Excerto de um artigo de Margarida Santos Lopes, publicado hoje no jornal Público (caderno P2), intitulado "Rafsanjani: Este ayatollah é o cérebro da "revolução verde"
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O exemplo do vizir
Qom e Khomeini permaneceram influências determinantes na vida de Rafsanjani - mas não as únicas. Em 1967, ainda na prisão, publicou uma biografia de Amir Kabir (1807-1852), o grande vizir reformista do século XIX, que ele admira por ter usado o Ocidente para modernizar a Pérsia. Estranha escolha, para um mullah.
Representante nas negociações para pôr fim a 100 anos de guerra entre os persas e o Império Otomano, Amir Kabir ajudou o Xá Nasrudin (da dinastia Qajar) a subir ao trono e este, agradecido, ofereceu-lhe uma irmã em casamento e o cargo de primeiro-ministro. Nestas funções, reduziu a influência estrangeira nos assuntos iranianos, criou um sofisticado serviço de espionagem, fundou a Darolfonoon, a primeira universidade de estilo europeu, em 1848, apoiou a criação do primeiro jornal persa, Vaghaye al Etefaghiyeh, e tentou abrir no Irão todas as indústrias que então existiam pelo mundo. Por exemplo, fábricas de aço, de armas, de açúcar, de vidro, de chá, de cerâmica, além de estaleiros navais.
Era também o vizir quem definia o salário do Xá. No entanto, quando ousou cortar nas finanças da família imperial, para reduzir as despesas públicas e no âmbito de uma campanha contra a corrupção, Amir Kabir enfrentou a fúria de toda a nobreza. Demitido e forçado a um exílio interno, em Kashan, foi executado por uma ordem que Nasrudin não se lembra de ter assinado porque estava embriagado.
Este foi o destino que teve Siyyid 'Alí-Muhammad ou Bab, o fundador da religião Babí (actual Baha'i), que Amir Kabir mandou matar em 1850. Mas este não é certamente o destino que Rafsanjani quer para si, por muito que admire o vizir reformista.
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NOTA: Neste post, fiz referência a Amir Kabir. Apesar de ser descrito por muitos autores Baha'is como um terrível inimigo, 'Abdu'l-Bahá elogiou o seu empenho no desenvolvimento do Irão.
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