Aquele conselho humano perpétuo e universal - Conhece a Ti Mesmo - surgiu provavelmente entre os filósofos gregos. Hoje, podemos acrescentar um outro conselho: conheçam os vossos sistemas de crença.
À medida que investigamos as diferentes religiões vamos, inevitavelmente, descobrir diferenças entre elas. É importante ressaltar que essas diferenças podem ser apenas o resultado de uma expressão cultural - e, portanto, existem apenas no nome e na forma. Os Bahá’ís acreditam que a maioria das diferenças religiosas apenas existe na superfície; se investigarmos a fundo, percebemos que todas as grandes religiões concordam:
Portanto, as religiões divinas [os profetas de Deus] estabelecidas têm uma fundação; os seus ensinamentos, provas e evidências são um só; no nome e na forma elas diferem, mas na realidade elas concordam e são a mesma. ('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 151)Mesmo diferenças nas Escrituras pode ser mais no nome e na forma, do que inicialmente poderiam parecer. Após uma análise cuidadosa, fica claro que a Escritura é de dois tipos: um tipo aborda a fé, moral e ética, e define a nossa relação com Deus. O outro tipo aborda as circunstâncias particulares dos destinatários da Escritura - as necessidades da época e das pessoas que viviam nesse tempo. Destes dois tipos de Escritura surgiram dois tipos de leis: sociais e espirituais. Quando comparadas, as verdadeiras religiões dão conselhos muito semelhantes em relação aos fundamentos de uma vida espiritual, apesar de poderem variar muito quando comparamos os seus componentes sociais e temporais. Bahá'u'lláh diz-nos que grande parte da diferença entre as religiões
"…deve ser atribuída aos diferentes requisitos das eras em que foram promulgadas." (Epístola ao Filho do Lobo, p. 13)
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Sermão da Montanha, por James Tissot |
Os primeiros destinatários de uma religião determinam, em grande medida, o que será revelado nessa religião, pois os seres humanos têm uma compreensão limitada. Os Profetas têm que usar os nossos instrumentos de linguagem e conceitos para comunicar connosco, e como esses instrumentos diferem de cultura para cultura, o resultado final da religião também pode diferir.
Além disso, os ensinamentos religiosos raramente são registados na perfeição. Transmitidos oralmente, toda a aprendizagem espiritual inclui a inevitabilidade da interpretação e a possibilidade da distorção. Quando as pessoas deixam de considerar cuidadosamente as diferentes interpretações, o resultado é muitas vezes um conflito terrível:
Na medida em que as interpretações humanas e imitações cegas são diferem muito, os conflitos e as contendas religiosas surgiram entre os homens; a luz da verdadeira religião foi extinta e a unidade do mundo da humanidade foi destruída. ('Abdu'l- Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 141)Assim, em cada era, as pessoas têm a oportunidade dupla para dar forma à religião: proporcionam a linguagem e os conceitos que os Profetas usam e também controlam, até certo ponto, o que se passa após o falecimento do Profeta. Por este motivo, será sempre difícil saber quanto do que recebemos é parte daquilo que foi ensinado pelo Profeta.
Esta perda natural de inspiração significa que a religião deve ser renovada em cada era, porque num determinado momento no tempo, necessitamos novamente de orientação espiritual. Ainda ouvimos os antigos ensinamentos - mas eles parecem já ser adequados aos tempos, ou nós não somos capazes de adequar os tempos aos ensinamentos. Quando isso acontece, sentimos uma urgência em reconciliar a nossa fé e os tempos.
Quando surge a nova religião, porém, esta nunca é totalmente nova. Cada nova religião deve levar-nos de regresso às antigas raízes da religião – à parte comum e essencial que todas as religiões partilham. Mas, além disso, também deve impulsionar-nos para a nova luz dos nossos tempos. Todo este processo de reafirmação de verdades antigas e crescimento é aquilo que os Bahá'ís designam por Revelação Progressiva. A nova religião pode trazer diferentes leis, costumes, rituais e celebrações; mas nas verdades espirituais essenciais terão sempre mais semelhanças do que diferenças em relação à antiga religião.
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Texto Original: Comparing Religions, Looking for Truth (bahaiteachings.org)
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Tom Tai-Seale é professor de saúde pública na Texas A & M University e investigador de religião. É autor de numerosos artigos sobre saúde pública e também de uma introdução bíblica à Fé Bahai: Thy Kingdom Come, da Kalimat Press
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