Ao longo dos últimos anos a Universidade Lusófona, de Lisboa, tem vindo a realizar os colóquios "Macau e a Ásia Oriental". Estes encontros, que têm merecido a atenção da Presidência da Republica e da membros e diferentes do governos, têm servido como plataforma de diálogo entre diversas personalidades e instituições cuja actividade e interesses estão ligados às relações entre Portugal e a China.
Este ano, o encontro terá lugar nos dias 14 e 15 de Dezembro. Os colóquios a realizar centram-se em três grandes áreas científicas: Cultos e Culturas, Economia e Sociedade; Ciência e Tecnologia. Transversalmente a estas áreas científicas, o tema de referência dos colóquios deste ano será "Macau como local de paz e de refúgio numa região conturbada".
Como nota de curiosidade – e a propósito deste tema de referência – diga-se que o mais conhecido refugiado que passou por Macau foi o Dr. Sun-Yat-Sen. Natural de uma pequena aldeia a 30 km de Macau, foi nesta cidade que passou a sua infância. Em adolescente viajou para os Estados Unidos onde estudou Medicina. De regresso à China foi alvo de perseguições políticas, tendo procurado refúgio em Macau. Ali, valeram-lhe muitas amizades e cumplicidades, que permitiram frequentes mudanças de domicílio e frustraram as buscas policiais.
Algumas notas históricas
A cidade de Macau foi construída pelos portugueses em torno do santuário da deusa A-Ma, onde existiam algumas cabanas de pescadores. A sua fundação oficial refere a data de 1543, quando foi nomeado pelo governo imperial o primeiro mandarim para a cidade, na qualidade de "Senhor do Porto". Conforme o modelo de administração confuciana, havia dois governadores chineses em Macau, que enviavam relatórios independentes para a capital, não havendo habitualmente governador português. A comunidade não-chinesa era governada pelo Senado da Cidade.
Todos os anos invernava em Macau, a caminho de Nagazaki, a "nau do trato", que fazia comércio com o Japão. O comandante daquele navio exercia funções de governador enquanto permanecia na cidade.
Os portugueses faziam nessa época o comércio entre a China e o Japão, proibido aos nacionais dos dois países, e para isso fundaram no sul do Japão, em 1570, a cidade de Nagazaki. Ao contrário de Macau, onde a permanência portuguesa foi sempre precária, pagando anualmente o chamado "foro do chão", o território de Nagazaki foi oferecido pelo "daimio" local aos portugueses, e a cidade planeada de raiz. Embora a velha Nagazaki tenha desaparecido na II Guerra Mundial, o plano renascentista da sua urbanização pode ainda hoje ser consultado nos arquivos portugueses em Lisboa.
O comércio entre a China e o Japão foi, durante vários anos, feito exclusivamente entre as cidades de Macau e Nagazaki, facto que gerou enorme prosperidade e riqueza para ambas.
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