Por Kenneth E. Bowers.
Considera
o passado. Quão numerosos, nobres e humildes, em todos os tempos, aguardaram
ansiosamente o advento dos Manifestantes de Deus na pessoa santificada dos Seus
Eleitos. Quantas vezes esperaram a Sua chegada, quantas vezes oraram para que
soprasse a brisa da misericórdia divina, e surgisse a Beleza prometida por trás
do véu da ocultação, e se manifestasse a todo o mundo. E sempre que os portais
da graça se abriram e as nuvens da dádiva divina lançaram chuva sobre a
humanidade, e a luz do Invisível brilhou no horizonte do poder celestial, todos
eles O negaram e se afastaram do Seu rosto - o rosto do próprio Deus. Para
verificar esta verdade, procura aquilo que foi registado em todo o Livro
Sagrado. (Bahá’u’lláh, O Livro da Certeza, ¶3)
Nos dias imediatamente seguintes à crucificação de
Jesus Cristo, pode ter parecido à maioria das pessoas que Ele tinha sido apenas
um impostor, talvez um dos muitos que tinham proferido afirmações semelhantes e
que, no fim, receberam o devido castigo. Aparentemente, os poderes existentes
saíram vitoriosos: o “Messias” estava morto, os que lhe eram próximos estavam
desmoralizados e escondidos; e os que mostraram simpatia pela sua mensagem
encontravam-se silenciados e desiludidos.
Essa apreciação, porém, não considerava o verdadeiro
poder de Cristo, que nasceu do Espírito Santo, e que não podia ser reconhecido
de acordo com os padrões normais. Esse poder espiritual, actuando primeiramente
sobre o seu pequeno grupo de discípulos, conseguiu transformar os primeiros Cristãos
em gigantes espirituais cujas proezas estabeleceriam com sucesso a nova fé em
todos os locais do mundo antigo. E com o passar do tempo, essa mesma força
transformaria uma comunidade pequena e perseguida - que primeiramente era uma
entre uma multidão de cultos e seitas contemporâneas - numa grande religião
mundial. Afinal, Cristo triunfou.
Hoje, milhões de pessoas acreditam que Cristo tinha
uma autoridade e um poder vindos de Deus. Os Seus feitos e os dos Seus
seguidores - apesar da sua total falta de recursos materiais, autoridade
política ou prestígio mundano - são hoje considerados pelos crentes como prova
da Sua condição divina.
É importante lembrar que
esta perspectiva histórica nos dá uma grande vantagem sobre as pessoas do mundo
antigo. Pouquíssimas pessoas nos primeiros dias - até ao século II EC - seriam
capazes de prever o futuro que estava reservado para a sua fé.
Provavelmente a seguinte pergunta ocorreu à
maioria dos Cristãos e é tema incontáveis homilias e sermões: Em que é que eu
teria acreditado se fosse vivo no tempo de Cristo?
É uma coisa séria que nos faz pensar. Quantos de
nós teríamos reconhecido nosso Senhor e Salvador, num carpinteiro de Nazaré,
durante a Sua vida ou em qualquer momento durante os dois séculos que se
seguiram? Teríamos ficado sensibilizados pela história da Sua vida e
ensinamentos, ou tê-Lo-íamos desprezado? Teríamos aceitado a explicação dos
Evangelhos sobre como Ele cumpriu as promessas dos antigos profetas, ou
ter-nos-íamos apegado às nossas próprias noções de como essas promessas
deveriam ser cumpridas? Os nossos corações seriam tocados pelo Seu amor, pelo
Seu sofrimento e pelo Seu sacrifício; ou, como a maioria dos outros, teríamos
ficado indiferentes?
Muitas vezes, estas perguntas levam-nos a outra:
se Ele voltasse hoje à terra em circunstâncias semelhantes, seríamos capazes de
O reconhecer, ou falharíamos nesse teste?
Os feitos do Báb, a Sua personalidade, os seus
ensinamentos e as suas provações apresentam um paralelo notável com a vida de
Jesus de Nazaré. O Bab proclamou-se Mensageiro de Deus. Os Seus ensinamentos
eram espiritualmente profundos e desafiadores. Durante a Sua própria vida, Ele
atraiu para a Sua Causa milhares e milhares de seguidores devotados, muitos dos
quais - tal como os primeiros cristãos - demonstrariam com o seu próprio sangue
a sinceridade da sua fé.
Jovem, corajoso e dócil, o Báb possuía uma
natureza afectuosa que exercia uma influência magnética e transformadora sobre
aqueles com quem contactava. Realizou um ministério breve e tumultuoso com uma
determinação implacável e - para muitos observadores - com um desprezo quase
imprudente pela Sua própria segurança pessoal. Embora não fosse rico e não
pertencesse a uma das classes instruídas ou dominantes, Ele - graças ao poder
divino da Sua personalidade e da Sua palavra - fundou uma nova fé que desafiou
as tradições e os dogmas da ordem existente.
O Báb foi forçado a viajar sem destino ao longo do
Seu ministério. Experimentou a adulação das massas, apenas para, no final,
vê-las voltarem-se contra Ele. Foi o alvo da ira dos poderes estabelecidos - em
especial do clero. Nos últimos meses, foi interrogado pelos mais altos
funcionários, religiosos e governamentais, que mais tarde proferiram a Sua
sentença da morte. Finalmente, sofreu uma execução pública cruel, recusando-Se
até ao fim a renunciar às Suas afirmações ou comprometer a Sua doutrina.
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Texto Original: In the Time of Christ, Would I Have Believed?
(www.bahaiteachings.org)
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Kenneth E. Bowers é autor do livro “God Speaks
Again” e vive com a família em Chicago. Actualmente é membro da Assembleia
Espiritual Nacional ds Estados Unidos
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