segunda-feira, 6 de junho de 2005

Ateísmo numa perspectiva Bahá'í

Recentemente, ano Diário Ateísta, a Palmira colocou-me a questão: porquê o combate ao ateísmo sempre foi o denominador comum de todas as religiões? Aqui fica uma resposta em jeito de reflexão.

A pergunta começa por ser redutora; e como todas as pergunta redutoras é susceptível de mal-entendidos. O que é que podemos considerar como religião? As doutrinas contidas nos livros sagrados? As grandes correntes de pensamento religioso? Modelos teológicos específicos? Organizações e instituições religiosas? A massa dos crentes?

E o que podemos considerar como Ateísmo? Sistemas totalitários como comunismo e nazismo, onde Deus foi substituído pelo Estado? O pensamento humanista ou racionalista? O pensamento clássico de Epicuro de Samos? Ou mesmo uma certa maneira de pensar inerente ao capitalismo financeiro em que Deus é substituído pelo dinheiro, as instituições religiosas pelas empresas e os sacerdotes pelos gestores?

A história está repleta casos em que conceitos religiosos ou ateístas foram levados a extremos a ponto de sufocarem a humanidade. Houve que ditaduras cruéis que foram instituídas sob uma pretensa herança religiosa e autoridade divina; e houve regimes totalitários que se basearam em ideologias políticas que se apresentam como substitutos da religião. Mais do que um conflito entre religião e ateísmo, foram tentativas de controlar o pensamento e a liberdade do ser humano. E os resultados foram sempre trágicos.

Mas deixemos estes conflitos políticos e sociais é passemos para o plano dos ensinamentos originais de cada religião. Qual é a religião cujas sagradas escrituras possuem referências inequívocas ao ateísmo? Usando o Ocean encontrei essas referências apenas nas Escrituras Bahá'ís (e esta, hein?!...). Aqui estão as mais significativas:
Quão grande a diferença entre a glória de Cristo e a glória de um conquistador terreno! É relatado pelos historiadores que Napoleão Bonaparte, no Egipto, embarcou em segredo durante a noite. O seu destino era a França. Durante a sua campanha na Palestina, tinha rebentado uma revolução e o governo interno enfrentava sérias dificuldades. O culto cristão tinha sido proibido pelos revolucionários. Os sacerdotes cristãos tinham fugido aterrorizados. A França tinha-se tornado ateia; prevalecia a anarquia. O navio prosseguiu durante a noite sob o luar. Napoleão caminhava no convés de um lado para o outro. Os seus oficiais, sentados, falavam entre si. Um deles falou das semelhanças entre Bonaparte e Cristo. Napoleão parou e disse em tom severo: "Pensas que vou voltar a França para estabelecer uma religião?"[1]

A filosofia hegeliana que, noutros países tem, sob a forma de um nacionalismo militante e intolerante, insistido em deificar o estado, inculcado um espírito de guerra e incitado ao animosidade racial, tem levado igualmente a um significativo enfraquecimento da Igreja e a uma considerável diminuição da sua influência espiritual. Ao contrário da ousada ofensiva que um movimento ostensivamente ateísta lançou contra ela, tanto na União Soviética como para lá das suas fronteiras, esta filosofia nacionalista, que alguns governantes e governos cristãos têm apoiado, é um ataque directo à Igreja por parte daqueles que previamente eram seus confessos aderentes, uma traição à causa por parte dos seus próprios amigos e parentes. Foi apunhalada por uma forma de ateísmo militante e estranho vindo do exterior, e por pregadores de uma doutrina herética vindos do seu interior. Além disso, estas duas forças, cada uma operando na sua esfera e usando as suas armas e métodos, foram auxiliadas e encorajadas por um espírito de modernismo prevalecente, onde se enfatiza uma filosofia puramente materialista e que, à medida que se espalha, tende cada vez mais a afastar a religião da vida diária do homem.[2]
Uma leitura cuidadosa destes excertos permite-nos perceber que se trata da condenação de uma certa expressão de Ateísmo (aquela em que o Estado substitui Deus, o Governo substitui as instituições religiosas e toda a afirmação do chefe de estado deve ser considerada um dogma inquestionável). Poderíamos dizer que os ensinamentos bahá'ís condenam o Ateísmo como um todo? Certamente que não. 'Abdu'l-Bahá, numa palestra afirmou:
Se a religião se torna motivo de ódio e inimizade, então é evidente que a abolição da religião é preferível à sua promulgação. A religião é um remédio para as doenças humanas. Se um remédio provoca doença, então é aconselhável que seja abandonado.[3]
Reduzir estas frases a meras considerações sobre religião e ateísmo, seria perder o que me parece ser o essencial da sua mensagem: qualquer força social (seja uma organização de cariz político, religioso ou social) que seja um agente de perturbação e aflição da sociedade é condenada pelos Escrituras Baha'is. Aqui é impossível não recordar uma frase de Bahá'u'lláh num entrevista a um académico britânico: "Não desejamos senão o bem-estar do mundo e a tranquilidade das nações". Pegando nesta frase e nas considerações anteriores diria que qualquer instituição que trabalhe para "o bem-estar do mundo e a tranquilidade das nações" é preferível a outra que não tenha esse objectivo.

Na minha interpretação pessoal sobre estas citações e sobre outros ensinamentos bahá’ís, parece-me óbvio que, numa perspectiva bahá’í, é preferível um Ateísmo em que os povos vivem em paz do que uma Religião que lança os povos no conflito. No entanto, a história mostra que as civilizações sempre se desenvolveram à sombra de uma religião; não se conhece uma civilização que tenha subsistido sem uma religião. Por outras palavras, a religião - quando cumpre os objectivos a que está destinada pelos seus Fundadores - tem uma capacidade de transformação da sociedade que nenhuma outra ideologia ou filosofia pode rivalizar. Como disse Bahá'u'lláh, "A religião é o principal instrumento para o estabelecimento da ordem no mundo e tranquilidade entre os seus povos"[4].

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NOTAS

[1] - 'Abdu'l-Baha, The Promulgation of Universal Peace, p. 210.
[2] - Shoghi Effendi, The World Order of Baha'u'llah, p. 182.
[3] - 'Abdu'l-Baha, The Promulgation of Universal Peace, p. 373. Este tipo de comentário foi repetido várias vezes por Bahá'u'lláh e 'Abdu'l-Bahá, encontrando-se registado em vários textos das Escrituras Baha’is.
[4] - Baha'u'llah, Tablets of Baha'u'llah, p. 63.

27 comentários:

João Moutinho disse...

Bem dita a hora em que resolveste fazer este blog!

Anónimo disse...

Esta tolerância é um oásis no deserto.

A raiva e o ódio que acompanham o proselitismo religioso nada têm a ver com a benevolência do «Povo de Bahá» a quem cumprimento com respeito.

Votos de felicidade para este blog que visito com frequência.

O meu ateísmo não se dirige para posições generosas nem para crentes que abdicam de converter os outros por métodos que ultrapassem a palavra.

Elfo disse...

Bom... há trinta anos eu costumava dizer que era tão materialista, tão materialista, que até acreditava em Deus.

Embora tivesse sido sempre hiper materialista, nunca me considerei ateu. Graças a Deus.

Elfo disse...

Depois a Fé Bahá'í aceitou-me tal qual eu era na altura... a defender o comunismo com unhas e dentes.

João Moutinho disse...

Eu quando aceitei a Fé estava no campo oposto, achava o comunismo um ataque à liberdade de cada um, e, acima de tudo, um mal em si mesmo.

João Moutinho disse...

As indicações para os outros blogs despareceram....

Marco Oliveira disse...

"indicações"?
Queres dizer links da coluna da direita? Eu não retirei nada dali...

Alias é estranho que não os consigas ver. Um tipo como tu devia ter experiência em ver com bons olhos coisas à direita!
Ah ah ah ah

Já o Elfo raramente utiliza essa coluna. Provavelmente limita-se a ler o texto na coluna da esquerda!
Eh eh eh eh

João Moutinho disse...

Era um defeito do computador mas a verdade é que deixei de ver a coluna da direita. Na verdade gosto muiro de ir á coluna da direita porque gosto da diversidade. É uma das razões porque nunca apreciei muito aquele pensamento jacobino de dono da razão e justiça.
Mas meu caro, já passei aquela idade dos 30 de maneira que a divisão direita/esquerda já perdeu a graça, já não vejo o mundo a preto e branco.
Já nem divino em bons e maus quando joga o Sporting/Benfica ou Sporting/Porto, a única divisão que ainda faço entre bons e maus é quando joga a nossa selecção, Portugal/Escaranfuchosos.

Anónimo disse...

ESTE BLOG É UM VERDADEIRO OÁSIS DE HUMOR NUM PAÍS DEPRIMIDO...uma anedota.

Elfo disse...

Tenho mesmo de rir com a observação do Marco em relação diferentes perspectivas das coluna em causa.

Quanto aos "tiques" com que se ficam os amigos que vêm das diversas tendências... digamos que se vão esbatendo à medida que vamos polindo o espelho.
Conheci um amigo Bahá'í em Espanha que tinha sido falangista, e, no entanto, aprendi muito com ele e, segundo ele, também aprendeu a ver as coisas de maneira diferente comigo sempre à luz dos ensinamentos Bahá'ís.

Mas eu reconheço os meus tiques de esquerda, de vez em quando.

E, amigo João Moutinho, já tentaram expulsar-me dum café, há muitos anos, pois um clube português estava a jogar com o Dynamo de Kiev, e, eu era o único que torcia pela equipa adversária. Como vês o meu nacionalismo troquei-o por uma coca-cola já há muito tempo.

Marco Oliveira disse...

A vossa religião quando um dia crescer vai fazer com que os poderes instalados se sintam muito ameaçados. Aproveitem a vida enquanto são poucos... quando ficarem com muita visibilidade vão levar porrada de muitos lados.

João Moutinho disse...

Mas Elfo, mesmo que seja o FCP, não é razão para estarmos pelo Dínamo de Kiev ou pelo CSKA.
E não esqueçamos o FCP tem as cores da (verdadeira) bandeira nacional.
A Coca-Cola e Holywood venceram porque os americanos, oa contrário dos pensamentos etitisto-burgueses europeus, sempre acrediatarm que o "povo é quem mais ordena".

Elfo disse...

Ora está esplicado porque troquei a bandeira portuguesa, tenha ela as cores que tiver, por uma coca-cola fresquinha.

E, já reparaste que as cores da nossa actual bandeira foram a inspiração para as cores das bandeiras dos países africanos emergentes no séc XX?

Cá para mim continuo a preferir o branco e... o vermelho, que são as cores do meu Blogg ElfoVerde a vermelho.

Elfo disse...

Amigo F. Cirilo, a Fé Mundial Bahá'í tem crescido de uma foram exponencial desde 1844 até agora já está espalhada em quase todos os países e territórios, é a Religião que mais rapidamente se espalhou pelo planeta em menos tempo.

Não temos, é verdade, um programa porta-a-porta com o qual eu também não concordadria, no entanto, são os nossos amigos através do boca a boca que vão espalhando a "notícia" de que andam por aí uns "gajos" a defender a igualdade entre os homens e as mulheres e que pôem isso na práctica, e, no entanto, não tentam "catequizar" ninguém nem converter os outros às suas idéias.

Mesmo em Portugal já fomos mais. Na minha comunidade eramos cerca de 60 em 1978, isto numa cidadezinha do interior do País, a verdade é que muitos desses amigos partiram para outras localidades e hoje somos muito menos nesta cidade.
Mas os progressos desta cidade devem-se sobretudo a que em determinada altura esta localidade tinha uma comunidade a fazer orações e isso beneficiou toda a comunidade religiosa e laica.

Marco Oliveira disse...

Elfo
Eu já estou a antecipar outros problemas (na hipótese de vocês crescerem, claro!).
Uma pessoa pode mudar de religião. Às vezes isso acontece. O problema serão os padres. Como voces não têm padres, o que acontece é que se um padre quiser mudar de religião, também acaba por perder o emprego. Mudar de ideias pode ser um processo natural desde que a pessoa seja sincera. Mas perder o ganha-pao é mais complicado. Imagina um padre com 40 ou 50 a tornar-se bahai. Ele ia viver de quê? Tás a ver o berbicacho?

Elfo disse...

Amigo Cirilo, isso já aconteceu.

Aliás, o primeiro crente a acreditar no Báb foi mesmo um sacerdote xiita, foi Mullá Husein.
Também já houve sacerdotes cristãos a acreditarem em Bahá'u'lláh e largaram tudo e tiveram de começar uma nova vida com outra profissão.

Por isso na Fé Bahá'í todos têm de trabalhar e ganhar o seu sustento.
Ninguém ganha dinheiro à conta da Fé Bahá'í.

Marco Oliveira disse...

«Por isso na Fé Bahá'í todos têm de trabalhar e ganhar o seu sustento.
Ninguém ganha dinheiro à conta da Fé Bahá'í.»

Desculpem lá o meu cinismo, mas se isto é assim, então vocês estão condenados a ser um pequeno grupo simpático com umas ideias interessantes. O crescimento de qualquer organização religiosa (ou política ou seja o que for) implica sempre um certo grau de corrupção. Não leram O Triunfo dos Porcos?

Ou sendo ainda mais cínico: enquanto vocês não forem um alvo preferencial do Diario Ateista então é sinal que ainda ninguém vos conhece! É triste, mas é a vida!

lb disse...

O comentário do f crílio pode soar cínico, mas concordo com ele.
Embora quero deixar uma esperança de que a fé Baha'i talvez continue a espalhar-se como ideia, como fé.
Mas como religião está condenada, pelo menos à partir de uma determinada dimensão, a criar uma instituição, uma igreja, o que considero o mal das religiôes: A administração da fé, e a normalização do pensamento e do sentimento religioso através do exercício do poder.
À partir de onde a ambição do poder político e económico é um passo lógico, que todas as grandes religiões, que hoje conhecemos, deram.

Elfo disse...

F Cirilo e Lutz

Andei um ano a estudar a Fé Bahá'í antes de me declarar, e um dos livros que li nessa altura(1976/77) foi exactamente O Triunfo do Porcos e a Terceira Vaga.

Mas deixem-me que lhes conte uma história, por favor.

"Havia um Povo que por mais esforços que fizesse não consegui evoluir, e, quando à sua volta os países evoluíam, este ficava sempre para trás. Até que um dia alguém pensou que este povo não evoluia porque não tinha regras, isto é, nem se governava nem se deixava governar, e isto porque não sabiam quando deviam fazer as coisas certas nas horas certas. Horas... matutou o pensador, horas. Pois claro este povo estava numa situação de atraso porque não sabia as horas. Não tinham relógios. Então resolveu construir um enorme relógio de sol para que todos soubessem o que fazer na hora devida.

E este povo evoluiu, evoluiu e ultrapassou todos os povos em conhecimento e fartura.
Foi sendo cada vez mais conhecido em todo o mundo pela sua capacidade para o trabalho e pela sua organização. Os anos passaram e um dia um pensador começou a matutar na origem do progresso deste povo e depois de muito matutar e de conferências organizar chegou à brilhante conclusão que causa do progresso era aquele relógio enorme a que ninguém já dava importância por se ter transformado num objecto do dia-a-dia e do qual já ninguém falava. Assim resolveram que por ser o relógio a causa de tanto progresso, este merecia um lugar de destaque e adoração e assim sendo construiram-lhe um Templo em cima, e, as pessoas passaram a olhar o templo e acharam que magnifico... só que deixaram de se orientar pelo relógio porque este deixou de dar horas."

Elfo disse...

"O Triunfo dos Porcos" de George Orwell
"A Terceira Vaga" de Alvin Tofler

Ambos se enganaram nas suas perspectivas péssimistas de ver a vida e foram largamente ultrapassados pela realidade e pelo bom senso dos seres humanos.

Eu continuo a acreditar na Fé Bahá'í e nos seus ensinamementos, enquanto estes não forem cristalizados pelo tempo e pelo poder.
Por isso na Fé Bahá'í não há Ortodoxias. Entre outras coisas, claro.

Marco Oliveira disse...

Lutz e Cirilo

A evolução e crescimento das comunidades religiosas tem sido objecto de análise por parte de historiadores e sociólogos. Tal como uma planta, as comunidades religiosas germinam a partir de um conjunto de ideias inovadoras, começando por assumir um aspecto insignificante e frágil; mas seguem quase sempre num processo de evolução lenta e consistente. Aos poucos vão-se tornando plantas robustas e acabam por gerar os seus frutos; posteriormente entram num processo de decadência e acabam por cristalizar na forma de dogmas e rituais.

Não sei se a especulação sobre o que pode levar a uma futura possível evolução da religião baha’i nos pode levar a algum lado. É bem possível que o processo de “ascensão e queda” das comunidade religiosas também se venha a aplicar aos baha’is. Mas independentemente das importantes lições que a história nos ensina e daquilo que o futuro nos reserva, parece-me importante tentar perceber aquilo que é hoje a comunidade baha’i e para onde é que os ensinamentos baha’is nos podem levar.

Uma análise - mesmo que superficial - do que tem sido a evolução da comunidade baha’i mostra uma comunidade espalhada por todo o mundo e cujo numero de aderentes em cada país é mais ou menos insignificante. O processo de crescimento tem sido lento e gradual; mas se comparar o que são hoje os baha’is com o que eram há 20 anos, não tenho dúvidas em reconhecer que a comunidade cresceu e amadureceu.

A maioria das adesões que tenho testemunhado têm sido opções conscientes. São decisões bem ponderadas. Felizmente não vi nenhuma “moda” ou “decisão política” por detrás dessas opções de fé.

Claro que a nossa pequena dimensão por vezes chateia; e o ritmo de crescimento até pode ser pouco relevante. E perguntamo-nos: como tornar a Mensagem de Baha’u’llah acessível à massa da humanidade se não usamos nenhuma espécie de proselitismo agressivo? Não prometemos milagres, a salvação ou alívio de todos os problemas materiais e espirituais... Somos apenas somos uma comunidade multi-etnica, espalhada por praticamente todos os países do mundo. E sendo nós uma pequena amostra da família humana tentamos mostrar através do nosso exemplo que o mundo que pode ser uma só país e a humanidade os seus cidadãos

Poderia dizer que estamos a tentar dar forma a uma utopia. De certa forma é um privilégio ser membro desta comunidade religiosa nesta sua fase da sua existência.

Marco Oliveira disse...

Então vou continuar a ser cínico! (hoje estou impossível...)

Antevejo dois cenários possíveis para o fim da vossa “idade da inocência”

1 - Um ou mais, político(s) famoso(s) (ou alguma personalidade muito conhecida) se tornar(em) baha’i(s). A vossa religião torna-se uma necessidade política ou uma moda.
2 - O Papa começar a dizer mal de vocês (ele já condenou o relativismo, que é a base de muitos dos vossos ensinamentos). Isso é que era uma excelente campanha de publicidade!

Qualquer destes cenários abriria sempre caminho para uma conversão em massa. E nas conversões em massa (como em muitas outras actividades massificadoras) as pessoas não pensam muito no que fazem. Isso abre caminho para a corrupção.

Sou mauzinho, não sou? :-)

lb disse...

Elfo e Marco,

não pretendi criticar os Baha'i com o meu comentário. Ainda não sei muito sobre a vossa religião - o que sei, sei através deste blogue, e umas conversas com o Marco. Já uma vez disse, que não vejo defeito na religião baha'i excepto de ser religião. Mas, pelo que percebi, ainda não - e quem sabe, talvez nunca terá - os defeitos das outras grandes religiões que fazem política.

Marco, não desanimes, vocês (tu) estão a fazer um óptimo trabalho através do exemplo. Não há melhor proselitismo do que este. Aliás, é u único proselitismo, se assim se possa chamá-lo, que respeito!

lb disse...

Cirilio, estás a ser engraçado, mas não acredito que seja tão simples.

Importa corrigir o que dizes do relativismo. De que se podia eventualmente acusar os Baha'i - embora isso é sempre caricato acusar uma religião de relativismo religioso! - seria não relativismo mas pluralismo religioso...

Marco Oliveira disse...

Cirilo,
Ficam registadas as tuas previsões. São cenários engraçados. Mas olha que isso das personalidades famosas aceitarem uma religião e isso implicar uma 2conversão em massa" não é assim tão linear.
Não me parece que as pessoas usem sapatos da Nike só porque um qualquer desportista também os usa; as pessoas usam sapatos da Nike porque existe uma forte campanha de publicidade dessa marca.

Lutz,
É importante que qualquer sistema de crença (religioso ou político) seja criticado e questionado. Isso obriga-nos a pensar e a reflectir sobre as nossas convicções. Por isso, as tuas críticas e as questões de outras pessoas que comentam aqui são muito valiosas.

Elfo disse...

Caro Cirilo os cenários que estás a colocar já foram postos em cima da mesa e analisados ao pormenor, e, garanto-te que nessa altura fiquei um pouquinho preocupado. Mas analisemos os casos conhecidos - ou study case , como agora está na moda -. Houve casos na Pérsia em que uma personagem famosíssima - um erudito dentro dos ensinamentos conhecidos no mundo do seu tempo , foi instigada pelo Xá a investigar a Fé Bahá'í com o intuito de trazer uma demonstração demolidora da falsidade desta "crença" nascente, e, sendo esta personagem um lieder de opinião, o seu testemunho teria de ser arrasador para a opinião pública da Pérsia - ainda não se chamava Irão -, e, convincente em relação aos Ayatolas da época.
Bom essa personagem foi tão bem sucedida na sua investigação da Fé Bahá'í que não só não mandou relatório nenhum ao Xá nem aos Ayatolas, como mudou de nome e ficou conhecido na Fé Bahá'í como Vahid, que significa unidade.

Elfo disse...

Meu carissimo Cirilo como já te deves ter apercebido nós não cultivamos o culto da personalidade, assim se um "cromo" vindo da política ou do espectáculo aderisse à Fé Bahá'í a sua área de influência teria de ser diluida no meio dos crentes, pois não tratamos ninguem por Doutor - a menos que seja médico e só em casos muito especiais, tal como uma provecta idade -, ou Engenheiro ou Arquitecto, porque disso há aos montes na Fé Bahá'í. Logo tratam-se as pessoas pelo nome próprio e não pelo que elas desempenham na sociedade. No entanto, quando precisamos de um Arquitecto ou de um Engenheiro sabemos quem eles são, e do que são capazes. Mas isso não lhes dá qualquer predominância sobre os outros crentes.
Somos uma comunidade eclética que actua em todos os ramos da sociedade... menos na política partidária.