Educação
A democracia e os direitos humanos sempre enfrentaram grandes dificuldades em países com elevadas taxas de analfabetismo; isto entende-se se tivermos em conta o papel da informação e das organizações de base nas sociedades democráticas. O artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama que todas as pessoas têm direito à educação. A Convenção dos Direitos da Criança, estabelecida pela UNICEF em 1989, protege vários direitos inalienáveis das crianças, incluindo o direito à Educação.
Na história da humanidade a transmissão de conhecimentos às novas gerações foi sempre um esforço de sobrevivência e desenvolvimento civilizacional. Os mais velhos transmitiam aos mais novos conhecimentos e técnicas que eles necessitariam; e estes por sua vez, transmiti-las-iam à geração seguinte. Durante muitas gerações esta transmissão de conhecimentos fez-se exclusivamente via oral ou através da imitação. Quando os conhecimentos puderam ser transmitidos através da escrita a densidade e o âmbito destes alargaram-se de forma espantosa.
As escolas, tal como as conhecemos hoje, surgiram no Egipto, entre o ano 5000 e o ano 3000 a.C. Durante o século III a.C. surgiram as primeiras escolas no Império Romano (então, República Romana); ali as crianças das famílias mais abastadas eram educadas por escravos gregos. E ao longo da Idade Média, as escolas eram essencialmente geridas por monges e o seu objectivo essencial era formar o clero.
Os sistemas de educação pública surgiram na Europa entre os séculos XVI e XVII [1]. Na década de 1760, por exemplo, a Rússia criou um sistema de ensino público não especializado cujo objectivo era criar "uma nova raça de homens". Na Índia, os britânicos introduziram um sistema educativo semelhante ao seu, durante o século XX; este sistema substituiu um antigo sistema indiano onde se leccionavam várias matérias consideradas importantes ao desenvolvimento integral de um ser humano.
O sistema de ensino publico existe hoje em muitos países do mundo, sendo financiado por autoridades nacionais e/ou locais. O conceito aplica-se à educação primária, secundária e até universitária. O desenvolvimento destes sistemas teve algumas consequências, nomeadamente ao tornar obrigatória a educação para os alunos, ao seleccionar professores e programas, e ao avaliar os resultados obtidos.
A generalização da educação básica é hoje considerada uma prioridade para países sub-desenvolvidos. Entre os seus benefícios contam-se a redução de doenças (devido ao conhecimento de regras de higiene e nutrição), redução do analfabetismo, redução de gravidezes indesejadas, redução da violência (devido à maior capacidade de procura de soluções não violentas para os problemas).
Hoje em dia, a existência de sistemas de ensino público reflectem a convicção geral na necessidade da Educação como instrumento de desenvolvimento social, mas também a vontade de desenvolver os talentos potenciais de cada cidadão. Sem sistemas educativos (públicos ou privados) a sociedade não poderia funcionar ou desenvolver-se adequadamente.
Mas a educação das crianças não é apenas uma tarefa das Escolas; na verdade, os pais são os primeiros educadores; isso é algo que os professores nunca devem esquecer. Hoje é cada vez mais aceite que o envolvimento familiar é um dos aspectos mais importantes no desenvolvimento educativo da criança. Esse envolvimento pode incluir coisas como leitura de histórias, transmissão de valores, desenvolvimento de técnicas de comunicação, exposição a diversas culturas e à comunidade. Vários estudos feitos a Europa e nos E.U.A. mostram uma forte ligação entre o sucesso escolar e o envolvimento familiar na educação das crianças.
A EDUCAÇÃO NAS ESCRITURAS BAHÁ'ÍS
No Médio-Oriente do séc. XIX a maioria das pessoas eram pastores ou agricultores; as taxas de alfabetização eram muito baixas, oscilando entre os cinco e os sete por cento. No início desse século não existiam escolas públicas, e passados cem anos ainda eram relativamente poucas; e mesmo essas eram escolas corânicas, dedicadas a um ensino elementar. A maioria dos alunos era rapazes; as excepções encontravam-se em escolas femininas das comunidades cristãs.
No livro mais sagrado das escrituras Baha'is (o Kitab-i-Aqdas) Bahá'u'lláh afirma que a educação dos filhos (sejam rapazes ou raparigas) é uma obrigação dos progenitores; e noutras epístolas salientou que os pais deveriam reservar parte dos seus rendimentos para apoiar a educação dos filhos.[2]
'Abdu'l-Bahá, ao referir os problemas do Irão, insistiu que a necessidade mais urgente do Irão era a promoção da educação, sem a qual nenhum progresso poderia ser conseguido. Acrescentou que "a educação e as artes da civilização trazem honra, prosperidade, independência e liberdade a governo e ao seu povo", e insistia que esta devia ser obrigatória [3]. Estes princípios foram reafirmados durante as suas viagens ao Ocidente, onde enfatizou a importância da educação das mulheres, frisando que não deveria haver diferenças entre a educação delas e a educação dos homens.[4]
As figuras centrais da Fé Bahá'í perceberam que a educação devia incluir as ciências modernas e outros temas seculares, mas também referiram a importância de ensinar valores. Bahá'u'lláh advertiu contra alguns tipos de educação religiosa que podem instigar fanatismo nas crianças[5]. Mais recentemente, a Casa Universal de Justiça insistiu na importância de ensinar o conceito de cidadania mundial a todas as crianças do mundo[6].
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NOTAS:
[1] - Em 1561, a Igreja Escocesa criou um programa de educação gratuita para os pobres e décadas mais tarde o parlamento escocês introduziria um imposto especial para financia este programa.
[2] - Kitab-i-Aqdas, Parag. 48
[3] - Respostas a Algumas Perguntas, cap. 77
[4] - Promulgation of Universal Peace, pag. 76; Palestras em Paris, pag. 108 (ed. 1979); Selecção dos Escritos de 'Abdul'-Bahá, sec. 96
[5] - Epistolas de Baha'u'lláh, (Palavras do Paraíso), pag. 79 (ed. 1983)
[6] - A Promessa da Paz Mundial: "Atendendo às necessidades dos nossos dias, deveria também ser dada atenção ao ensino do conceito de cidadania mundial, como elemento integral da educação normal de cada criança."
1 comentário:
Dizem hoje as notícias que em Portugal 70% dos trabalhadores têm a instrução primária. E parece que na Europa esse valor anda pelos 15%.
Quem sabe os baha'is podiam fazer alguma coisa nesta área...
Fica a sugestão.
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