sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Bagão Felix

É obvio que nenhum crente deve impor a sua fé ou prática religiosa a outrem. Mas de igual modo e ainda que sob a capa de "neutralidade" (não confundamos neutralidade com imparcialidade...), nenhum ateu ou agnóstico deve impor o seu ateísmo ou agnosticismo como regra para os outros. Ou será que ser ateu ou agnóstico confere - para a tal neutralidade objectiva – algum estatuto superior e prévio?

António Bagão Felix, Público, 09-Dezembro-2005

Comentário:
É verdade que nenhuma crença (seja maioritária, ou não) possui esse estatuto superior e objectivo no que toca à aplicação da lei da liberdade religiosa. Creio que o organismo mais imparcial e neutro que talvez exista seja a Comissão da Liberdade Religiosa.

A retirada dos crucifixos das escolas públicas surgiu nos media como resultado de uma iniciativa da Associação Republica e Laicidade (fazendo com isso despertar o fantasma jacobino e anti-religioso da Primeira República). Teria sido preferível que a Comissão da Liberdade Religiosa tivesse sido ouvida sobre a matéria. Talvez este episódio sirva para relembrar o Governo da importância desta Comissão e remediar a tremenda falta de meios com que esta trabalha.

1 comentário:

Marco Oliveira disse...

Ao longo da história o ser humano foi tendo diferentes concepções da realidade. Houve uma concepção teocêntrica (em que tudo é feito e vivido em função de Deus), uma concepção antropocêntrica (onde o próprio homem é o centro da existência), e mais recentemente uma concepção niilista (onde a realidade é entendida como não tendo qualquer centro fulcral).
Não acredito em movimentos cíclicos; por isso não acredito que algum dia voltemos às antigas concepções teocêntricas dos nossos antepassados. Prefiro acreditar em movimentos evolutivos. Assim, acredito que vamos evoluir para uma concepção teocêntrica, mas substancialmente evoluída em relação à anterior.