sábado, 26 de junho de 2021

‘Abdu’l-Bahá: Uma Figura Paterna para a Humanidade

Por Anne Gordon Perry.


O ano de 2021 é um ano especial para os Bahá'ís, pois celebramos e homenageamos a vida de ‘Abdu'l-Bahá ao evocar o centésimo aniversário do Seu falecimento.

Filho de Bahá’u’lláh – o profeta fundador da Fé Bahá’í – ‘Abdu’l-Bahá ocupa um lugar único na história da religião, situado entre o humano e o profeta de Deus. Nas palavras de Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’í e neto de ‘Abdu’l-Bahá:

…na pessoa de ‘Abdu’l-Bahá, as características incompatíveis da natureza humana e perfeição e conhecimento sobre-humano estavam unidas e completamente harmonizadas.

‘Abdu’l-Bahá nasceu em Teerão (Irão), em 23 de Maio de 1844, naquele preciso momento em que se iniciava uma nova era de evolução social e espiritual do mundo. No mesmo dia em que o Báb – o precursor e arauto de Bahá’u’lláh – anunciou a Sua própria revelação, ‘Abdu’l-Bahá nasceu neste mundo. Ao longo da Sua vida, Ele personificaria os mais elevados ensinamentos e aspirações da revelação Bahá’í, tornando-se não só o líder da Fé, mas também o Seu verdadeiro exemplo. O Seu nome próprio era Abbas; mas mais tarde tornar-se-ia conhecido como ‘Abdu’l-Bahá, um título que significa “servo da glória”.

A relação que Ele tinha com o Seu Pai, Bahá’u’lláh, não era a típica relação pai-filho. Com seis anos, Ele foi a primeira pessoa a reconhecer a condição do Seu Pai, e assim pode ser considerado o primeiro Bahá’í. Munirih Khanum, a esposa de 'Abdu'l-Bahá, descreveu como isto aconteceu, quando Ele:

…percebeu que o Seu próprio amado Pai era Aquele que deveria educar a humanidade com conceitos universais, abolindo preconceitos, contruindo a unidade e a mais Grandiosa Paz num mundo perturbado, estabelecendo o Reino de Deus nesta terra triste, transformando novamente a religião numa fonte curadora de todos os males do mundo, Ele percebeu porque é que o Manifestante suscitara novamente o ódio dos homens perversos e a perseguição maligna.

Depois, prossegue ela, ‘Abdu’l-Bahá “… consagrou-Se, de corpo e alma, ao trabalho sagrado da causa Bahá’í, divulgando no exterior a nova mensagem de Amor e Justiça.

Exilado e aprisionado com a família, sofrendo aflições durante muitos anos devido ao exílio de Bahá’u’lláh, e educado apenas dentro dos limites que as circunstâncias permitiam, Ele foi finalmente libertado após 56 anos na prisão e foi-Lhe permitido receber visitas em Akká, uma cidade prisão na Terra Santa, para onde tinha sido desterrado.

Após o falecimento de Bahá’u’lláh em 1892, ‘Abdu’l-Bahá herdou a função de liderança para os Bahá’ís do mundo, demonstrando capacidade e percepção notáveis. A Casa Universal de Justiça – a instituição eleita que governa os Bahá’ís do mundo – escreve:

Com o ocaso do Sol de Bahá, a Lua da Sua Aliança ergueu-se reflectindo a sua glória, e afastando as trevas de uma noite de desespero e iluminando o caminho da unidade para toda a humanidade. Na plenitude do seu esplendor estava a figura magnética de ‘Abdu’l-Bahá, o Filho amado que Bahá’u’lláh designou como Intérprete da Sua Palavra e Executor da Sua autoridade, e Que Ele nomeou como Centro da Sua Aliança, um papel sem paralelo na história da religião.

Além de ser conhecido como “O Mestre” e “O Mistério de Deus”, 'Abdu'l-Bahá também é referido como o “Mais Grandioso Ramo” por Bahá'u'lláh. Um dos primeiros Bahá’ís, Ḥaji Mirza Ḥaydar-Ali, registou as descrição e previsões que o próprio Bahá’u’lláh fez sobre ‘Abdu’l-Bahá:

No futuro ver-se-á como Ele, sozinho e sem ajuda, irá erguer o estandarte do Mais Grandioso Nome no centro do coração do mundo, com poder, autoridade e esplendor Divino. Ver-se-á como Ele reunirá os povos da terra sob a tenda da paz e concórdia. Em determinados momentos, são enviadas almas à terra pelo Deus Poderoso com aquilo que designamos o Poder do Grande Éter. E aqueles que possuem este poder podem fazer qualquer coisa; eles têm todo o poder… Jesus Cristo tinha esse poder. Por esse motivo, Ele não pode permanecer oculto. Este Poder etéreo ergueu-se e despertou o mundo. E agora olha para o Mestre, pois o Poder é Ele.

De muitas formas, ‘Abdu’l-Bahá exemplificou o que significa ser Bahá’í. Ao ler histórias sobre a Sua vida e o Seu impacto noutras pessoas, percebemos que Ele se tornou uma figura paterna para muitas pessoas no Seu tempo – e podemos vê-Lo como como figura paterna hoje em dia.

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Texto original: Abdu’l-Baha: A Father Figure for Humankind (www.bahaiteachings.org)


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Anne Gordon Perry é doutorada em Estudos Estéticos e lecciona Humanidades, no Art Institute of Dallas. Com seu marido, Tim Perry, ela criou um documentário intitulado Luminous Journey: Abdu'l-Baha in America, 1912. O filme segue as viagens de Abdu'l-Baha, nos Estados Unidos e Canadá durante oito meses, mostrando como ele deu às pessoas um vislumbre de um mundo de paz, unidade racial e igualdade de gênero.

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