A sabedoria Bahá'í em tempos violentos
Artigo de Homa Sabet Tavangar publicado no Huffington Post (10 de Janeiro de 2011)
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O primeiro mês de 2011 poderia ser o momento perfeito para alcançar a unidade, mas os acontecimentos recentes podem frustrar as esperanças e criar ainda maiores divisões e sofrimentos.
A primeira semana de 2011 testemunhou duas tragédias terríveis separadas por milhares de quilómetros de distância, mas com semelhanças arrepiantes. No Paquistão, em 04 de Janeiro, o governador do Punjab, Salman Taseer, foi morto a tiro em plena luz do dia num bairro comercial de Islamabad. E, no Arizona, em 08 de Janeiro, num Centro Comercial em Tucson, EUA a congressista Gabrielle Giffords foi alvejada com uma bala na cabeça, seis pessoas foram imediatamente mortas, e muitas foram feridas.
Segundo o seviço inglês da Al Jazeera no Paquistão, o líder de um grupo religioso dos estudiosos muçulmanos aconselhou: "Não deve haver nenhuma expressão de dor ou simpatia sobre a morte do governador [Taseer], pois aqueles que apoiam a blasfémia contra o Profeta entregam-se eles próprios à blasfémia ". Taseer tinha sido um crítico aberto da lei de blasfémia do Paquistão, que estava a ser revista após uma mulher cristã ter sido condenada à morte por supostamente insultar o profeta Maomé. Segundo alguns relatos, o alegado assassino de Taseer cometeu o acto violento por causa das pressões dos seus líderes religiosos, para punir severamente aqueles que se recusaram a apoiar leis draconianas contra a blasfémia. O atirador pensava que estava a fazer o trabalho de Deus.
No tiroteio de Tucson, os políticos que usaram expressões como "carregar e apontar", "linha de fogo", e outras imagens violentas não podem ser responsabilizados pelas acções violentas de um jovem doente mental, mas num momento em que culpamos a TV pela obesidade infantil, falta de atenção, comportamentos violentos e outros males sociais, ter maior responsabilidade sobre as consequências da nossa linguagem e das nossas acções não é uma jogada política; é um acto de responsabilidade.
Os dois políticos alvejados eram vozes da razão e da moderação, no Paquistão e os EUA, e admirados pelas suas atitudes conciliadoras, capacidades e paixão pelo serviço. Quantos avisos de alerta precisamos, antes de repensarmos o nosso compromisso em juntar diferentes pontos de vista opostos juntos para o bem comum, de modo que as diferenças não encorajem a violência? Ainda será possível? E neste início de ano 2011, como podemos fazer melhor?
Com muitos exemplos de conflitos crescentes, a unidade exige nada menos do que uma transformação da sociedade e atitudes. Uma dádiva tão preciosa como a unidade - na diversidade, não a uniformidade - será uma vitória dura. Acredito que "O bem-estar da humanidade, a sua paz e segurança são inatingíveis a menos que, e até que, a sua unidade seja firmemente estabelecida". A nossa segurança depende da nossa unidade. Esta citação é de Baha'u'llah, o Fundador da Fé Bahá'í, que passou a maior parte da sua vida na prisão por defender a igualdade, a justiça, a educação para todos, e exortar a humanidade no caminho da paz. Ele afirmou que cada ser humano foi "criado Nobre" apesar muitas vezes voltarmos as costas a essa nobreza; a necessidade básica nesta época da história humana é a união de toda a raça humana. Ele ensinou que se a religião provoca injustiça da tirania, ou hostilidade, então, "seria preferível a ausência de religião."
Para orientar minhas acções pessoais, estas palavras de Bahá'u'lláh sugerem algumas medidas concretas: " Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio. Sê digno da confiança de teu próximo e dirige-lhe um olhar afectuoso e acolhedor. Sê um tesouro para o pobre, uma advertência para o rico, uma resposta ao pranto do necessitado, e preserva a santidade das tuas promessas. Sê recto no teu julgamento e comedido nas tuas palavras. Com ninguém sejas injusto e a todos mostrai brandura. Sê como uma lâmpada para os que caminham nas trevas, um consolo para o triste, um mar para o sedento, um refúgio para o abatido, um sustentáculo e defensor da vítima da opressão."
Fiquei profundamente incomodada com tantos actos de ódio, neste início de ano. Mas em vez de responder na mesma moeda, aqueles de nós que querem a paz podem fazer muito - amar mais profundamente, procurar aprender mais abertamente, servir com mais generosidade, e ser mais consciente dos indivíduos em torno de nós, usando os princípios acima referido como guia. Temos que começar por algum lado.
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