A nossa sociedade, incluindo o sector não religioso, aceitou a ideia absurda de que é normal e correcto doutrinar crianças pequenas na religião dos pais e colar-lhes rótulos religiosos - «criança católica», «criança protestante», «criança judia», «criança muçulmana», etc -, embora não o faça com outros rótulos comparáveis: não há crianças conservadoras, nem crianças liberais, nem republicanas ou democratas. Por favor, por favor, vamos despertar as nossas consciências a este respeito e vamos aos arames sempre que ouvirmos algo do género. Uma criança não é uma criança cristã, nem é uma criança muçulmana, é sim uma criança filha de pais cristãos ou filha de pais muçulmanos. Esta última nomenclatura, já agora, seria um óptimo despertador de consciências para as próprias crianças. Uma criança a quem se diga que é «filha de pais muçulmanos» aperceber-se-á imediatamente que a religião é algo que ela poderá adoptar - ou rejeitar - quando tiver idade suficiente para tal. (p. 403)Lembrei-me desta opinião do Professor Dawkins depois de recentemente ter ouvido a expressão «crianças bahá’ís». É algo que não faz sentido. O mais correcto é usar a expressão «criança de família bahá’í». Aliás, a adesão à Fé Bahá’í só é permitida após os 15 anos de idade; espera-se que a partir dessa idade os jovens tenham a maturidade necessária (e a liberdade suficiente) para decidirem por si próprios se desejam ou não ser bahá’ís.
Note-se que isto não representa uma quebra de compromisso com a minha religião, ou um qualquer hesitação na minha fé. Irei tentar passar os meus valores e as minhas convicções religiosas para os meus filhos; se não o fizesse, aí poder-se-ia questionar a minha fé. E se eles um dia se tornarem baha’is, espero que isso seja fruto de uma decisão pessoal - livre e amadurecida -, e não apenas o resultado de pressões externas.
4 comentários:
Pois é.
Eu também já ouvi a expressão 'crianças baha'is'. E confesso que é coisa que me irrita e me afasta de vocês.
Já agora: vamos ter aqui comentários ao livro do Dawkins, à semelhança do que aconteceu com o Sam Harris?
E se as cingíssemos apenas a "crianças", independentemente da opção religiosa dos pais? E estes? Também não estarão a ser rotulados?
E como "classificar" uma família cujo pai é bahá'i e a mãe católica (vice-versa também serve)? E se um for muçulmano e o outro judeu? E um ateu e o outro jeová?
(As combinações podem ser infinitas e são absolutamente aleatórias, por "absurdas" (bombásticas, até!) que possam parecer).
que coisa tão estúpida realmente.
eu até entendo que até a criança querer decidir os pais lhe ensinem a sua religião, afinal as familias devem falar a mesma linguagem, mas deve ser dada a hipotese de escolha em qualquer altura.
não me sinto pior mãe por levar a minha criança à missa e lhe ensinar as orações dos anjinhos porque sei que quando ele quiser aprender outras coisas terá as portas abertas para isso
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