sábado, 9 de abril de 2016

Procurar o Espírito de Cristo

Por Russell Ballew.


...quem procurar Cristo no Seu corpo físico, terá procurado em vão e ficará afastado Dele como que por um véu. Mas quem aspirar encontrá-lo em espírito, crescerá júbilo, dia após dia… Neste novo e maravilhoso dia, compete-te procurar o espírito de Cristo. (‘Abdu’l-Bahá, Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, p. 143)
Nascido numa família de sete irmãos, Joseph Wolf tentou convencer o seu vizinho que Israel triunfaria com a chegada do Messias. Em resposta, o vizinho encorajou-o a ler o capítulo 53 do livro de Isaías. Explicou-lhe que Jesus de Nazaré era o Cristo Prometido, cujo sacrifício é enaltecido nas seguintes frases:
... fomos curados pelas suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas perdidas, cada um seguindo o seu caminho. Mas o Senhor carregou sobre ele todos os nossos crimes. (Isaías 53:5-6)
O jovem perguntou ao pai qual era o significado daquele texto, mas o rabino Wolff não lhe deu resposta. Isso estimulou no rapaz o desejo de ler e reconciliar as profecias Judaicas com as pretensões Cristãs. Uma das mais importantes dessas profecias era que Elias precederia o Messias. O Antigo Testamento declara:
Eis que vou enviar-vos o profeta Elias, antes que chegue o Dia do Senhor, dia grande e terrível. (Malaquias 3:23)
Os Cristãos afirmam que João Baptista era o prometido Elias. No entanto, João declarou que ele não era o Elias. “E perguntaram-lhe: «Quem és, então? És tu Elias?» Ele disse: «Não sou.» «És tu o profeta?» Respondeu: «Não.»” (Jo 1:21). Os Cristãos argumentam que João era o Elias porque Cristo assim o afirmou:
… Jesus começou a falar às multidões a respeito de João… É aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu mensageiro diante de ti, para te preparar o caminho... E, quer acrediteis ou não, ele é o Elias que estava para vir. (Mateus, 11:7-14)
Para quem aceita Jesus Cristo como manifestante de Deus, a Sua declaração é suficiente. No entanto, muita gente considera estes dois textos bíblicos como contraditórios. Apliquemos o rigor da ciência numa analogia que nos pode ajudar a perceber a diferença entre forma e a função de um fenómeno. Com isto poderemos percebem como João e Jesus estão ambos correctos, cada um na sua perspectiva específica.

Vejamos especificamente a tendência comum para confundir causa e correlação. Em climas temperados no hemisfério norte, desejamos ansiosamente a chegada da Primavera no final de Março. Mas qual é a causa da Primavera? A data do equinócio ou o degelo? Na verdade, não é nenhum deles. O Inverno dá lugar à Primavera quando o movimento orbital da Terra coloca o hemisfério norte mais próximo do Sol. Mas na perspectiva de um agricultor, a primavera chega com o degelo.

É neste momento que o poder e influência do sol são mais evidentes; literalmente o mundo é trazido da morte para a vida. Do mesmo modo, o advento de um profeta de Deus assinala uma primavera espiritual, em que o Sol da Verdade descongela o materialismo e o ódio que endurecem o coração humano, gerando frutos de amor e abnegação.

Para Joseph Wolf e alguns Judeus da sua geração que se converteram ao Cristianismo, o aparecimento de Jesus cumpriu a profecia. Na sua opinião, João desempenhou o papel de Elias ao dizer: “Eu sou a voz de quem grita no deserto: Rectificai o caminho do Senhor” (João 1:23). João Baptista e Elias eram o mesmo no seu propósito, mas eram inteiramente distintos em pessoa, no tempo e o espaço.

Nos ensinamentos Bahá’ís, ‘Abdu’l-Bahá explica:
... se aqui considerarmos não a individualidade da pessoa, mas a realidade das suas perfeições - isto é dizer, as mesmas perfeições que Elias possuía também se percebiam em João Baptista. Assim, João Baptista era o prometido Elias. O que está aqui a ser considerado não é a essência, mas os atributos. (Some Answered Questions, newly revised edition, p. 150)
Joseph Wolf converteu-se ao Cristianismo porque percebeu que João Baptista era o regresso de Elias e observou na vida e ensinamentos de Jesus as funções do prometido Messias. Tornou-se missionário e viajou pelo Médio Oriente e pela Europa. Estava convencido que o trabalho realizado por ele e por outros cumpria Mateus 24:14: “Este Evangelho do Reino será proclamado em todo o mundo, para se dar testemunho diante de todos os povos…” Ele não estava só.

John Wolf convenceu várias pessoas com os seus argumentos, incluindo Harriet Livermore. Ela era tão influente que foi convidada a falar ao Presidente e ao Congresso dos Estados Unidos, em Janeiro de 1827. O fervor milenarista fervilhava enquanto os estudiosos da Bíblia compreendiam a revelação das profecias divinas

Por exemplo, em 23 de Março de 1844, o Império Otomano publicou o Édito da Tolerância, abrindo as portas ao regresso dos Judeus à sua pátria. Houve quem considerasse que isto era o cumprimento de Lucas 21:24: “Serão passados a fio de espada, serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será calcada pelos gentios, até se completar o tempo dos pagãos.

Nos próximos textos desta série, continuaremos a explorar as mais extraordinárias profecias bíblicas associadas à data do advento de Cristo, e a fascinante história da descoberta da Sua segunda vinda.

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Texto original: Seeking After The Spirit Of Christ (www.bahaiteachings.org)

1 comentário:

Lourdes disse...

Maravilhosa reflexão, espero continuar nesse estudo. Aguardo os próximos! abraço. Lourdes