo: Ebrahim Moosa, Duke, EUA; Hilary Putnam, Harvard, EUA.; Stanley Hauerwas, Duke, EUA; and Tahir Mahmood, India.

Sete Bahá’ís, ligados ao BIHE, apareceram, recentemente, pela primeira vez em tribunal, depois de terem estado presos durante quatro meses. Tinham sido detidos após uma série de rusgas, no passado dia 22 de Maio, a 39 residências de pessoas ligadas ao BIHE. As actividades do Instituto, desde então, foram declaradas “ilegais”.

Na carta aberta afirma-se: “Como filósofos, teólogos e estudiosos das religiões, de todo o mundo, erguemos as nossas vozes em protesto contra o recente ataque das autoridades iranianas ao Bahá’í Institute for Higher Education”.

“Adquirir conhecimento e instrução é um direito legal e sagrado de todos; na verdade, o Estado é obrigado a fornecê-la. No Irão, o governo tem vindo a fazer o contrário...”.

“Ataques como estes, contra os direitos dos cidadãos para se organizarem e serem educados em liberdade, não podem mais ser tolerados. Apelamos ao governo iraniano não só para pôr termo à perseguição dos Bahá'ís, mas também para oferecer e promover educação para todos“.

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, conhecido defensor da Teologia da Libertação, entende que a represão contra os Baha’is no Irão se deve ao seu universalismo: "É a religião mais ecuménica do mundo. Não importa o nome de Deus, desde que seja o princípio supremo que rege todas as coisas. Cristãos, judeus ou muçulmanos podem apoiar isso, sem trair suas origens confessionais. É uma religião dos tempos modernos", diz.



Entre outros académicos que subscreveram o apelo está o Dr. Charles Taylor, Professor Emérito de Filosofia da Universidade McGill, no Canadá que, ao assinar a carta, sublinhou o seu profundo sentimento de "convicção de que não deveria haver" coacção ”na religião”, mas também, disse “a minha inquietação sobre a revolução iraniana e a forma como os seus belos ideais foram subvertidos por pessoas que estão a abusar da sua fé, de modo a torná-la numa ferramenta de mobilização contra o «inimigo»”.

Outra figura proeminente que adicionou o seu nome à lista é Hilary Putnam, Professora Emérita de Filosofia na Universidade de Harvard, EUA, que disse:

“Desde as revoluções americana e francesa, no final do século XVIII, a aspiração dos povos das diferentes etnias, nacionalidades e credos aos direitos humanos fundamentais, incluindo o direito de culto que lhes ditar a consciência, e o direito à educação, ganharam impulso”.

“A perseguição aos estudantes universitários bahá'ís no Irão é uma vergonhosa tentativa de voltar o relógio para a idade das trevas. A sua causa merece o apoio de pessoas moralmente esclarecidas, em todos os lugares do mundo” acrescentou.

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FONTES:
Philosophers and theologians worldwide condemn Iran's attack on Baha'i educators (BWNS)
Leonardo Boff assina carta aberta em favor dos bahá"is no Irã (Folha de S.Paulo)

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