No decorrer da Segunda Guerra Mundial, quando os nazis começaram a perder grandes batalhas na Europa, Hitler e Himmler aumentaram os seus esforços para exterminar os povos que designavam como "Untermensch" (sub-humanos).
Além dos campos de concentração e de trabalhos forçados, aceleraram as actividades nos "Todeslager" - os campos de extermínio - cuja missão era o extermínio global e industrial de todos aqueles que o regime nazi considerava sub-humanos.
Crianças a caminho do campo de extermínio de Chelmno |
Os seres humanos têm dificuldade em compreender números como estes, ou mesmo como começou tamanha selvajaria. Posteriormente, todos os artistas, escritores, académicos, historiadores, cineastas e cronistas do Holocausto (ou Shoah, como é referido por muitas pessoas) ao enfrentar a imensidão de um mal tão incompreensível e desumano, questionaram-se se seria possível descrevê-lo ainda que de forma vaga.
Uma história da jornalista e escritora húngara Renée Szanto-Felbermann no seu livro de memórias Rebirth, apresenta a dimensão humana dessa tragédia monstruosa, revelado a odisseia de dois amigos improváveis:
O primeiro novo Bahá'í que nos encontrou após o fim da guerra foi um jovem estudante de medicina ...
Durante a guerra, quando tinha dezoito anos, teve que trabalhar num batalhão de trabalhos forçados devido à sua origem judaica, e foi deportado para Weimar Neustadt, na Áustria... Ali encontrou um Bahá’í da Polónia, um homem de grande cultura, que lhe falou de Bahá'u'lláh e da Fé Bahá'í e lhe deu a força moral para suportar os terríveis sofrimentos a que todos eram submetidos. No fim, já não tinham nada para comer. Estavam a deixá-los morrer à fome e tinham sido seleccionados para serem levados para as câmaras de gás em Auschwitz. O rapaz estava tão fraco que pensou que ia morrer. O Baha'i polaco ainda tinha uma cenoura que tinha arrancado num campo e guardava-a como uma última reserva. Ofereceu a cenoura ao seu jovem amigo, dizendo: "Eu sou muito mais velho que tu e já vivi a minha vida; a tua ainda está à tua frente. Toma esta cenoura, talvez salve a tua vida e te lembres de Bahá'u'lláh." A cenoura permitiu ao jovem ter forças para prosseguir e procurar água. De repente ele viu-se frente a frente com um conhecido húngaro de ascendência alemã, agora soldado envergando um uniforme alemão. "O que estás a fazer aqui?", perguntou-lhe surpreendido. Depois de ouvir a sua história, disse-lhe: "Vem depressa… posso salvar-te. Tenho aqui um camião e estou prestes a regressar a Budapeste. Escondo-te no camião e levo-te de volta."
E foi assim que ele escapou.
O Bahá'í polaco, juntamente com os outros membros do batalhão de trabalhos forçados, foi levado para Auschwitz onde todos pereceram. (Rebirth, p. 160)
Nazis efectuando estudos antropométricos na Índia |
Os ensinamentos Bahá’ís abordam directamente esta questão fundamental. Os Bahá’ís acreditam que um Criador bondoso e amoroso abomina o sofrimento humano; mas Ele deu-nos livre arbítrio para que possamos traçar os nossos próprios destinos. Os Bahá’ís acreditam que a humanidade tem a responsabilidade de pôr um fim trazer a um mal endémico. Os Bahá’ís também acreditam que os seres humanos estão num momento do espiritual e físico - e que, se nos concentramos na nossa vida interior e na nossa realidade espiritual, elevaremos aquilo que os seres humanos podem ser e fazer; mas se ignorarmos as nossas almas e permitirmos que o ódio governe os nossos corações e mentes, iremos afundar-nos nas profundezas da depravação, a um nível inferior ao mais cruel dos animais:
No homem há duas naturezas; a sua natureza espiritual ou superior e a sua natureza material ou inferior. Numa ele aproxima-se de Deus e na outra ele vive apenas para o mundo. Sinais de ambas as naturezas encontram-se nos homens. No seu aspecto material, ele expressa falsidade, crueldade e injustiça; tudo isto é resultado da sua natureza inferior. Os atributos da sua natureza divina surgem no amor, na misericórdia, na bondade, na verdade e na justiça; todas são expressões da sua natureza superior. Cada bom hábito, cada qualidade nobre pertence à natureza espiritual do homem, enquanto todas as imperfeições e acções pecaminosas nascem da sua natureza material. (‘Abdu'l-Bahá, Paris Talks, p. 60)Os nazis foram derrotados por um enorme esforço global na Segunda Guerra Mundial, mas a sua ideologia de supremacia racial existe nas naturezas inferior de muitas pessoas. Os ensinamentos Bahá'ís apresentam um plano para a humanidade em que se apela à eliminação desses preconceitos e ódios.
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Texto original em inglês: Sub-Human
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David Langness é jornalista e critico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site BahaiTeachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
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