segunda-feira, 18 de março de 2013

O poder da religião

Texto de Ana Campos, publicado no jornal Expresso, 15 de Março de 2013 
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 Poderá uma determinada religião ser um obstáculo ou um incentivo ao desenvolvimento socioeconómico?

Estudos demonstram que as religiões preponderantes nos países desenvolvidos acreditam que os indivíduos podem controlar relativamente o seu destino, contribuindo assim para o seu desenvolvimento. Ao contrário, as religiões que promovem a resignação, atribuindo ao indivíduo um papel irrelevante no seu próprio destino, demonstram um subdesenvolvimento da sociedade onde estão inseridas.

Não se trata de classificar uma religião como sendo melhor ou superior a outra, mas os valores de cada uma influenciam fortemente toda a sociedade independentemente de se ser crente ou não crente dessa religião ou de nenhuma. As pessoas comportam-se de maneira diferente perante os mesmos estímulos económicos ou na falta deles. Atitudes negativas ou positivas perante o progresso material, direitos humanos, valor da vida são transmitidos de diferente maneira por cada religião, sendo que cada uma tem o seu próprio conceito relativamente a cada assunto. As diferenças também se encontram na maior importância que se dá aos fins ou aos meios para se atingir esses fins. Se a prioridade está no presente ou no futuro.

Obviamente que as culturas mudam constantemente, mesmo que seja lentamente, e as religiões tentam adaptar-se mantendo a continuidade dos seus valores e tradições na sociedade. Um determinado país que pretende o seu próprio desenvolvimento socioeconómico não deve renunciar nunca aos seus valores no engano de que assim o vai conseguir. É importante ouvir o que os outros têm a dizer mas é fundamental que se tenha a noção de que também temos algo importante a dizer e a transmitir aos outros. É tudo uma questão de perspetivas. As culturas não têm de ser renunciadas para se copiar outras, têm de ser reinventadas respeitando os seus próprios valores para a promoção do desenvolvimento social e económico.

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