sábado, 18 de abril de 2015

Egipto vai enfrentar “ameaças” de Ateus, Baha’is e Xiitas com grupos especiais

Por Kari Megeed.

Numa reunião realizada na passada terça-feira na sede do Ministério de Fundações Religiosas no Cairo, o ministro Mohamed Mokhtar Goma'a afirmou que está a planear a formação de grupos especiais dedicados consciencialização das "ameaças" do ateísmo e das religiões Baha'i e Xiita, além de questões sociais, como a toxicodependência e os crimes de morte.

Nesta reunião estiveram presentes representantes de diferentes províncias e de vários departamentos governamentais a quem o Sr. Goma'a pediu diversos dados estatísticos, nomeadamente sobre o número actual de mesquitas existentes nas suas áreas. Um porta-voz do Ministério, informou que após a recolha dos dados, serão criados grupos que terão reuniões mensais até ao início do Ramadão.

"Os grupos incluirão um recitador Alcorão, um cantor e dois palestrantes", disse Abdel Razek ao Daily News Egypt. A reunião também discutiu a regulamentação dos funcionários das mesquitas, e esboçou um sistema para que todas as mesquitas tenham no mínimo um funcionário. A reunião também analisou o próximo Religious Speech Freedom Forum, a ser realizado no próximo mês de Maio. A conferência irá propor leis sobre liberdade de expressão religiosa no Egipto, incluindo legislação que para erradicar pregadores da Irmandade Muçulmana.

Ateísmo e liberdade de expressão religiosa tem sido um assunto quente no Egipto após a destituição da Irmandade Muçulmana em 2013. Em Janeiro, um estudante de engenharia de 21 anos de idade, Karim Al-Banna foi preso sob a acusação de ser ateu e "insultar o Islão" no Facebook. Al-Banna enfrenta uma pena de prisão de três anos, se o seu recurso actual não for aceite. Na semana passada, o Ministério das Fundações Religiosas declarou que ia iniciar uma rigorosa vigilância sobre as escolas privadas associadas a instituições religiosas, e reestruturar as instituições filiadas na Irmandade Muçulmana. Segundo a Egyptian Initiative for Personal Rights, desde 2011, mais de 40 pessoas foram acusadas e julgadas por difamação; 27 foram condenadas em tribunal.

Em Janeiro, quando o presidente Sisi pediu uma "revolução religiosa", o mundo inteiro sentiu um sinal de esperança perante a possibilidade de uma reforma religiosamente moderada em algumas partes do Médio Oriente. Como o Egipto é o lar de uma das principais autoridades do Islão Sunita, - Al Azhar - a declaração do Presidente Sisi tinha uma grande potencial. No entanto, os ateus egípcios discordam.

"Dada a natureza actual do discurso religioso no Egipto e a organização de reuniões, como esta no Ministério de Fundações Religiosas, não acredito que o ateísmo seja aceite em breve. Egipto tem de trabalhar estes seus problemas com a liberdade de expressão, antes de podermos começar a incluir a religião ou qualquer outra questão social ", disse um ateu egípcio que preferiu não ser identificado.

O problema também afecta principal fonte de receitas do Egipto: o turismo. Os turistas tendem a evitar países onde existe risco de prisão apenas porque alguém o ouve a falar em inglês com um amigo sobre política e religião. O Egipto tem a oportunidade de fazer o que outras nações raramente são capazes: começar de novo. Dado o recente impulso no sentido da modernização e da globalização, essas questões sociais devem ser abordadas, e activamente defendidas.

---------------------------------------------------------------
FONTE: Egypt To Confront ‘Threats of Atheists, Baha’is and Shiites’ With New ‘Special Groups’ (EgyptianStreets)

Sem comentários: