Frei Bento Domingues, hoje no Público:
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Na polémica com os liberais, o católico ultramontano, Louis Veuillot (1813–1883), assumiu uma posição que ficou célebre: “quando estou em situação desfavorável, em nome dos vossos princípios, exijo a liberdade; quando estou em posição forte, em nome do meu anti-liberalismo, nego-vos a liberdade”.
Lembrei-me desta estranha ética, a propósito do modo como os cristãos são maltratados em muitos países muçulmanos - na China é pior - e das exigências dos seus imigrantes, nomeadamente na Europa, em nome da liberdade religiosa e da afirmação da sua identidade cultural, no espaço público.
A grande imigração islâmica, quando é acompanhada ou infiltrada por líderes fundamentalistas, não se contenta com a liberdade reconhecida a todas as religiões. Ameaça todos aqueles que, usando a liberdade de expressão nos países democráticos, se atrevem a questionar o Corão, os símbolos e as personagens do Islão.
A Noruega não parece disposta a aceitar a chantagem terrorista. O governo norueguês aceita a construção de mesquitas no seu território. Não admite, porém, que a Arábia Saudita e os seus homens de negócios entrem com milhares de milhões para financiar esplendorosas mesquitas e continuem a impedir a construção de igrejas cristãs, no seu país. Exige reciprocidade.
O ministro dos negócios estrangeiros da Noruega, Jonas Gahr Stor, levará esta exigência ao Conselho da Europa.
Dir-se-á que esta posição ainda não saiu do Antigo Testamento, “olho por olho, dente por dente”, mas o ministro Stor não joga no campo religioso. A sua intervenção situa-se no plano político, com meios políticos, a favor de um mínimo de justiça.
Confundir, porém, as correntes fundamentalistas com a totalidade das práticas islâmicas, é um erro com consequências graves para a paz mundial e não ajuda a encontrar o caminho para a defesa da liberdade religiosa, em todos os países e no comportamento interno de todas as religiões. (...)
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