terça-feira, 1 de março de 2011

O Império Otomano

Foi com muito agrado que li (a expressão exacta seria “devorei”) o livro de Donald Quataert, O Império Otomano: Das Origens ao Século XX. Como a maioria dos portugueses, pouco ou nada sabia sobre o Império Otomano. Tanto quanto me lembro, os otomanos apenas surgiram como personagens secundárias na disciplina de História no ensino secundário; eram “piratas” vindos do Mar Vermelho que o Afonso de Albuquerque derrotara.

O Império Otomano surgiu no Séc. XIII e existiu até ao final da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos mais importantes estados não europeus, tendo desempenhado um papel importantíssimo na história dos povos mediterrânicos. Os seus domínios estendiam-se dos Balcãs à fronteira persa, da Crimeia ao norte de África. Neste livro, Quataert analisa o império nas suas vertentes sociológica, administrativa, económica e política - relações internacionais, comerciais, estruturas de governo, economia, sociedade -, em especial desde 1700 até à sua queda, em 1923. O texto é acompanhado de alguns mapas, ilustrações e quadros genealógicos e cronológicos, muito úteis para estudantes e não-especialistas.

Para um Bahá’í, o livro de Quataert tem uma vantagem evidente: ajuda-nos a perceber o ambiente político, social e económico em que viveram Bahá’u’lláh e o pequeno grupo de exilados que O acompanhavam. Lembro que o fundador da Fé Bahá’í passou a maior parte da Sua vida Exilado no Império Otomano; nas Escrituras Bahá’ís encontram-se várias referências ao mundo otomano: os seus governantes, as suas cidades, as suas instituições e os seus hábitos culturais e sociais.

Depois de compreender um pouco daquele mundo otomano em que viveu Bahá’u’lláh, surgem algumas questões: O que pensaria Bahá'u'llah do Tanzimat? De que forma o relacionamento dos Otomanos com potências estrangeiras, influenciou a situação de minorias étnicas e religiosas no Império? Como foram recebidas as convulsões internas no Império (a revolta Urabi no Egipto, por exemplo) pelo grupo de exilados? Que contactos terão existido entre os Baha’is e políticos e intelectuais reformistas otomanos?

Esperemos que futuros historiadores sejam capazes de dar resposta a estas e outras questões semelhantes.

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Sobre o Império Otomano, talvez interesse ler este texto:
O Mundo Otomano, no olhar de Eça de Queirós

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