quarta-feira, 30 de março de 2005

"Não sou de esquerda, nem de direita; sou do 4-3-3"

José Mourinho é o tipo de pessoa que dificilmente deixa alguém indiferente. Ouvi falar dele pela primeira vez quando era tradutor de Bobby Robson no Sporting e foi despedido pelo então presidente Sousa Cintra. Desde então foi crescendo e evoluindo, sendo hoje uma figura sobejamente conhecida no mundo do futebol. É verdade que se ele tivesse treinado o Sporting, talvez eu tivesse apreciado o seu talento mais cedo. É assim mesmo: quando se fala de futebol, sou faccioso!

A primeira vez que admirei o seu conhecimento foi durante o Euro 2004, quando comentou um jogo de Portugal; ao contrário dos tradicionais comentadores, as suas palavras eram esclarecedoras sobre as opções tácticas e os méritos de cada jogador português em campo. Lembro-me que nos dias a seguir a esse jogo, muitos colegas e amigos referiam que tinham aprendido muito com os comentários do Mourinho.

Depois seguiu-se este sucesso em Inglaterra. Deu um certo gozo, ver um Português triunfar daquela maneira. É giro saber que os jogos do Chelsea têm uma audiência na TV Portuguesa semelhante aos jogos dos “três grandes”.

Nesta semana, a SIC e a RTP surpreenderam-me com reportagens sobre a visita do treinador português a Israel. Feita a convite do Centro Peres para a Paz esta visita incluiu várias actividades, nomeadamente palestras para treinadores israelitas e palestinianos, e actividades com crianças israelitas e palestinianas. Retive uma frase dele que parece reveladora de uma certa humildade: "O futebol é muito menos importante do que certas causas como a Paz"; e no Haaretz encontrei outra frase a reter: "Não sou de esquerda, nem de direita; sou do 4-3-3".

Fico feliz pela mensagem que Mourinho transmitiu e pelo gesto que teve em prol do entendimento entre israelitas e palestinianos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esse teu facciosismo pelo Sporting ainda te vai trazer muitos desgostos.
:-)

O Mourinho foi mais sensato que o Saramago, que quando abriu a boca sobre o conflito israelo-palestiniano apenas lançou mais achas para a fogueira.

F.