Poucas semanas após os EUA terem responsabilizado Bin Laden e a Al-Qaeda pelos terríveis atentados do 11 de Setembro questionei-me sobre a existência da Al-Qaeda. Na verdade, parece-me mais plausível que existam vários grupos do tipo da Al-Qaeda, e vários Bin Ladens. Alguma destas organizações terroristas poderão inclusive estar a competir entre si na dimensão dos estragos e do terror que lançam sobre o mundo civilizado.
No entanto, a administração americana e alguns media vão insistindo na ideia que tudo quanto seja terrorismo vindo do mundo árabe está de alguma forma associado à Al-Qaeda e a Bin Laden.
Ao reduzirem a fonte da ameaça terrorista a dois ou três dirigentes e a uma organização, poderemos estar a criar a impressão que uma vez mortos, ou capturados, esses dirigentes, a ameaça terrorista diminuirá significativamente. Por outras palavras, se dermos um golpe certeiro na cabeça da cobra, esta morre.
Creio que a ameaça terrorista não pode ser representada por uma cobra, nem por uma cobra com várias cabeças, mas sim por várias cobras. Estas cobras podem-se morder umas às outras, mas também podem disputar a mesma presa.
Deste modo, se um dia, Bin Laden e outros dirigentes da dita Al-Qaeda forem mortos ou capturados, o mundo civilizado não poderá respirar de alívio. Provavelmente outros ataques terroristas se seguirão e darão novamente a sensação de insegurança; e tudo começará de novo.
A situação que hoje vivemos hoje poderia ser comparada a um homem que está fechado num quarto às escuras com várias cobras. As cobras vão mordendo o homem e ele vai tentando matá-las. O combate pode arrastar-se durante muito tempo. Mas persistirão sempre duas questões: De onde virá o próximo ataque? Quantas cobras ainda existem?
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