segunda-feira, 6 de março de 2006

Liberdade vs. Susceptibilidade

"A minha liberdade tem um limite na tua. Na tua liberdade sim, mas não na tua susceptibilidade. Posso gozar com a tua fé que não interdito praticá-la. (...) Se se estabelece o princípio que não é lícito ofender uma qualquer fé, atribuem-se as chaves da liberdade à susceptibilidade do crente."

Paolo Flores d'Arcais, citado por Augusto M. Seabra no Público de ontem.

8 comentários:

João Moutinho disse...

Para quem não tem Fé "gozar" com uma religião alheia ou o Seu Fundador será semelhente a troçar de um governo, de um chefe de Estado ou monarca.
Mas será importante recordar que para quem é religioso o vínculo que estabelece com o Fundador da sua Religião vai muito mais longe do que uma religião filial que poderemos estabelecer com qualquer um dos nossos Pais. E sabemos perfeitamente que quando temos que defender "os nossos" a razão não tem de estar necessariamente presente, mesmo que nos queiramos convencer do oposto.
Além que também está em causa a forma de parodiar os sentimentos e valores dos outros (que também é disso que se trata).
A susceptibilidade não pode ser levada a extremos mas seria bom que defende a liberdade se lembrasse que isso não lhe dá o direito de espezinhar os sentimentos de quem quer que seja.

Anónimo disse...

O Sr. João Moutinho está muito susceptível... :-)

Cristina disse...

boa noite, cheguei pelo águalisa e gostei muito.voltarei, se não se incomoda:) saudações.

Marco Oliveira disse...

Seja bem aparecida, Cristina.
Quem vem pelo ÁguaLisa traz boas referências! :-)

Pitucha disse...

Tenho que admitir que não estou completamente de acordo. Acho que em matéria de religião o domínio do sagrado deveria ser absolutamente respeitado. Como sinal de compreensão e tolerância para com os praticantes dessa religião. Mas, enfim, o sagrado é uma palavra cada vez mais "perigosa" de utilizar, é cada vez mais politicamente incorrecta.

Maria Lagos disse...

Qual pessoa que se diz crente em Deus tem, necessáriamente que respeitar as ideias dos outros, pois muitos são os caminhos que levam à morada do Pai. Quem entende que RELIGIÃO é UMA, revelada progressivamente, tem que aceitar e respeitar todos.Não são os Manifestantes de Deus que se degladiam ou não o seriam mesmo, os crentes, sim, na sua ânsia de achar que a sua é melhor do que a do irmão, muitas vezes dizem e fazem coisas que não são próprios daqueles que declaram acreditar em Deus. A sinceridade e a honestidade devem estar acima de todos os sentimentos que nos assltam. Ver em todos irmãos de caminhada faz-nos desenvolver a compreensão e tolerância e para com todos.

Marco Oliveira disse...

Pitucha,

A susceptibilidade e o sagrado são conceitos subjectivos; eu hoje posso reagir bem a uma piada sobre o facto de ser baha’i, mas amanhã posso estar de mau humor e posso reagir mal à mesma piada vinda da mesma pessoa. Outro exemplo: eu costumo ouvir bocas sobre o facto de estar a fazer jejum: "Deves estar é a fazer dieta!" "Também fazes jejum de sexo?" e outras coisas do género. Geralmente rio-me destas provocações, pois até conseguem ser bem criativas. Mas conheço alguns baha’is que se iam chatear se ouvissem coisas destas.

Além disso as concepções do sagrado variam de pessoa para pessoa; mesmo em pessoas que partilham as mesmas crenças, encontramos diferentes concepções de sagrados e atitudes em relação ao sagrado.

Sobre a liberdade podemos legislar e regular o funcionamento das sociedades; sobre o respeito apenas se pode educar as pessoas. A liberdade para insultar, para fazer troça, para dizer disparates deve existir. Mas o facto dessa liberdade existir, não significa que devamos fazer uso dela.

Afinal, não podemos esquecer que liberdade implica responsabilidade.

Anónimo disse...

Muito obrigado pelas correcções feitas a algumas passagens do artigo, em especial no que se refere ao facto de Bahá'ú'Lláh não ser REALMENTE o último dos Manifestantes de Deus! O que aliás foi afirmado claramente à simpática jornalista que escreveu o artigo.