Dr. Ahmed Shaheed |
"A situação dos direitos humanos na República Islâmica do Irão continua a justificar forte preocupação, sem nenhum sinal de melhora", disse Ahmed Shaheed, relator especial da ONU sobre direitos humanos no Irão.
Entre os problemas apontados, o Dr. Shaheed salientou a elevada quantidade de execuções do Irão, a constante discriminação contra mulheres e minorias étnicas, as más condições nas prisões e os limites à liberdade de expressão e de associação. Também acrescentou que as minorias religiosas no Irão, incluindo os bahá'ís, cristãos, muçulmanos sunitas, e outros, "estão cada vez mais sujeitos a várias formas de discriminação legal, incluindo nas áreas do emprego e educação, e muitas vezes enfrentam detenção arbitrária, tortura e maus-tratos".
O seu relatório, que será formalmente apresentado à Assembleia Geral da ONU, dedicou vários parágrafos para a perseguição enfrentada por Comunidade Bahá’í iraniana.
"O Relator Especial continua a observar o que parece ser um padrão de crescentes de violações sistemáticas dos direitos humanos que visam membros da comunidade Bahá’í; estes enfrentam detenção arbitrária, tortura e maus-tratos, acusações de envolvimento em actividades religiosas contra a segurança nacional, restrições na prática religiosa, negação do ensino superior, obstáculos no acesso a emprego na função pública e os abusos dentro das escolas", escreveu.
Bani Dugal, a principal representante da Comunidade Internacional Bahá'í nas Nações Unidas, saudou o relatório, dizendo que forneceu uma imagem clara do que está a acontecer no Irão, e continua a acontecer mesmo desde a eleição do presidente Hassan Rouhani, que fez promessas públicas de melhoria.
"As informações recentes sobre o Irão apresentam detalhes perturbadores indicando que não houve qualquer melhoria", afirmou Dugal . "Na verdade, os relatórios recebidos no nosso escritório, indicam um agravamento da situação dos Bahá'ís no Irão. E notamos que, embora muito tenha sido feito na comunicação social sobre libertações recentes de alguns prisioneiros de consciência, nenhum Bahá’í foi incluído entre eles."
Dugal afirmou: "O que vemos é a continuação das tácticas habituais, tentando iludir a comunidade internacional e para apaziguar a família das nações, enquanto a repressão continua no país com toda a força. A Comunidade Bahá’í no Irão, como muitas outras minorias no país, continua a ser privada dos seus direitos mais básicos, incluindo, o direito de existir como uma comunidade viável. O governo iraniano deve ser responsabilizado por esta hipocrisia e duplicidade".
E prosseguiu: "Na resposta oficial do Irão ao relatório do Dr. Shaheed, o governo afirma que os direitos de cidadania dos seguidores de outras religiões, incluindo os Bahá’ís são totalmente observados".
• Se isto é assim, como é que a onda de discursos de ódio contra os Bahá’ís continua imparável nos meios de comunicação controlados pelo Estado e, na verdade, até se intensificou nas últimas semanas?
• Se isto é assim, porque é que os Bahá’ís comuns enfrentam constante hostilidade cruel para conseguir meios de subsistência elementares e documentos oficiais do governo proíbem explicitamente os Bahá’ís de exercer em dezenas de profissões, apesar de, na prática, eles serem impedidos de muitas mais?
• Se isto é assim, porque é que todas as propriedades da comunidade Bahá’í continuam confiscados e até mesmo cemitérios Bahá’ís não estão imunes à destruição?
• Se é assim, qual é a explicação para o decreto oficial 81 que obriga as universidades a não aceitar estudantes Bahá’ís e porque é que o decreto do governo que expulsa qualquer aluno que se descubra ser Bahá’í ainda em vigor?
• Se isto é assim, porque é que os advogados corajosos que defenderam os Bahá’ís contra a injustiça foram eles próprios lançados na prisão?
• E se isto é assim, porque é o Líder Supremo do país publicou uma fatwa declarando Bahá’ís como " impuros" e pediu que eles sejam sistematicamente identificados e socialmente marginalizados?
Dugal concluiu: "Durante quanto tempo persistirá o governo iraniano na sua duplicidade?"
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FONTE Despite promises, Iran continues to violate human rights, says UN report (BWNS)
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