segunda-feira, 30 de junho de 2008

Richard Dawkins e A Desilusão de Deus (4)

AINDA SOBRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

No livro "A Desilusão de Deus" ("Deus, um delírio", na edição brasileira) o Professor Richard Dawkins, ao abordar a reacção das religiões face ao progresso científico, cita Carl Sagan:
Como é possível que nenhuma das grandes religiões tenha olhado para a ciência e concluído: «Isto é melhor do que pensávamos! O universo é muito mais vasto, mas misterioso, elegante e magnífico do que os nossos profetas disseram»? Em vez disso, dizem: «Não, não, não! O meu deus é um deus pequeno e eu quero que continue assim.» Uma religião, velha ou nova, que realçasse o esplendor do universo tal como ele nos é revelado pela ciência moderna, estaria em condições de mobilizar reservas de reverência e de espanto dificilmente suscitadas pelos credos convencionais (p. 37)
Aprecio duplamente estas palavras de Carl Sagan. Por um lado sou um admirador da sua obra e considero-o um dos mais extraordinários divulgadores da ciência no século XX. Pertenço àquela geração que ficou embriagada com a série Cosmos, e ainda hoje revejo com imenso prazer os episódios dessa série. Por outro lado, como Bahá'í aprecio o cepticismo de Carl Sagan em relação às concepções tradicionais de Deus e a diversos ensinamentos religiosos.


Temos que reconhecer que no relacionamento ciência-religião, a Fé Baha’i tem uma vantagem enorme em relação a outras religiões, pois apareceu quando os benefícios do progresso científico eram uma evidência. As outras grandes religiões mundiais têm tido dificuldade em adaptar-se à inovação e ao conhecimento científico moderno. É também um sinal de que cada religião tem o seu tempo.

O elogio da ciência e da razão repete-se nas escrituras Bahá’ís. Veja-se este pequeno excerto das Escrituras de Bahá'u'lláh onde é feito o elogio do conhecimento e dos cientistas:
O conhecimento é como asas para a vida do homem; é uma escada para a sua ascensão. A sua aquisição é uma incumbência a cada um. No entanto, o conhecimento dessas ciências deve ser adquirido de forma a poder beneficiar os povos da terra; e dessas que começam com palavras e terminam com palavras[1]. Grande, em verdade, é a condição dos cientistas e dos artífices entre os povos do mundo... Na realidade, o conhecimento é um verdadeiro tesouro para o homem, e uma fonte de glória, de graça, de êxtase de enaltecimento, de louvor e alegria para ele.[2]
Na verdade, a ciência é melhor do que muitos pensam; e o universo é incrivelmente fascinante, misterioso e imenso. Esse esplendor do universo, esse vislumbre da fascinante caminhada de evolução tecnológica e científica que ainda mal começamos, encontrei-o nas Escrituras Baha’ís.

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NOTAS:
[1] - Na minha opinião isto é uma referência à teologia especulativa.
[2] - Bahá'u'lláh, Epístolas de Bahá'u'lláh, Tajalliyat

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Marco!!
Eu achei bastante intrigante o livro e assim como você eu sou da mesma geração de Cosmos de Carl Sagan e se me lembro bem não perdia um episódio.
Eu creio que Ciência e Religião não estão em conflito, pelo contrário, ambas se completam mutuamente.Indiferente ao credo ou religião. É salutar observar que no meio acadêmico,científico, de onde eu provenho,não se pode sequer mencionar o nome de Deus sob pena de você ser ridicularizado publicamente. Sob a alegação de a Ciência na sua concepção ser atéia. Não cabendo lugar a Deus. Isso me deixa muito aborecido. Devido ao fato de eu como já disse não ver conflito entre as duas coisas;
Entretanto, são coisas do meio científico.
O livro é bastante interessante.
Um grande abraço do seu amigo e parabéns pelo seu blog que é muito bom;
Jansen Coutinho-Belo Horizonte-MG-Brasil.