terça-feira, 8 de novembro de 2011

Baha’i: uma Fé do Século XXI

Artigo de Rob Sobhani, publicado no Huffington Post
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O homem em pé à minha direita estava um pensionista de Moscovo cujo avô tinha estado na Segunda Guerra Mundial. À minha esquerda estava um arquitecto da Tasmânia com a sua esposa e filhas. Imediatamente atrás de mim estava o director tecnológico de uma grande empresa de energia. E à minha frente estava uma professora do Uganda. O que trouxe estes e outros de todo o mundo para Israel neste dia ensolarado de Outubro foi a sua firme crença num determinado conjunto de princípios. Entre elas estava uma crença na unidade do homem. No espírito do poeta persa Saadi do século XIV, que disse "A humanidade é toda de um único ramo", esta multidão encontrou a unidade na diversidade. O russo, o mexicano, o africano, o árabe, o israelita, o americano, o europeu e o australiano encontraram um traço comum na sua diversidade: a crença de que estamos todos unidos pela nossa unicidade. Este ideal, pensei, seria certamente uma maneira de começar a acabar com o preconceito entre as nações.

Outro ideal fundamental partilhado por este grupo colorido proveniente de todo o mundo era a educação universal: a crença de que a educação é um direito humano fundamental e o maior igualador do mundo. Se a Costa Rica exporta de chips de computador em vez de imigrantes ilegais para os Estados Unidos é porque investiu na educação. E se os países que lutam contra os desafios do subdesenvolvimento investissem na educação encontrariam a chave do crescimento e da prosperidade. De particular interesse para mim foi o comentário do arquitecto da Tasmânia de que homens e mulheres têm de ser ambos educados, e na realidade, se uma família dispõe de recursos reduzidos deve investir na educação dos membros femininos da família, porque a mulher desempenha um papel mais importante nos anos de formação da vida de uma criança. Esta ênfase na educação lembrou-me os biliões que foram desperdiçados em países como o México e a Nigéria, onde se investiu nos petro-dólares, em vez de investir na educação dos seus jovens. O México e da Nigéria enquanto países potencialmente prósperos podem florescer se os seus dirigentes mudarem as suas prioridades para a educação de todos os seus cidadãos.

O facto de que a ciência e a religião deverem progredir em conjunto foi outro princípio de fé muito interessante partilhada pelos presentes neste encontro. Ao expor a importância da ciência ao lado da religião esses crentes expurgaram a superstição do seu sistema de crença. Além disso, eles reconhecem que num mundo moderno em que as células estaminais podem salvar vidas, as crenças religiosas não devem impedir as descobertas científicas, nem a ciência deve dissociar-se de apoios espirituais. O mesmo princípio se aplica ao meio ambiente. O professor de Uganda fez uma observação muito interessante: "Se aproveitarmos o poder da luz (energia solar) de Deus para electrificar toda a África, então teremos casado a ciência com a religião."

Serviço à humanidade, simultaneamente ao nível macro e micro, fazia parte integrante da vida diária dos presentes. Por exemplo, uma senhora dos EUA começou a visitar uma comunidade hispânica em Montgomery County, Maryland, chamada Spiceberry. Aqui, ela e outros jovens voluntários deram aulas para os jovens do bairro sobre capacitação e assumir responsabilidades na comunidade. Esta ênfase na responsabilidade era de grande interesse para mim, porque na cultura de hoje, de auto-indulgência e desviar as culpas para os outros, assumir responsabilidade pessoal é refrescante. Outra jovem contou a história de uma aldeia em África, onde as mulheres trabalhavam e os homens bebiam e abusavam das suas esposas. Ela iniciou um pequeno programa para resolver este problema, primeiramente pedindo aos homens para fazer deixar de beber apenas durante um dia. Esse primeiro dia deu-lhes a percepção de que suas esposas realmente trabalhavam muito. No segundo dia foi-lhe pedido que não fossem à aldeia comprar álcool, o que fizeram. Ao terceiro dia esses homens, que agora estavam sóbrios, decidiram contribuir e ajudar as suas esposas. E no final os homens tinham assumido a responsabilidade pelo cultivo de uma grande parcela de terra, cultivando frutas e vegetais, criando assim um meio de vida sustentável para si e para as suas famílias.

E quando me lembro da crise económica global que a Europa e os EUA enfrentam, o ethos de "trabalhar muito, e retribuir ainda mais" para a sociedade veio à minha ideia. Aquelas pessoas de todo o mundo estavam unidas na crença de que é importante trabalhar muito, ser auto-suficiente e tornar-se próspero no processo, mas que o capitalismo exige uma consciência. Por exemplo, enganar clientes fazendo-os assinar empréstimos que eles não podem pagar é moralmente repreensível e corrói a base fundamental das transacções económicas: a confiança. "A nossa fé diz-nos que a fidedignidade é a base de todas as virtudes humanas", disse-me o pensionista de Moscovo.

Apesar de eu não ser membro deste grupo fé, ocorreu-me que o século XXI pode certamente usar estas mensagens e ensinamentos universais. As pessoas que se reuniram nesse dia de Outubro, no Monte Carmelo eram os membros da Fé Bahá'í.

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FONTE: Baha'i: A 21st Century Faith, (Huffington Post)

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