Tradução de um artigo de Abbas Djavadi (associate-director da emissão da RFE/RL em Praga).
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Das centenas de presos políticos nas prisões iranianas, há um grupo, provavelmente o único, que tem sido julgado e detido, não por ir a manifestações ou por escrever e falar publicamente contra o governo, mas simplesmente por serem membros de uma fé perseguida: os Baha'is.
Em 10 de Abril, sete membros destacados da comunidade Bahá'í do Irão vai enfrentar sua terceira audiência no tribunal em Teerão, desde que foram detidos há dois anos.
Em Março de 2008, Mahvash Sabet, uma dos sete, recebeu um telefonema da cidade nordestina de Mashhad. Aparentemente, o Ministério da Segurança queria "esclarecer uma questão menor" com ela, "relacionadas com o enterro de uma pessoa no cemitério Baha'i" daquela cidade.
Ela viajou de sua casa em Teerão para Mashhad, onde foi detida. Dois meses depois, os outros seis foram detidos na madrugada do mesmo dia, nas suas casas em Teerão.
Todos os sete tinham estado a tentar inspirar e ajudar a Comunidade Bahá'í iraniana de cerca de 300.000 pessoas após a maioria dos líderes da comunidade ter sido presa e executada a seguir à fundação da República Islâmica em 1979. Todas as instituições religiosas Baha'is foram então proibidas.
Numa primeira vaga de perseguições em Agosto de 1980, poucos meses depois da Revolução Islâmica, todos os nove membros da Assembleia Espiritual Nacional dos Baha'is do Irão foram raptados e desapareceram sem deixar rastro. A Comunidade Baha'i não tem dúvida de que eles foram todos mortos.
Após a dura repressão, a comunidade Baha'i aboliu as suas estruturas dirigentes no Irão. Um grupo informal chamado "Os Amigos do Irão" administrava os serviços básicos da comunidade, como educação, casamentos, divórcios, serviços funerários, e questões semelhantes. Sabet e seus seis companheiros eram activos em nome da comunidade Baha'i, até que foram presos há dois anos.
A Fé Baha'i - que foi fundada em 1863 no Irão e em seguida se espalhou por outros países - é considerado uma heresia pela República Islâmica. Os seguidores da Fé enfrentaram perseguições desde a sua fundação. Mas as vagas de perseguição intensificaram-se dramaticamente nos últimos 31 anos. Os Baha'is estão impedidos de aceder ao ensino superior, aos empregos públicos, ou de viajar para o estrangeiro.
Rótulos como acusações
Os prisioneiros políticos no Irão raramente são acusados oficialmente com o que realmente fizeram. O gabinete do Procurador Iraniano nunca teve qualquer dificuldade em encontrar rótulos "legais" para justificar a perseguição ou eliminação de qualquer pessoa que o regime entenda ser um "inimigo". Primeiro eles prendem os "inimigos", e depois eles encontram um rótulo.
Quem que escreveu artigos em jornais ou falou contra o governo foram acusados de "agir contra a segurança nacional do Irão". Quem se manifestou para protestar contra a eleição presidencial realizada em Junho do ano passado foi acusado de "travar guerra contra Deus", e quem falou para a imprensa internacional sobre a repressão foi preso por "colaboração com os países estrangeiros" ou "espionagem".
Os membros da fé Baha'i nunca foram oficialmente acusados de serem Baha'is. Por uma questão de princípio religioso, os Baha'is abstêm-se de actividade política. Mas ainda assim, há dois anos, depois das forças de segurança terem detido os sete dirigentes da comunidade Baha'i, acusaram-nos de "espionagem, propaganda contra o sistema islâmico, criação de uma organização ilegal, cooperação com Israel, e actos contra a segurança nacional iraniana."
"Todas as acusações absurdas", afirma Kit Bigelow da comunidade Baha'i dos EUA. "O seu único «crime» é serem crentes de uma fé que é perseguida pelo governo iraniano".
Há dois anos que os sete líderes Bahá'í estão na prisão, parcialmente em isolamento solitário, e na maioria do tempo sem qualquer contacto com o mundo exterior, incluindo cônjuges e filhos. O seu principal advogado, a Prémio Nobel da Paz Shirin Ebadi, deixou o Irão após a eleição presidencial de Junho de 2009, temendo pela sua própria segurança. Agora, eles são representados por dois outros advogados da empresa de advocacia de Ebadi.
"Não se trata de ter bons advogados - que temos - ou mesmo as boas leis - que não temos", afirma Ahmad T., um advogado sedeado em Teerão. "O importante é que eles só querem acabar com a fé Baha'i na sociedade iraniana, pois que eles pensam que vieram depois do Islão e é heresia."
Questionado sobre se os sete líderes Bahá'ís podem ser executados, Ahmad T. afirma: "Estamos a atravessar um período de opressão brutal. Por isso…, sim, alguns podem acabar com a pena de morte e outros com diferentes penas de prisão. Mas a pressão e a consciência internacional podem aliviar o risco."
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