"Povo de Bahá" é uma expressão frequentemente utilizada nas Escrituras Bahá'ís para designar os crentes em Bahá'u'lláh, i.e., os Bahá’ís.
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
sexta-feira, 26 de novembro de 2021
Amor e Luto: o Falecimento de ‘Abdu’l-Bahá
Quando morre uma pessoa que nos é querida, não podemos deixar de nos perguntar: "Será que o amor que esta pessoa maravilhosa trouxe ao mundo acabou para sempre?"
A dor funciona assim. Pode deixar-nos destroçados, no escuro, sem sabermos se podemos enfrentar o futuro. A dor, é claro, vem directamente da sensação de perdermos para sempre um ente querido.
Mas os ensinamentos Bahá’ís garantem-nos que o amor puro nunca morre: "A maior dádiva do homem é o amor universal - aquele íman que torna a existência eterna." ('Abdu’l-Bahá, Divine Philosophy, p. 111)
‘Abdu’l-Bahá, o centro da aliança de Bahá’u’lláh e o líder dos Bahá’ís do mundo após o falecimento de Bahá’u’lláh, escreveu e falou extensivamente sobre o amor:
Sabe tu com certeza que o Amor é o segredo da santa Dispensação de Deus, é a manifestação do Todo-Misericordioso, a fonte das efusões espirituais. O amor é a luz bondosa do céu, o sopro eterno do Espírito Santo que vivifica a alma humana. O amor é a causa da revelação de Deus ao homem, o laço vital que, de acordo com a criação divina, é inerente à realidade das coisas. O amor é o único meio de assegurar a verdadeira felicidade, tanto neste mundo, como no vindouro. O amor é a luz que guia nas trevas, o elo vivo que une Deus ao homem, que garante o progresso de cada alma iluminada. O amor é a mais grandiosa lei que governa este ciclo poderoso e celestial, o poder único que liga os diversos elementos deste mundo material, a força magnética suprema que dirige os movimentos das esferas nos domínios celestiais. O amor revela com poder infalível e ilimitado os mistérios latentes no universo. (Selections from the Writings of ‘Abdu’l-Baha, nº 12)
‘Abdu’l-Bahá definiu quatro tipos de amor, e disse:
O primeiro é o amor que flui de Deus para o homem; consiste de graças inesgotáveis, do esplendor Divino e iluminação celestial. Através deste amor o mundo do ser recebe vida. Através deste amor o homem é dotado de existência física até que, através do sopro do Espírito Santo - este mesmo amor - ele recebe a vida eterna e torna-se a imagem do Deus Vivo. Este amor é a origem de todo o amor no mundo da criação. (Abdu’l-Baha, Paris Talks, p. 181)
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'Abdu'l-Bahá na Terra Santa, 1920 |
Quando faleceu em 1921, ‘Abdu'l-Bahá - muitas vezes referido amorosamente como "o Mestre" ou o "Exemplo Perfeito" do que significa ser um bahá'í - deixou um legado de grande serviço e devoção constante aos ideais Bahá'ís da paz, do amor e da unidade.
Exilado do Seu país natal quando era criança e preso durante quarenta anos, ‘Abdu'l-Bahá viajou pelo mundo, quando já era idoso, para levar a mensagem do Seu pai sobre a unidade da humanidade às pessoas em toda a parte. Aclamado como um embaixador global da paz, amado e reverenciado em todo o mundo pela Sua humildade, pela Sua abnegação e pela Sua defesa da paz e da unidade, nomeado cavaleiro pelo Império Britânico pelo Seu trabalho que alimentou os pobres e evitou a fome na Palestina durante a Primeira Guerra Mundial, 'Abdu'l-Bahá abandonou este mundo aos 77 anos de idade, após uma vida de serviço humilde à humanidade.
O Seu neto Shoghi Effendi - que ‘Abdu’l-Bahá nomeou como o Guardião da Fé Bahá'í - mais tarde resumiu os últimos anos do Mestre, durante os quais Abdu’l-Bahá pediu aos Bahá’ís que não lamentassem a Sua morte:
Ao concluir as Suas cansativas viagens pelo Ocidente, que consumiram os últimos resquícios das Suas forças esmorecidas, escrevera: "Amigos, aproxima-se o tempo em que já não estarei convosco. Fiz tudo o que podia ser feito. Servi a Causa de Bahá'u'lláh até o limite máximo da Minha capacidade. Trabalhei dia e noite durante todos os anos da Minha vida. Oh! Quão intensamente desejo ver os crentes assumir as responsabilidades da Causa!... Os Meus dias estão contados e, salvo isto, não resta nenhuma outra alegria para mim." Alguns anos antes, Ele aludira assim à Sua morte: "Ó Meus fiéis amados! Se em algum momento acontecimentos aflitivos ocorrerem na Terra Santa, nunca se sintam perturbados ou agitados. Não temam, nem se lamentem. Pois tudo o que acontecer irá enaltecer o Verbo de Deus e difundir as Suas divinas fragrâncias." E também: "Lembrem-se, quer Eu esteja ou não na terra, a Minha presença estará sempre convosco." "Não considerem a pessoa de 'Abdu'l-Bahá", aconselhou Ele aos Seus amigos, numa das últimas Epístolas, "pois esta pessoa terá, por fim, de Se despedir de todos vós; antes, fixai o vosso olhar no Verbo de Deus... Os amados de Deus devem levantar-se com tamanha firmeza, que se num dado momento, centenas de almas, tal como ‘Abdu’l-Bahá, se tornarem alvo dos dardos das aflições, nada afectará ou diminuirá o seu... serviço à Causa de Deus." (Shoghi Effendi, God Passes By, pag. 309)
Mas lamentaram-se. O funeral de 'Abdu'l-Bahá reuniu a famosa e turbulenta diversidade religiosa da Terra Santa, atraindo gente consternada e admiradores de todas as religiões, raças, idades, origens e classes sociais. Uma forte sensação de perda e pesar dominava essas almas, e a intensidade dessa sensação uniu-as. O impacto inédito de ‘Abdu’l-Bahá e a libertação de emoções que o acompanhou resultaram num funeral como nunca se tinha visto.
Os líderes mundiais enviaram cartas e telegramas. Winston Churchill enviou um telegrama pedindo para "transmitir à Comunidade Bahá'í, em nome do Governo de Sua Majestade, a sua simpatia e condolências". Mas 'Abdu'l-Bahá também foi chorado pelos residentes mais pobres da Terra Santa, que Ele amou, apoiou, alimentou e ajudou durante décadas.
O Seu serviço fúnebre e enterro tiveram lugar no dia 29 de Novembro de 1921, um dia após o Seu falecimento, na encosta do Monte Carmelo, na Palestina Otomana, hoje Israel. Milhares de pessoas subiram a montanha, “Uma grande multidão”, escreveu o Alto Comissário Britânico para a Palestina, “reuniu-se, chorando a Sua morte, mas regozijando-se também pela Sua vida”.
A urna contendo os restos mortais de 'Abdu'l-Bahá foi transportada ao lugar de repouso final aos ombros dos Seus entes queridos… O longo séquito de enlutados, entre soluços e choros de muitos corações pesarosos, subia vagarosamente as encostas do Monte Carmelo, em direção ao mausoléu do Báb… Próximo da entrada leste do Santuário, o caixão sagrado foi colocado sobre uma mesa simples, e, na presença daquela vasta multidão, nove oradores, que representavam as Fés Muçulmanas, Judaica e Cristã… proferiram as suas orações fúnebres… A urna foi então levada para uma das câmaras do Santuário e ali desceu, triste e reverentemente, para a sua última morada, num sepulcro adjacente àquele em que jaziam os restos mortais do Báb. (Shoghi Effendi, God Passes By, pag. 310)
O governador de Jerusalém afirmou: "Nunca encontrei uma expressão mais unida de pesar e respeito do que a que foi causada pela absoluta simplicidade da cerimónia." Os observadores da imprensa estimaram a presença de mais de dez mil pessoas: árabes, turcos, persas, curdos, arménios, europeus, americanos, Judeus, Católicos, Cristãos Ortodoxos, Anglicanos, Muçulmanos, Drusos e Bahá'ís, funcionários do governo e clero, os mais ricos e os mais pobres, todos estavam ali para mostrar o seu profundo respeito pelo homem a quem um conhecido jornal chamou “A Personificação do Humanitarismo”. Enlutada, chorando e lamentando, a enorme multidão sentiu coletivamente uma tão profunda de perda que muitos participantes se debateram fortemente para conter as suas emoções.
Era um luto pela perda de alguém tão único e tão humilde, tão sábio e altruísta e tão dedicado no serviço aos outros, que receavam ter perdido algo muito mais do que um ser humano - alguém insubstituível, alguém extremamente precioso, não apenas um homem, mas uma alma verdadeiramente heroica e transcendente.
Muitos naquela multidão gigantesca deviam literalmente suas vidas a 'Abdu'l-Bahá, quer pelas generosas doações que Ele fizera aos pobres durante décadas ou pelos cereais que Ele armazenou para alimentar o povo faminto da Palestina durante o que eles chamaram de “A Grande Desgraça”, a longa Guerra Mundial que cortou o abastecimento de alimentos para a região.
O falecimento de ‘Abdu’l-Bahá e o Seu funeral no dia seguinte produziram uma das manifestações públicas mais espontâneas, profundas e unidas, de afecto e ternura que a Terra Santa alguma vez viu. A ascensão de 'Abdu'l-Bahá não apenas demonstrou a realidade dos ensinamentos Bahá'ís sobre a eternidade do amor, mas reavivou na nossa memória o conselho gentil que Ele deu a outros que perderam entes queridos:
A inescrutável sabedoria divina está subjacente a esses acontecimentos que partem o coração. É como se um jardineiro bondoso transferisse um arbusto novo e viçoso de um local exíguo para uma área muito espaçosa. Essa transferência não faz o arbusto murchar, atrofiar ou perecer; pelo contrário, essa mudança fará com que cresça e se desenvolva, que adquira vivacidade e delicadeza, que verdeje e dê frutos. Este segredo oculto é bem conhecido do jardineiro, mas as almas que estão inconscientes destas graças supõem que ele, na sua ira e cólera, tenha arrancado o arbusto. No entanto, para aqueles que estão cientes, este facto oculto está manifesto, e este mandamento predestinado é considerado uma graça. Portanto, não vos sintais consternados ou desconsolados pela ascensão deste pássaro da fidelidade; pelo contrário, sob todas as circunstâncias orai por esse jovem, suplicando perdão por ele, e elevação da sua condição. (‘Abdu’l-Bahá, Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, nº 169)
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Texto original: Love and Grief: the Passing of Abdu’l-Baha (www.bahaiteachings.org)
domingo, 21 de novembro de 2021
sábado, 10 de julho de 2021
E se todos tivéssemos um Pai Carinhoso e Amoroso
Por Anne Gordon Perry.
Pais dedicados e amorosos podem ser uma força estabilizadora, capaz de encorajar, proteger, educar, apoiar, acarinhar e dar atenção, e simultaneamente serem exemplos e mentores. E se todos tivéssemos um pai exemplar com essas características?
Os ensinamentos Bahá’ís apresentam um exemplo – ‘Abdu’l-Bahá, o filho e sucessor de Bahá’u’lláh. Apesar de não ser um Profeta, ‘Abdu’l-Bahá tem uma posição única para os Bahá’ís, conforme explicado pela Casa Universal de Justiça na introdução ao “Livro Mais Sagrado” de Bahá’u’lláh:
A Fé Bahá’í pede aos seus seguidores que se tornem cidadãos do mundo, reconheçam e ajam conscientes da unicidade da humanidade, e ofereçam amor e compaixão a todas as pessoas. ‘Abdu’l-Bahá notabilizou-se neste Seu papel como exemplo destes sublimes ensinamentos, conforme indicam claramente diversas narrativas de pessoas que O conheceram.
Wellesca Allen-Dyar ("Aseyeh"), que se tornou Bahá’í em 1901 e fez a sua peregrinação a Akka seis anos mais tarde, descreveu que ‘Abdu'l-Bahá:
Myron Phelps, um advogado e escritor de Nova Iorque, viajou para Akka em 1902 e descreveu como ‘Abdu’l-Bahá, conhecido por muitos como “o Mestre”, Se relacionava com outras pessoas:
Juliet Thompson, uma pintora americana, tornou-se Bahá’í durante uma estadia em Paris, em 1901. Encontrou-se com ‘Abdu’l-Bahá em 1909 na Terra Santa e mais tarde na Europa e nos Estados Unidos. Escreveu o seguinte:
Também descreveu como Lee McClung, então Tesoureiro dos Estados Unidos, após o seu encontro com o Mestre procurando palavras para descrevê-lo, e tendo dito: “Senti como se estivesse na presença de um grande Profeta – Isaías, Elias…não, não é isso. A presença de Cristo – não. Senti como se estivesse na presença do meu Pai Divino.”
Jean LeFranc, um jornalista francês do jornal Le Temps, encontrou-se com ‘Abdu’l-Bahá em Paris e escreveu:
Lady Blomfield, uma das primeiras Bahá’ís britânicas, recebeu ‘Abdu’l-Bahá como hóspede durante as Suas visitas a Londres. Neste relato, ela descreve um evento ocorrido em Paris:
Frederick Dean, Budista e jornalista que se encontrou com ‘Abdu’l-Bahá em várias ocasiões em Nova Iorque, era o repórter do “The Independent” e da “The Weekly Review” com a função de acompanhar o evento na igreja onde ‘Abdu’l-Bahá ia falar:
John E. Esslemont, um médico escocês, encontrou-se com o Mestre em Haifa, em Novembro de 1919 e foi seu convidado durante dois meses e meio. Ele descreveu como, apesar de ter quase setenta e seis anos de idade, ‘Abdu’l-Bahá ainda era “notavelmente vigoroso”:
(…)
Thorton Chase, considerado o primeiro Bahá’í americano, encontrou-se com ‘Abdu’l-Bahá durante a sua peregrinação a Akká em 1907. Quando ‘Abdu’l-Bahá foi à Califórnia em 1912, Chase morreu antes da Sua chegada. Mas ‘Abdu’l-Bahá fez uma visita especial ao seu túmulo. Chase tinha escrito as seguintes palavras sobre o Mestre:
Sheikh Younis el-Khatib era um conhecido poeta e orador Muçulmano, e discursou no funeral de ‘Abdu’l-Bahá e na reunião de homenagem realizada 40 anos após o seu falecimento:
Misteriosamente, a presença de ‘Abdu’l-Bahá no mundo ainda parece bastante tangível - ele é alguém com quem todos nos podemos relacionar, e Ele prometeu que sempre estaria connosco. Na verdade, Ele disse algo muito surpreendente: "Se os crentes ... estabelecerem, de forma adequada, união e harmonia em espírito, língua, coração e corpo, de repente eles encontrarão Abdu'l-Bahá entre eles."
Neste sentido, todos podemos afirmar que ‘Abdu’l-Bahá é uma espécie de figura paterna universal – sempre presente, sempre desejando elevar-nos, sempre a chamar-nos para um plano espiritual mais elevado.
NOTA: alguns dos relatos aqui partilhados foram extraídos da nova compilação de Robert Weinberg, Ambassador to Humanity: A Selection of Testimonials and Tributes to Abdu’l-Baha.
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Texto original: What If We All Had a Kind, Loving Father? (www.bahaiteachings.org)
Anne Gordon Perry é doutorada em Estudos Estéticos e lecciona Humanidades, no Art Institute of Dallas. Com seu marido, Tim Perry, ela criou um documentário intitulado Luminous Journey: Abdu'l-Baha in America, 1912. O filme segue as viagens de ‘Abdu'l-Baha, nos Estados Unidos e Canadá durante oito meses, mostrando como ele deu às pessoas um vislumbre de um mundo de paz, unidade racial e igualdade de gênero.
Pais dedicados e amorosos podem ser uma força estabilizadora, capaz de encorajar, proteger, educar, apoiar, acarinhar e dar atenção, e simultaneamente serem exemplos e mentores. E se todos tivéssemos um pai exemplar com essas características?
Os ensinamentos Bahá’ís apresentam um exemplo – ‘Abdu’l-Bahá, o filho e sucessor de Bahá’u’lláh. Apesar de não ser um Profeta, ‘Abdu’l-Bahá tem uma posição única para os Bahá’ís, conforme explicado pela Casa Universal de Justiça na introdução ao “Livro Mais Sagrado” de Bahá’u’lláh:
Esta figura única é simultaneamente Exemplo de um padrão de vida ensinado pelo Seu Pai, intérprete autorizado e divinamente inspirado dos Seus Ensinamentos, e Centro da Aliança que o Fundador da Fé Bahá’ís fez com todos os que O reconheceram.
A Fé Bahá’í pede aos seus seguidores que se tornem cidadãos do mundo, reconheçam e ajam conscientes da unicidade da humanidade, e ofereçam amor e compaixão a todas as pessoas. ‘Abdu’l-Bahá notabilizou-se neste Seu papel como exemplo destes sublimes ensinamentos, conforme indicam claramente diversas narrativas de pessoas que O conheceram.
Wellesca Allen-Dyar ("Aseyeh"), que se tornou Bahá’í em 1901 e fez a sua peregrinação a Akka seis anos mais tarde, descreveu que ‘Abdu'l-Bahá:
... era capaz de ser para nós um pai afectuoso, um companheiro e um amigo, e podíamos conviver e socializar porque não estávamos continuamente a pedir-Lhe que respondesse a perguntas; quando isso acontecia, Ele assumia imediatamente outra atitude e… podíamos sentir a Sua dignidade, a Sua grandeza, a profundidade ilimitada da Sua sabedoria. Ele, de facto, é uma “fonte de água viva que leva à vida eterna”, e o conhecimento e sabedoria saiam dos Seus lábios tal como a água sai de uma fonte, dando vida a todo o coração sedento...”
Myron Phelps, um advogado e escritor de Nova Iorque, viajou para Akka em 1902 e descreveu como ‘Abdu’l-Bahá, conhecido por muitos como “o Mestre”, Se relacionava com outras pessoas:
“Todas as pessoas o conhecem e amam – os ricos e os pobres, os novos e os velhos – até os bebés pulam nos braços das mães. Se ele sabe que alguém está doente na cidade – Muçulmano ou Cristão, ou de qualquer outra seita, isso não importa – ele fica cada dia junto à sua cama, ou envia um mensageiro de confiança. Se é necessário um médico e o paciente é pobre, ele chama ou envia um, e também a medicação necessária. Se ele sabe que um tecto furado ou uma janela partida são uma ameaça à saúde, ele chama um trabalhador e fica à espera de que o problema seja concertado. Se alguém está em apuros – se um filho ou irmão vai para a prisão, ou se alguém é ameaçado pela lei, ou se fica em dificuldades demasiado pesadas – é ao Mestre que vai imediatamente pedir conselho ou ajuda. Na verdade, para conselhos todos vêm, ricos e pobres. Ele é uma espécie de pai de todas as pessoas…”
Juliet Thompson, uma pintora americana, tornou-se Bahá’í durante uma estadia em Paris, em 1901. Encontrou-se com ‘Abdu’l-Bahá em 1909 na Terra Santa e mais tarde na Europa e nos Estados Unidos. Escreveu o seguinte:
Ele dá – dá – dá! O Seu amor nunca parece satisfeito com o que dá. Infatigavelmente, ele dá o seu espírito e coração – tal como um pai dá coisas materiais – pequenas recordações ou flores, símbolos mais carinhosos.”
Também descreveu como Lee McClung, então Tesoureiro dos Estados Unidos, após o seu encontro com o Mestre procurando palavras para descrevê-lo, e tendo dito: “Senti como se estivesse na presença de um grande Profeta – Isaías, Elias…não, não é isso. A presença de Cristo – não. Senti como se estivesse na presença do meu Pai Divino.”
Jean LeFranc, um jornalista francês do jornal Le Temps, encontrou-se com ‘Abdu’l-Bahá em Paris e escreveu:
“O rosto venerável de ‘Abdu’l-Bahá, cujos olhos brilham, irradia inteligência e bondade. Ele é paternal, afectuoso e simples; ele inspira confiança e respeito. O seu poder divino vem, sem dúvida, de saber como amar as pessoas e ser amado por elas.”
Lady Blomfield, uma das primeiras Bahá’ís britânicas, recebeu ‘Abdu’l-Bahá como hóspede durante as Suas visitas a Londres. Neste relato, ela descreve um evento ocorrido em Paris:
“Num bairro muito pobre de Paris, num domingo de manhã, grupos de homens e mulheres começavam a provocar desacatos. Destacava-se entre eles um homem grande que tinha na mão um grande pedaço de pão, e gritava, gesticulava e dançava. Saindo do Salão da Missão onde tinha falado para uma congregação muito pobre a convite do seu Pastor, ‘Abdu’l-Bahá entrou no meio dessa multidão. O homem desordeiro que segurava o pão, ao vê-lo parou de repente. Depois prosseguiu… gritando: “Deixem passar, deixem passar! Ele é o meu Pai, deixem passar”. O Mestre passou pelo meio da multidão, que ficara silenciosa e o cumprimentava respeitosamente. “Muito obrigado, meus queridos amigos, muito obrigado”, disse sorrindo para eles. Os pobres eram sempre os seus amigos especialmente queridos. Nunca ficava mais feliz do que quando estava rodeado por eles, os que tinham coração humilde!”
Frederick Dean, Budista e jornalista que se encontrou com ‘Abdu’l-Bahá em várias ocasiões em Nova Iorque, era o repórter do “The Independent” e da “The Weekly Review” com a função de acompanhar o evento na igreja onde ‘Abdu’l-Bahá ia falar:
“Conheci o professor pela primeira vez numa igreja da zona residencial. Tinha sido enviado pelo meu jornal para fazer uma reportagem sobre o sermão. O orador era tão surpreendentemente parecido com o meu pai que, imediatamente após a cerimónia, entrei na antecâmara e falei-lhe dessa notável semelhança. Tranquilamente, ele respondeu: “Eu sou o teu pai e tu és o meu filho. Vem jantar comigo.” Outro compromisso impediu [o jantar], mas perguntei se podia tomar pequeno almoço com ele na manhã seguinte. “Vem”, disse ele. E fui; e após aquele primeiro encontro seguiram-se outros. Caminhámos e falámos no seu jardim. Falei-lhe da sua característica particular que me atraía devido à minha própria perspectiva de vida: que eu vinha de uma família do sudeste asiático e que eu era Budista – um Budista-Cristão. “Também eu”, respondeu o professor. “Eu também sou Confucionista-Cristão e Brâmane-Cristão; Judeu e Muçulmano-Cristão. Sou irmão de todos os que amam a verdade – a verdade em qualquer traje que desejem vestir”…
No último dia em que o vi, ele deu-me uma rosa – tinha sempre rosas recém-colhidas na sua mesa… Quando me deixou à porta, disse-me: “… Pensa em mim como o teu pai carinhoso e não como algo divino que deve ser adorado…” Quem se encontrou com ele levou consigo algo indescritível que torna os prazeres da vida mais brilhantes.
John E. Esslemont, um médico escocês, encontrou-se com o Mestre em Haifa, em Novembro de 1919 e foi seu convidado durante dois meses e meio. Ele descreveu como, apesar de ter quase setenta e seis anos de idade, ‘Abdu’l-Bahá ainda era “notavelmente vigoroso”:
Os Seus serviços estavam sempre à disposição daqueles que mais necessitavam. A Sua paciência infalível, delicadeza, bondade e tacto tornavam a Sua presença uma bênção. Era Seu hábito passar grande parte da noite em oração e meditação. Desde manhã cedo até à noite, com excepção de uma breve sesta após o almoço, Ele estava energicamente ocupado a ler e a responder a cartas… e tratando dos múltiplos afazeres da casa…
À tarde, Ele tinha usualmente um momento de descontração na forma de caminhada ou passeio, mas mesmo aí Ele costumava ir acompanhado por uma, duas pessoas, ou por um grupo… com quem conversava… ou se tivesse oportunidade… visitava e ajudava alguns pobres. Após o Seu regresso, Ele convidava os amigos para a usual reunião da noite… Ele ficava encantado por reunir pessoas de várias raças, cores, nações e religiões em unidade e amizade cordial ao redor da mesa hospitaleira. Ele era, de facto, um pai amoroso, não só para a comunidade em Haifa, mas para a comunidade Bahá’í em todo o mundo.”
(…)
Thorton Chase, considerado o primeiro Bahá’í americano, encontrou-se com ‘Abdu’l-Bahá durante a sua peregrinação a Akká em 1907. Quando ‘Abdu’l-Bahá foi à Califórnia em 1912, Chase morreu antes da Sua chegada. Mas ‘Abdu’l-Bahá fez uma visita especial ao seu túmulo. Chase tinha escrito as seguintes palavras sobre o Mestre:
Encontrei em ‘Abdu’l-Bahá um homem forte e poderoso… tão livre e imperturbado quanto um pai com a sua família ou um rapaz com os seus amigos. No entanto, cada movimento – os seus passos, as suas saudações, o sentar-se e levantar-se – eram a eloquência do poder, pleno de dignidade, liberdade e capacidade… ‘Abdu’l-Bahá é um homem distinto, de pensamento amplo e universal, estando acima do mundo e olhando-o na sua fraqueza e pobreza com um amor ilimitado e um desejo intenso de o levantar da sua miséria, consciencializá-lo das ricas dádivas de Deus, que tão abundantemente são oferecidas neste tempo maravilhoso, afastar as diferenças, juntar todos os homens, todos os povos, todas as religiões numa verdadeira humanidade e religião… Eles ergue-se, com braços abertos, o Mestre da Festa, chamando com uma voz clara e forte toda a humanidade: “Venham! Venham! Venham! Agora é o tempo! Agora é o Tempo aceite! Venham e bebam desta Água doce que jorra torrencialmente em todas as partes do mundo!” E, a cada peregrino esfomeado que chega… ele abraça-o junto ao seu peito com tanta sinceridade e entusiasmo de amor que preocupações mesquinhas, pensamentos e ambições mundanas desaparecem, e a pessoa fica em paz e alegria porque chegou ao lar e ali encontrou amor… Deseja-se que o abraço não termine, pois é jubilante e confortador. Na verdade, penso que nunca termina. Abre a porta do amor que nunca será fechada. O lar do amor está ali.
Sheikh Younis el-Khatib era um conhecido poeta e orador Muçulmano, e discursou no funeral de ‘Abdu’l-Bahá e na reunião de homenagem realizada 40 anos após o seu falecimento:
Ai de mim! Nesta tribulação, não há coração, apenas dores de angústia; todos os olhos estão cheios de lágrimas. Ai dos pobres, pois a bondade afastou-se deles, ai dos órfãos, pois o seu pai amoroso já não está com eles! (…) Basta dizer que ele deixou em cada coração a mais profunda impressão, em cada língua os mais maravilhosos elogios. E aquele que deixa uma recordação tão adorável, tão imperecível, de facto, não está morto.
Misteriosamente, a presença de ‘Abdu’l-Bahá no mundo ainda parece bastante tangível - ele é alguém com quem todos nos podemos relacionar, e Ele prometeu que sempre estaria connosco. Na verdade, Ele disse algo muito surpreendente: "Se os crentes ... estabelecerem, de forma adequada, união e harmonia em espírito, língua, coração e corpo, de repente eles encontrarão Abdu'l-Bahá entre eles."
Neste sentido, todos podemos afirmar que ‘Abdu’l-Bahá é uma espécie de figura paterna universal – sempre presente, sempre desejando elevar-nos, sempre a chamar-nos para um plano espiritual mais elevado.
NOTA: alguns dos relatos aqui partilhados foram extraídos da nova compilação de Robert Weinberg, Ambassador to Humanity: A Selection of Testimonials and Tributes to Abdu’l-Baha.
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Texto original: What If We All Had a Kind, Loving Father? (www.bahaiteachings.org)
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Anne Gordon Perry é doutorada em Estudos Estéticos e lecciona Humanidades, no Art Institute of Dallas. Com seu marido, Tim Perry, ela criou um documentário intitulado Luminous Journey: Abdu'l-Baha in America, 1912. O filme segue as viagens de ‘Abdu'l-Baha, nos Estados Unidos e Canadá durante oito meses, mostrando como ele deu às pessoas um vislumbre de um mundo de paz, unidade racial e igualdade de gênero.
sábado, 26 de junho de 2021
‘Abdu’l-Bahá: Uma Figura Paterna para a Humanidade
Por Anne Gordon Perry.
O ano de 2021 é um ano especial para os Bahá'ís, pois celebramos e homenageamos a vida de ‘Abdu'l-Bahá ao evocar o centésimo aniversário do Seu falecimento.
Filho de Bahá’u’lláh – o profeta fundador da Fé Bahá’í – ‘Abdu’l-Bahá ocupa um lugar único na história da religião, situado entre o humano e o profeta de Deus. Nas palavras de Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’í e neto de ‘Abdu’l-Bahá:
‘Abdu’l-Bahá nasceu em Teerão (Irão), em 23 de Maio de 1844, naquele preciso momento em que se iniciava uma nova era de evolução social e espiritual do mundo. No mesmo dia em que o Báb – o precursor e arauto de Bahá’u’lláh – anunciou a Sua própria revelação, ‘Abdu’l-Bahá nasceu neste mundo. Ao longo da Sua vida, Ele personificaria os mais elevados ensinamentos e aspirações da revelação Bahá’í, tornando-se não só o líder da Fé, mas também o Seu verdadeiro exemplo. O Seu nome próprio era Abbas; mas mais tarde tornar-se-ia conhecido como ‘Abdu’l-Bahá, um título que significa “servo da glória”.
A relação que Ele tinha com o Seu Pai, Bahá’u’lláh, não era a típica relação pai-filho. Com seis anos, Ele foi a primeira pessoa a reconhecer a condição do Seu Pai, e assim pode ser considerado o primeiro Bahá’í. Munirih Khanum, a esposa de 'Abdu'l-Bahá, descreveu como isto aconteceu, quando Ele:
Depois, prossegue ela, ‘Abdu’l-Bahá “… consagrou-Se, de corpo e alma, ao trabalho sagrado da causa Bahá’í, divulgando no exterior a nova mensagem de Amor e Justiça.”
Exilado e aprisionado com a família, sofrendo aflições durante muitos anos devido ao exílio de Bahá’u’lláh, e educado apenas dentro dos limites que as circunstâncias permitiam, Ele foi finalmente libertado após 56 anos na prisão e foi-Lhe permitido receber visitas em Akká, uma cidade prisão na Terra Santa, para onde tinha sido desterrado.
Após o falecimento de Bahá’u’lláh em 1892, ‘Abdu’l-Bahá herdou a função de liderança para os Bahá’ís do mundo, demonstrando capacidade e percepção notáveis. A Casa Universal de Justiça – a instituição eleita que governa os Bahá’ís do mundo – escreve:
Além de ser conhecido como “O Mestre” e “O Mistério de Deus”, 'Abdu'l-Bahá também é referido como o “Mais Grandioso Ramo” por Bahá'u'lláh. Um dos primeiros Bahá’ís, Ḥaji Mirza Ḥaydar-Ali, registou as descrição e previsões que o próprio Bahá’u’lláh fez sobre ‘Abdu’l-Bahá:
De muitas formas, ‘Abdu’l-Bahá exemplificou o que significa ser Bahá’í. Ao ler histórias sobre a Sua vida e o Seu impacto noutras pessoas, percebemos que Ele se tornou uma figura paterna para muitas pessoas no Seu tempo – e podemos vê-Lo como como figura paterna hoje em dia.
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Texto original: Abdu’l-Baha: A Father Figure for Humankind (www.bahaiteachings.org)
Anne Gordon Perry é doutorada em Estudos Estéticos e lecciona Humanidades, no Art Institute of Dallas. Com seu marido, Tim Perry, ela criou um documentário intitulado Luminous Journey: Abdu'l-Baha in America, 1912. O filme segue as viagens de Abdu'l-Baha, nos Estados Unidos e Canadá durante oito meses, mostrando como ele deu às pessoas um vislumbre de um mundo de paz, unidade racial e igualdade de gênero.
O ano de 2021 é um ano especial para os Bahá'ís, pois celebramos e homenageamos a vida de ‘Abdu'l-Bahá ao evocar o centésimo aniversário do Seu falecimento.
Filho de Bahá’u’lláh – o profeta fundador da Fé Bahá’í – ‘Abdu’l-Bahá ocupa um lugar único na história da religião, situado entre o humano e o profeta de Deus. Nas palavras de Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’í e neto de ‘Abdu’l-Bahá:
…na pessoa de ‘Abdu’l-Bahá, as características incompatíveis da natureza humana e perfeição e conhecimento sobre-humano estavam unidas e completamente harmonizadas.
‘Abdu’l-Bahá nasceu em Teerão (Irão), em 23 de Maio de 1844, naquele preciso momento em que se iniciava uma nova era de evolução social e espiritual do mundo. No mesmo dia em que o Báb – o precursor e arauto de Bahá’u’lláh – anunciou a Sua própria revelação, ‘Abdu’l-Bahá nasceu neste mundo. Ao longo da Sua vida, Ele personificaria os mais elevados ensinamentos e aspirações da revelação Bahá’í, tornando-se não só o líder da Fé, mas também o Seu verdadeiro exemplo. O Seu nome próprio era Abbas; mas mais tarde tornar-se-ia conhecido como ‘Abdu’l-Bahá, um título que significa “servo da glória”.
A relação que Ele tinha com o Seu Pai, Bahá’u’lláh, não era a típica relação pai-filho. Com seis anos, Ele foi a primeira pessoa a reconhecer a condição do Seu Pai, e assim pode ser considerado o primeiro Bahá’í. Munirih Khanum, a esposa de 'Abdu'l-Bahá, descreveu como isto aconteceu, quando Ele:
…percebeu que o Seu próprio amado Pai era Aquele que deveria educar a humanidade com conceitos universais, abolindo preconceitos, contruindo a unidade e a mais Grandiosa Paz num mundo perturbado, estabelecendo o Reino de Deus nesta terra triste, transformando novamente a religião numa fonte curadora de todos os males do mundo, Ele percebeu porque é que o Manifestante suscitara novamente o ódio dos homens perversos e a perseguição maligna.
Depois, prossegue ela, ‘Abdu’l-Bahá “… consagrou-Se, de corpo e alma, ao trabalho sagrado da causa Bahá’í, divulgando no exterior a nova mensagem de Amor e Justiça.”
Exilado e aprisionado com a família, sofrendo aflições durante muitos anos devido ao exílio de Bahá’u’lláh, e educado apenas dentro dos limites que as circunstâncias permitiam, Ele foi finalmente libertado após 56 anos na prisão e foi-Lhe permitido receber visitas em Akká, uma cidade prisão na Terra Santa, para onde tinha sido desterrado.
Após o falecimento de Bahá’u’lláh em 1892, ‘Abdu’l-Bahá herdou a função de liderança para os Bahá’ís do mundo, demonstrando capacidade e percepção notáveis. A Casa Universal de Justiça – a instituição eleita que governa os Bahá’ís do mundo – escreve:
Com o ocaso do Sol de Bahá, a Lua da Sua Aliança ergueu-se reflectindo a sua glória, e afastando as trevas de uma noite de desespero e iluminando o caminho da unidade para toda a humanidade. Na plenitude do seu esplendor estava a figura magnética de ‘Abdu’l-Bahá, o Filho amado que Bahá’u’lláh designou como Intérprete da Sua Palavra e Executor da Sua autoridade, e Que Ele nomeou como Centro da Sua Aliança, um papel sem paralelo na história da religião.
Além de ser conhecido como “O Mestre” e “O Mistério de Deus”, 'Abdu'l-Bahá também é referido como o “Mais Grandioso Ramo” por Bahá'u'lláh. Um dos primeiros Bahá’ís, Ḥaji Mirza Ḥaydar-Ali, registou as descrição e previsões que o próprio Bahá’u’lláh fez sobre ‘Abdu’l-Bahá:
No futuro ver-se-á como Ele, sozinho e sem ajuda, irá erguer o estandarte do Mais Grandioso Nome no centro do coração do mundo, com poder, autoridade e esplendor Divino. Ver-se-á como Ele reunirá os povos da terra sob a tenda da paz e concórdia. Em determinados momentos, são enviadas almas à terra pelo Deus Poderoso com aquilo que designamos o Poder do Grande Éter. E aqueles que possuem este poder podem fazer qualquer coisa; eles têm todo o poder… Jesus Cristo tinha esse poder. Por esse motivo, Ele não pode permanecer oculto. Este Poder etéreo ergueu-se e despertou o mundo. E agora olha para o Mestre, pois o Poder é Ele.
De muitas formas, ‘Abdu’l-Bahá exemplificou o que significa ser Bahá’í. Ao ler histórias sobre a Sua vida e o Seu impacto noutras pessoas, percebemos que Ele se tornou uma figura paterna para muitas pessoas no Seu tempo – e podemos vê-Lo como como figura paterna hoje em dia.
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Texto original: Abdu’l-Baha: A Father Figure for Humankind (www.bahaiteachings.org)
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Anne Gordon Perry é doutorada em Estudos Estéticos e lecciona Humanidades, no Art Institute of Dallas. Com seu marido, Tim Perry, ela criou um documentário intitulado Luminous Journey: Abdu'l-Baha in America, 1912. O filme segue as viagens de Abdu'l-Baha, nos Estados Unidos e Canadá durante oito meses, mostrando como ele deu às pessoas um vislumbre de um mundo de paz, unidade racial e igualdade de gênero.
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
sábado, 29 de dezembro de 2018
O que eu vi em ‘Abdu’l-Bahá: relatos de Laura Barney
Por Layli Miron.
Em 16 de Maio de 1909, em Nova Iorque, um grupo de pessoas reuniu-se para ouvir Laura Clifford Barney. O seu nome era familiar aos leitores do livro Respostas a Algumas Perguntas, que tinha sido publicado no ano anterior. Este livro apresentava, para a recém-nascida comunidade Bahá’í dos Estados Unidos, o comentário de ‘Abdu’l-Bahá sobre uma diversidade de temas, desde o Novo Testamento até à justiça criminal.
Barney, que traduziu e compilou o livro, passara a maior parte da década anterior longe da sua pátria, vivendo em Paris e Akka. Viveu vários meses na casa de ‘Abdu’l-Bahá – uma “aldeia” que se agitava com Bahá’ís de todas as idades, como ela recordava com ternura – de 1904 a 1906, quando compilou o livro Respostas a Algumas Perguntas. Durante esta estadia em Akka, teve muitas oportunidades de observar e interagir com ‘Abdu’l-Bahá.
“Não é aquilo que eu penso que tem muita importância, mas sim aquilo que vi… das características e hábitos de ‘Abdu’l-Bahá”, disse à sua audiência em Nova Iorque. Uma das pessoas presentes tinha uma caneta sobre um bloco de folhas de papel, pronta a transcrever as palavras de Barney. Graças a este escriba desconhecido, temos registados os comentários feitos por Barney nesse dia. Para este artigo, os textos foram organizados por tópicos: primeiro, pequenas histórias de ‘Abdu’l-Bahá; segundo, recordações sobre a vida na Sua casa; e terceiro, reflexões sobre os Seus atributos e orientação. Estes textos foram ligeiramente editados para facilitar a legibilidade.
HISTÓRIAS DE ‘ABDU’L-BAHÁ
O Salomão de Akka
Quanto ao próprio ‘Abdu’l-Bahá, é muito difícil descrevê-Lo devido à Sua diversidade – tantos aspectos. Talvez seja melhor eu descrever-vos a forma como as pessoas de fora O viam e o que pensavam d’Ele.
Por todas as redondezas de Akka, Ele é conhecido como Abbas Effendi. Vêem-No como um grande sábio, comparam-no a Salomão. Vão ter com Ele para pedir conselhos e colocam-Lhe muitas questões difíceis para Ele resolver. Todos confiam n’Ele, apesar de ser um prisioneiro; o próprio Governador foi ter com Ele em busca de ânimo e consulta. Ele é considerado um sábio e um santo notável. Ele é extraordinário na forma como lida com os pobres, sendo o seu melhor amigo.
O passeio de um Prisioneiro
Um dia o Governador pediu-Lhe eu fossem dar um passeio. Ele acedeu ao seu pedido, e durante todo percurso manteve-Se calmo e meditativo. Por fim, falou: “Esta prisão exterior não tem importância. É da prisão do ego que nos devemos libertar”. O prisioneiro neste caso era mais poderoso que o Governador, pois o Governador é que tinha pedido ao Prisioneiro que saísse da prisão.
Um Governador em apuros
Uma vez havia um governador que insistia em ser subornado para permitir que os amigos do Mestre O visitassem. No entanto, o Mestre recusava pagar esses subornos. Ele nunca subornou ninguém. Depois este governador foi afastado ,caiu em desgraça e ficou em apuros. Então o Mestre - quando todos os outros homens se afastavam do governador para se protegerem - enviou-lhe uma certa quantia de dinheiro.
Os pertences de ‘Abdu’l-Bahá
Foi-Lhe enviado um grande cesto de fruta que passou pelo edifício da Alfândega e chegou a casa meio vazio. Ele perguntou: “Como aconteceu isto?” A resposta foi que os funcionários se tinham servido livremente no edifício da Alfândega. Ele franziu a testa por um momento e depois levantou o rosto com um sorriso dizendo: “Fizeram isto secretamente? Então deviam ser castigados; no entanto, fizeram-no abertamente. Bravo, porque as coisas que pertencem a ‘Abdu’l-Bahá pertencem a todos os homens”.
Compaixão pelos Infelizes
Lembro-me que um dia Ele chegou para almoçar, e parecia cansado e triste. Após alguns momentos, perguntámos se tinha acontecido alguma coisa. Podíamos mandar um recado a alguém?
Depois Ele contou uma experiência desoladora que tinha tido nesse dia. Tinha passado junto ao quartel onde estavam a recrutar soldados; um pai e uma mãe choravam amargamente porque o governo recrutara o seu único filho. Não tinham outro conforto, salvo o amor de Deus...
‘Abdu’l-Bahá percebe a situação difícil que as pessoas vivem. O Seu coração está cheio de amor pela humanidade e percebe a necessidade de paz nos corações das pessoas.
A VIDA NA CASA DE ‘ABDU’L-BAHÁ
Recebendo Peregrinos
Quando um peregrino vai a Akka, ‘Abdu’l-Bahá conhece a sua verdadeira condição, mas não o julga pela sua expressão exterior, mas pelo seu ser interior. Ele parece conhecer intimamente os actos das suas mentes.
Uma das perguntas é sobre o bem-estar pessoal: “Estás feliz e tens descansado?” Ele tem esta saudação carinhosa para todas as pessoas.
Exemplo para o mundo Bahá’í
Akka é o centro do mundo. É o ponto de encontro para todos os peregrinos. Muitos dos meus amigos mais queridos são peregrinos. Muitos dos meus amigos mais queridos encontrei-os ali: Muçulmanos, Judeus, Zoroastrianos, etc. Não é só ali que sentimos o laço da unidade. É em toda a parte onde encontramos Bahá’ís. Estão todos ligados uns aos outros como uma grande família feliz.
Este laço de simpatia cria actos belíssimos e é verdadeiramente maravilhoso aquilo que podemos fazer no mundo.
‘Abdu’l-Bahá é maravilhoso no Seu exemplo. Ele mostra dois princípios que são poderosos. São a tolerância e a vigilância... Devemos ser tolerantes com toda a humanidade e vigilantes para não a magoar.
ATRIBUTOS E GUIA DE ‘ABDU’L-BAHÁ
Amor pela humanidade
A Sua vida activa é notável. Nunca está com grande pressa. Tudo parece bem equilibrado. A Sua ideia é que tudo o que se começa deve ser terminado com o mesmo esforço com que foi iniciado.
O Seu interesse por todos nós é de uma visão maravilhosa. Ele parece focar tudo o que está em nós para que sejamos um espelho para Ele.
É quase milagrosa a forma como Ele lê e compreende todas as cartas que Lhe são escritas e como Ele responde a todos de acordo com as suas necessidades. Todos recebem uma atenção cuidadosa e todos recebem aquilo que desejam.
E que esforços específicos que Ele faz por aqueles que O amam e vêm até Ele. É o princípio que Bahá’u’lláh ensinou, a força do amor... Depende de nós amá-Lo. Quando Ele espalha o amor de Deus, este cai sobre o universo, e cada coisa recebe esse amor de forma diferente.
Confiança em Deus
Como centro da Aliança, o Seu estatuto é humildade. Ele seria um ser brilhante em qualquer caminho da vida e teria sucesso em qualquer empreendimento material, pois Ele depende apenas daquela força que é de Deus.
Imagine uma piscina com água. Sem ligação com outras águas, rapidamente fica estagnada; mas quando ligada com o próprio oceano, fica sempre pura. O mesmo acontece connosco. Devemos estar ligados com Deus e manter sempre essa ligação, e assim estaremos sempre sintonizados com o infinito.
Guia Paciente
‘Abdu’l-Bahá é sensível e poético no meio de toda esta actividade. Quando responde a uma pergunta, Ele está calmo e meditativo, e parece olhar para a natureza no exterior. Ele parece esquecer a nossa presença e enquanto responde, tudo o que parecia difícil de compreender torna-se fácil de entender. Todos os mistérios são transmitidos.
Visão para a América
‘Abdu’l-Bahá afirma que vários grupos e massas na América atingirão um verdadeiro estado de compreensão e autêntica fraternidade através dos nossos esforços, à medida que crescemos continuamente no amor de Bahá’u’lláh. Então, seremos capazes de atingir estas grandes massas, e juntos através do Seu amor e com pensamento n’Ele, cresceremos e cresceremos até o amor se tornar universal.
NOTA: a transcrição desta palestra encontra-se nos Arquivo Bahá’ís do Estado Unidos. Sobre os escritos de Laura Barney, ver este artigo da autora no Journal of Baha’i Studies.
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Texto original: “What I Saw of Abdu’l-Baha”: Vignettes by Laura Barney (www.bahaiblog.net)
Layli Miron e o marido vivem na Pensilvânia (EUA) onde está a fazer um Doutoramento em retórica e composição. O casal colabora com a comunidade Bahá’í em diversos projectos de natureza local.
Em 16 de Maio de 1909, em Nova Iorque, um grupo de pessoas reuniu-se para ouvir Laura Clifford Barney. O seu nome era familiar aos leitores do livro Respostas a Algumas Perguntas, que tinha sido publicado no ano anterior. Este livro apresentava, para a recém-nascida comunidade Bahá’í dos Estados Unidos, o comentário de ‘Abdu’l-Bahá sobre uma diversidade de temas, desde o Novo Testamento até à justiça criminal.
Barney, que traduziu e compilou o livro, passara a maior parte da década anterior longe da sua pátria, vivendo em Paris e Akka. Viveu vários meses na casa de ‘Abdu’l-Bahá – uma “aldeia” que se agitava com Bahá’ís de todas as idades, como ela recordava com ternura – de 1904 a 1906, quando compilou o livro Respostas a Algumas Perguntas. Durante esta estadia em Akka, teve muitas oportunidades de observar e interagir com ‘Abdu’l-Bahá.
“Não é aquilo que eu penso que tem muita importância, mas sim aquilo que vi… das características e hábitos de ‘Abdu’l-Bahá”, disse à sua audiência em Nova Iorque. Uma das pessoas presentes tinha uma caneta sobre um bloco de folhas de papel, pronta a transcrever as palavras de Barney. Graças a este escriba desconhecido, temos registados os comentários feitos por Barney nesse dia. Para este artigo, os textos foram organizados por tópicos: primeiro, pequenas histórias de ‘Abdu’l-Bahá; segundo, recordações sobre a vida na Sua casa; e terceiro, reflexões sobre os Seus atributos e orientação. Estes textos foram ligeiramente editados para facilitar a legibilidade.
HISTÓRIAS DE ‘ABDU’L-BAHÁ
O Salomão de Akka
Quanto ao próprio ‘Abdu’l-Bahá, é muito difícil descrevê-Lo devido à Sua diversidade – tantos aspectos. Talvez seja melhor eu descrever-vos a forma como as pessoas de fora O viam e o que pensavam d’Ele.
Por todas as redondezas de Akka, Ele é conhecido como Abbas Effendi. Vêem-No como um grande sábio, comparam-no a Salomão. Vão ter com Ele para pedir conselhos e colocam-Lhe muitas questões difíceis para Ele resolver. Todos confiam n’Ele, apesar de ser um prisioneiro; o próprio Governador foi ter com Ele em busca de ânimo e consulta. Ele é considerado um sábio e um santo notável. Ele é extraordinário na forma como lida com os pobres, sendo o seu melhor amigo.
O passeio de um Prisioneiro
Um dia o Governador pediu-Lhe eu fossem dar um passeio. Ele acedeu ao seu pedido, e durante todo percurso manteve-Se calmo e meditativo. Por fim, falou: “Esta prisão exterior não tem importância. É da prisão do ego que nos devemos libertar”. O prisioneiro neste caso era mais poderoso que o Governador, pois o Governador é que tinha pedido ao Prisioneiro que saísse da prisão.
Um Governador em apuros
Uma vez havia um governador que insistia em ser subornado para permitir que os amigos do Mestre O visitassem. No entanto, o Mestre recusava pagar esses subornos. Ele nunca subornou ninguém. Depois este governador foi afastado ,caiu em desgraça e ficou em apuros. Então o Mestre - quando todos os outros homens se afastavam do governador para se protegerem - enviou-lhe uma certa quantia de dinheiro.
Os pertences de ‘Abdu’l-Bahá
Foi-Lhe enviado um grande cesto de fruta que passou pelo edifício da Alfândega e chegou a casa meio vazio. Ele perguntou: “Como aconteceu isto?” A resposta foi que os funcionários se tinham servido livremente no edifício da Alfândega. Ele franziu a testa por um momento e depois levantou o rosto com um sorriso dizendo: “Fizeram isto secretamente? Então deviam ser castigados; no entanto, fizeram-no abertamente. Bravo, porque as coisas que pertencem a ‘Abdu’l-Bahá pertencem a todos os homens”.
Compaixão pelos Infelizes
Lembro-me que um dia Ele chegou para almoçar, e parecia cansado e triste. Após alguns momentos, perguntámos se tinha acontecido alguma coisa. Podíamos mandar um recado a alguém?
Depois Ele contou uma experiência desoladora que tinha tido nesse dia. Tinha passado junto ao quartel onde estavam a recrutar soldados; um pai e uma mãe choravam amargamente porque o governo recrutara o seu único filho. Não tinham outro conforto, salvo o amor de Deus...
‘Abdu’l-Bahá percebe a situação difícil que as pessoas vivem. O Seu coração está cheio de amor pela humanidade e percebe a necessidade de paz nos corações das pessoas.
A VIDA NA CASA DE ‘ABDU’L-BAHÁ
Recebendo Peregrinos
Quando um peregrino vai a Akka, ‘Abdu’l-Bahá conhece a sua verdadeira condição, mas não o julga pela sua expressão exterior, mas pelo seu ser interior. Ele parece conhecer intimamente os actos das suas mentes.
Uma das perguntas é sobre o bem-estar pessoal: “Estás feliz e tens descansado?” Ele tem esta saudação carinhosa para todas as pessoas.
Exemplo para o mundo Bahá’í
Akka é o centro do mundo. É o ponto de encontro para todos os peregrinos. Muitos dos meus amigos mais queridos são peregrinos. Muitos dos meus amigos mais queridos encontrei-os ali: Muçulmanos, Judeus, Zoroastrianos, etc. Não é só ali que sentimos o laço da unidade. É em toda a parte onde encontramos Bahá’ís. Estão todos ligados uns aos outros como uma grande família feliz.
Este laço de simpatia cria actos belíssimos e é verdadeiramente maravilhoso aquilo que podemos fazer no mundo.
‘Abdu’l-Bahá é maravilhoso no Seu exemplo. Ele mostra dois princípios que são poderosos. São a tolerância e a vigilância... Devemos ser tolerantes com toda a humanidade e vigilantes para não a magoar.
ATRIBUTOS E GUIA DE ‘ABDU’L-BAHÁ
Amor pela humanidade
A Sua vida activa é notável. Nunca está com grande pressa. Tudo parece bem equilibrado. A Sua ideia é que tudo o que se começa deve ser terminado com o mesmo esforço com que foi iniciado.
O Seu interesse por todos nós é de uma visão maravilhosa. Ele parece focar tudo o que está em nós para que sejamos um espelho para Ele.
É quase milagrosa a forma como Ele lê e compreende todas as cartas que Lhe são escritas e como Ele responde a todos de acordo com as suas necessidades. Todos recebem uma atenção cuidadosa e todos recebem aquilo que desejam.
E que esforços específicos que Ele faz por aqueles que O amam e vêm até Ele. É o princípio que Bahá’u’lláh ensinou, a força do amor... Depende de nós amá-Lo. Quando Ele espalha o amor de Deus, este cai sobre o universo, e cada coisa recebe esse amor de forma diferente.
Confiança em Deus
Como centro da Aliança, o Seu estatuto é humildade. Ele seria um ser brilhante em qualquer caminho da vida e teria sucesso em qualquer empreendimento material, pois Ele depende apenas daquela força que é de Deus.
Imagine uma piscina com água. Sem ligação com outras águas, rapidamente fica estagnada; mas quando ligada com o próprio oceano, fica sempre pura. O mesmo acontece connosco. Devemos estar ligados com Deus e manter sempre essa ligação, e assim estaremos sempre sintonizados com o infinito.
Guia Paciente
‘Abdu’l-Bahá é sensível e poético no meio de toda esta actividade. Quando responde a uma pergunta, Ele está calmo e meditativo, e parece olhar para a natureza no exterior. Ele parece esquecer a nossa presença e enquanto responde, tudo o que parecia difícil de compreender torna-se fácil de entender. Todos os mistérios são transmitidos.
Visão para a América
‘Abdu’l-Bahá afirma que vários grupos e massas na América atingirão um verdadeiro estado de compreensão e autêntica fraternidade através dos nossos esforços, à medida que crescemos continuamente no amor de Bahá’u’lláh. Então, seremos capazes de atingir estas grandes massas, e juntos através do Seu amor e com pensamento n’Ele, cresceremos e cresceremos até o amor se tornar universal.
NOTA: a transcrição desta palestra encontra-se nos Arquivo Bahá’ís do Estado Unidos. Sobre os escritos de Laura Barney, ver este artigo da autora no Journal of Baha’i Studies.
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Texto original: “What I Saw of Abdu’l-Baha”: Vignettes by Laura Barney (www.bahaiblog.net)
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Layli Miron e o marido vivem na Pensilvânia (EUA) onde está a fazer um Doutoramento em retórica e composição. O casal colabora com a comunidade Bahá’í em diversos projectos de natureza local.
sábado, 24 de dezembro de 2016
O primeiro Natal de 'Abdu'l-Bahá
Por David Langness.
Por um único motivo foram os
Profetas, sem excepção, enviados à terra. Foi por isso que Cristo Se
manifestou, foi por isso que Bahá’u’lláh ergueu o apelo do Senhor: para que o
mundo do homem se torne o mundo de Deus; que este domínio inferior se torne o
Reino; que esta luz negra, esta perversidade satânica se transforme nas
virtudes do homem – e a unidade, a camaradagem e o amor sejam conquistados por
toda a raça humana, que a unidade orgânica reapareça e os alicerces da
discórdia sejam destruídos e a vida eterna e a graça eterna sejam a colheita da
humanidade. (Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, #15)
Hoje quero
falar-vos sobre o primeiro Natal de ‘Abdu’l-Bahá em Inglaterra. Mas antes disso
vamos preparar o cenário, explorando a história do feriado, que poucas pessoas
compreendem, ou conhecem.
Alguma vez
ouviu falar de Sexto Júlio Africano?
Provavelmente
não. Inicialmente, Sexto Júlio era um soldado pagão nas legiões romanas, no
final do séc. II; depois converteu-se ao Cristianismo e tornou-se um
historiador e autor Cristão muito viajado. Tal como o seu último nome sugere,
ele era provavelmente africano - possivelmente oriundo da região a que hoje
chamamos Líbia - falava várias línguas e viajou muito pelo Médio Oriente.
Sexto Júlio
Africano escreveu uma história do mundo em cinco volumes, chamada Chronographiai. Tanto quanto se sabe,
nenhum exemplar sobreviveu, mas alguns dos seus escritos ainda existem, graças
a historiadores posteriores, como Eusébio, e tiveram um grande impacto - em pelo
menos dois aspectos - sobre quem hoje vive na idade moderna.
Primeiro,
ele determinou a idade do mundo.
Depois, ele
determinou a data exacta do Natal.
Foi assim
que ele fez: no seu trabalho de cinco volumes, Sexto Júlio escreveu a
cronologia do mundo desde a história da criação no livro do Génesis até ao ano
221 EC. Esse período de tempo - meticulosamente reunido e calculado a partir de
uma leitura cuidadosa de toda a história genealógica e das várias
“descendências” na Bíblia Hebraica e no Novo Testamento - totaliza 5723 anos,
segundo as suas contas. Os seus cálculos apresentam 5500 anos entre a criação e
a encarnação (ou Anunciação) de Jesus Cristo, que colocou a imaculada concepção
de Jesus em 25 de Março do ano 1 AEC. Adicionando os nove meses do tempo normal
de gestação humana, Júlio obteve o 25 de Dezembro, o dia em que o mundo celebra
o Natal.
Já no séc.
II EC ninguém conseguia precisar a data em que tinha ocorrido o nascimento de
Cristo. Muito antes do uso generalizado de calendários, certidões de nascimento
ou celebração regular de nascimentos, a grande distância temporal tornava
impossível a verificação de datas históricas. Por esse motivo, Sexto Júlio
Africano teve de fazer cálculos. Apesar das suas evidências, alguns
historiadores e cientistas – incluindo Isaac Newton – acreditam que o mundo
cristão escolheu o 25 de Dezembro porque os Romanos celebravam o Solstício de
Inverno nesse dia, a que chamavam Bruma ou Sol Invicto.
![]() |
Uma rua de Londres, Natal de 1911 |
Mas Sexto Júlio
calculou a data segundo a cronologia bíblica e dominou a opinião popular e o
calendário gregoriano durante mil e oitocentos anos. Os seus cálculos originais
são a razão que levam alguns fundamentalistas a insistir que o mundo tem apenas
seis mil anos de idade, e também são o motivo para observamos o nascimento de
Cristo no dia 25 de Dezembro. Com a excepção da Igreja Ortodoxa Oriental, que
normalmente celebra o Natal no dia 7 de Janeiro, o 25 de Dezembro tornou-se o
Natal para as massas – o que nos traz de volta ao tema do primeiro Natal do
'Abdu'l-Bahá.
Só em 1911,
quando viajou para o Ocidente, ‘Abdu’l-Bahá teve o primeiro contacto com as
celebrações modernas do Natal, na sua forma Ocidental. Libertado após 40 anos
de exílio, chegou a Inglaterra, vindo do Médio Oriente e no meio do agitado
calendário de discursos, reuniões e palestras, ‘Abdu’l-Bahá…
…assistiu à peça “Eager Heart”
(Coração Ansioso), uma peça de Natal na Church House, Westminster, a primeira
peça de teatro que Ele assistiu e cuja representação gráfica da vida e
sofrimentos de Jesus Cristo O levaram às lágrimas”. (Shoghi Effendi, God PassesBy, p. 284)
A peça,
escrita pela poetisa e dramaturga inglesa Alice Mary Buckton, que mais tarde
recebeu 'Abdu'l-Bahá na sua casa em Byfleet Surrey, conta a história trágica de
uma mulher que se prepara fervorosamente para a visita Natalícia de Jesus,
Maria e José, mas depois vacila quando uma família de refugiados sem-abrigo
aparece à sua porta. Leia a peça em sua forma original aqui.
Esta
descrição da reacção profundamente emocional de 'Abdu'l-Bahá à peça Eager
Heart, escrita por Lady Blomfield no seu livro The Chosen Highway, menciona uma
ocorrência notável:
[‘Abdu’l-Bahá] chorou durante a cena
em que a Criança Sagrada e os Seus pais, vencidos pela fadiga e sofrendo com a
fome e a sede, foram recebidos pela hesitação do Coração Ansioso em deixá-los
entrar no abrigo de repouso que ela tinha preparado; obviamente, ela não
conseguiu reconhecer os visitantes sagrados. Posteriormente, [‘Abdu’l-Bahá],
juntou-se ao grupo de actores.
Foi uma cena impressionante. Num
cenário oriental. O Mensageiro nas suas vestes orientais, falando-lhes, nas
suas belas palavras orientais, sobre o significado Divino dos eventos que
tinham sido representados. (The Baha’i World, Volume 4, p. 379)
Tente
imaginar esta cena de Natal, se for capaz. Após o fim dos aplausos e depois do
público se ter retirado, no palco, entre os cenários da peça, o filho do mais
recente profeta do Médio Oriente, vestido com a Sua túnica, fala aos actores
sobre os verdadeiros sofrimentos de Jesus Cristo, tal como semelhantes aos sofrimentos
de Bahá’u’lláh e da Sua família. Recentemente libertado após quatro décadas de
exílio e prisão, ‘Abdu’l-Bahá reúne um grupo de actores ao Seu redor e explica
o verdadeiro significado do Natal.
E porque os
Bahá’ís acreditam que todos os profetas de Deus são semelhantes, aqueles
actores incrivelmente afortunados, em vez de se basearem em interpretações
demasiado humanas sobre o significado e o momento do Natal, escutam isso
literalmente da fonte.
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Texto original: Abdu’l-Baha’s First Christmas (www.bahaiteachings.org)
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David
Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor
e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
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quarta-feira, 3 de junho de 2015
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