sábado, 1 de dezembro de 2012

Egipto vai proibir crianças Bahá’ís em escolas públicas

A Irmandade Muçulmana apoia a discriminação das minorias

De acordo com um artigo recente publicado no jornal egípcio Al-Sabah (A Manhã) , o actual ministro da Educação, Dr.Ibrahim Ghoniem, que também é membro da Irmandade Muçulmana, afirmou que não será permitida a admissão de crianças Bahá’ís em escolas públicas .

A entrevista abordava a sua visão sobre o futuro da educação no Egipto, e as suas intenções a respeito das acções do Ministério da Educação, a estrutura administrativa do sistema de ensino e suas relações com as diversas autoridades e sistemas relacionados com o Ministério.

Quando lhe foi perguntado "o que é a posição do Ministério sobre o direito dos "filhos" dos Bahá'ís a serem admitidos nas escolas do Ministério?" ele respondeu: "A lei da nação, com base nas leis do estado civil, é que ela não reconhece mais do que três religiões. [A Fé] Bahá’í não é nenhuma das três, e portanto os seus filhos não têm direito de admissão nas escolas do Ministério. "

Excerto da entrevista do Sr. Ghoniem ao jornal Al-Sabah

Muitos leitores poderão ver nestas palavras mais uma indicação de que a “Primavera Árabe” está a ser substituída por um “Inverno Árabe”. Outros denunciarão a crueldade de uma decisão profundamente injusta de um regime que afirma basear as suas leis na religião. E outros apontarão a mentalidade retrógrada de políticos que consideram justa uma decisão que visa discriminar alguns cidadãos com base em factores religiosos.

É verdade que com esta decisão o Egipto se afasta da modernidade e da democracia; o seu governo deixa de ser um governo de todos os egípcios para ser apenas um governo da Irmandade Muçulmana; a democracia egípcia ignora os mais elementares direitos humanos e passa a ser uma ditadura da maioria; o Ministério da Educação, que devia investir no bem-estar de todas as crianças egípcias, aposta em práticas ancestrais de discriminação (que também existiam no regime anterior).

Um outro aspecto das palavras do Sr. Ghoniem (que tem fama de ser um prestigiado educador) é bem revelador da mentalidade sexista dos novos governantes egípcios. O ministro refere apenas os "filhos" e ignorando completamente as "filhas"! Será que as filhas não existem? É esta a nova linguagem moderna e revolucionária, dos responsáveis pela educação da futura geração de egípcios? Onde está a igualdade de género? Será que as "filhas" estão isentas desta visão iluminada do Sr. Ministro? Poderão entrar nas escolas, ou será que nem sequer são dignas de consideração?


Mas será que um regime onde as crianças são privadas do direito à educação devido apenas às convicções religiosas dos seus pais, merecedor do apoio de organizações internacionais como o BERD e o FMI? Podem os países ocidentais fechar os olhos a estes actos e entregar um cheque ao Governo Egípcio como se tudo estivesse bem?

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